filha-da-mãe

FILHA-DA-MÃE

Hoje é assim que vos escrevo, como filha-da-Mãe!
Tive a sorte de me calhar na rifa uma Mãe super-especial.
Desde que não andássemos ao estalo e que não gritássemos muito (até era bem tolerante a nível de decibéis), não se chateava. Atenção que nós somos cinco galinhas e um galo, o mais novo, que ainda hoje encolhe os ombros e franze o sobrolho quando começa a confusão. Sim, nós ainda somos e seremos para sempre, uns grandessíssimos filhos-da-Mãe! Uma vez filho-da-Mãe, para sempre filho-da-Mãe.

Em criança: estraguei bonecas acabadinhas de receber, para as ver por dentro; parti muita loiça; preguei várias chapadas nos meus irmãos; parti a cabeça a uma das minhas irmãs; fiz umas pinturas rupestres no sótão lá de casa; cuspi do primeiro andar da casa para quem fosse a passar na rua; alinhei com a maluca da minha irmã mais velha em telefonemas ao calhas para dizer coisas parvas; empoleirei-me em sítios bem altos, etc.

Como adolescente: avisei os meus pais que aos 18 anos me pirava de casa; roubei o carro da minha Mãe (várias vezes) e fui até ao guincho com amigas, para além de ter sido apanhada a guiar sem carta e de um dia ter tido a lata de pedir a uns polícias que me ajudassem a pegar o carro; achei que os meus pais estavam contra mim; o meu Pai dizia-me para estar em casa às 22h00 e eu entrava pela porta de entrada e, quase de imediato, saía pela porta da cozinha; andava de mota e de jipe pela serra e na areia, tantas vezes que me perdi…

Como jovem adulta: achei que ia conseguir alugar uma casa e enganei-me; apaixonei-me e desapaixonei-me; chorei muito; fui hipocondríaca; fiz retiros; apanhei aviões para perder o medo de voar; comprei um carro e viajei pelo país; fiz directas atrás de directas; desisti de estudar porque quis ser instrutora de fitness (eu sei, não faz sentido, mas também cheguei a essa conclusão); voltei a estudar porque afinal era preciso; apaixonei-me outra vez e em 6 meses fui viver com o meu príncipe encantado, para os EUA; liguei de Las Vegas a avisar que me tinha casado…

Como adulta, pergunto: Mãe, como é que conseguiu ser mãe-desta-filha sem ter que ser internada numa instituição, ligada a calmantes e anti-depressivos para todo sempre?

Ser Mãe é ser MUITO LOUCA!

OBRIGADA A TODAS AS MÃES!

 

Inês de Santar é a segunda de seis irmãos. Em 2009 começou a escrever o seu primeiro romance e, em 2012, revela publicamente o seu gosto pela escrita, com a abertura da página Inês de Santar.

Como pais e educadores, haverá alguma forma de andarmos um passo à frente dos nossos filhos? Será isso necessário? Como fazê-lo?

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