Faz o que eu digo, não faças o que eu faço!

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço!

Faz o que eu digo, não faças o que eu faço!

Muitos de nós crescemos a ouvir a frase “faz o que eu digo, não faças o que eu faço!“.

Acontece que este lema face a uma criança pequena não resulta. A criança é um orgão sensório que através dos seus sentidos absorve os gestos, o fazer, o movimento, o ambiente ao seu redor.

Os pais devem educar através do exemplo

Quantas vezes nos deparamos com as crianças na sua brincadeira livre a imitarem-nos? A serem o nosso espelho? Elas estão na fase de pura imitação. Isso significa que nós somos o exemplo. Quer seja em casa ou no Jardim de Infância, o adulto tem um papel preponderante e logo de extrema responsabilidade. Na verdade, temos a responsabilidade de ser um exemplo digno de imitação.

Claro que as palavras existem e que com elas também comunicamos com as crianças. Contudo, devemos optar por palavras e mensagens claras, verdadeiras e com sentido. Assim, a criança consegue crescer confiante que o mundo é BOM.

Não se verbaliza mas se na verdade queremos ser o exemplo, queremos que elas façam o que fazemos e não o que dizemos.

Muitas coisas que falamos, para uma criança pequena, cai em saco roto. Pois estamos a intelectualizar o que poderia ser um gesto, um movimento. Se nós adultos pensarmos sobre uma situação específica em que a criança não faz o que dizemos, podemos chegar à conclusão que nós, possivelmente, enquanto adultos também não damos esse exemplo. Ou a situação contrária, quando por exemplo dizemos à criança que não pode ver mais televisão ou jogar mais um jogo de playstation e nós passamos o dia em frente à TV ou em trabalho Online. Por vezes entramos em contra-senso e isso traz confusão para a criança.

A minha filha mais nova, durante o meu trabalho em tempo de isolamento, todo ele através de reuniões no computador, chega ao pé de mim com um pedaço de cartão dobrado e algumas letras e caras desenhadas e diz-me: “Vês mãe? Também estou numa reunião”. Com certeza quem evita todo o tipo de tecnologia vê os filhos reproduzirem outras brincadeiras.

Metodologia Waldorf – Faz o que eu digo, não faças o que eu faço!

No Jardim de Infância Waldorf damos muita importância ao fazer, principalmente actividades artísticas e de cuidar a casa. Assim a criança também ganha a percepção de que por exemplo aquela alface que ela está a comer foi plantada, regada, colhida, lavada e temperada e que ela teve a felicidade de participar de todo este processo. Seria bem diferente se lhe disséssemos qual tinha sido o caminho da alface até chegar à nossa mesa. Agora não é só uma alface é amor em forma de alimento.

Acima de tudo, as coisas (sejam elas palavras ou ações) devem fazer sentido.

Quantas vezes ouvi Educadores pedirem às crianças para falarem mais baixo… aos gritos!? (De outra forma não me ouvem diziam). Quantas vezes experimentámos tocar um jogo de sinos, sussurrar alguma coisa ou até mesmo começar uma canção e as crianças começam a seguir-nos com o olhar e depois vão-se aproximando?

Acredito que temos que ver as coisas na perspectiva do Amor, que a criança pequena precisa um ambiente digno de ser imitado e de adultos calorosos (o que não significa que não coloquem limites quando necessário).

O adulto, seja ele pai, mãe ou educador terá de fazer um caminho bem responsável e atento à sua Auto-Educação. Melhorando-nos, superando-nos.

Ninguém pode dizer que é um caminho fácil ou até mesmo que nunca errou. Mas errar é crescer e dar-nos a oportunidade de fazer sempre melhor.

Faz o que eu faço!

 

Sou Educadora há quase 20 anos com especialização em Pedagogia Waldorf.
Educadora e Artesã

Sou mãe de duas crianças e Educadora. Sou apaixonada por artes manuais e cozinha.

Gostou deste artigo? Deixe a sua opinião!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Verified by MonsterInsights