Tem sido uma loucura ser mãe de dois filhos pequenos e com uma diferença de idades tão pequena. Há dias em que só o piloto automático me salva e em que basta só mais uma birra para começar a bater com a cabeça na parede, mas apesar do cansaço, do sono, da vontade constante de me atirar para o chão e por trás de uma mãe que às vezes é uma besta, existe um coração que ainda por cima é mole e no outro dia dei por mim de lágrimas nos olhos a ver os meus filhos a brincar um com o outro.
Ela do alto dos seus quatro anos dizia ao irmão ao que iam brincar e ele nos seus bem-dispostos dois anos respondia que sim. Ele era o médico, sentado na secretária pequenina, com o portátil do Ruca que nunca funcionou e ela era uma mãe que levava o seu bebé ao hospital. Ela dizia-lhe os sintomas, enquanto ele fingia que escrevia no portátil, depois examinou a bebé e no fim da consulta rabiscou um papel com a receita.
– Mano, agora sou eu a médica!
Estou a vê-los a brincar e de repente apercebo-me que já não são bebés.Como é que isto aconteceu? Os meus filhos cresceram e eu receio não ter reparado. Este ano foi particularmente difícil, viroses a dobrar, fucking four em força, mudança de escola, birras e crises existenciais, noites sem dormir, eu a pedir socorro a toda a hora, mas o tempo não teve piedade de mim e os meus filhos cresceram.
E este sabor doce de os ver crescer, mistura-se com o sabor amargo de os ver crescer. De saber que um dia vou ter saudades do que hoje me enche de cansaço. Que a minha filha um dia já não vai fazer birras porque quer que seja sempre eu a adormecê-la ou que o meu filho já não vai acordar a meio da noite para vir para a nossa cama. Mistura-se o alívio de os ver crescer, com a tristeza de os ver sair devagarinho debaixo da minha asa até ao dia em que vão sair do ninho e voar.
Eu sei que estou a ser dramática, o meu filho ainda usa fraldas e a minha filha ainda precisa de ajuda para limpar o rabo, eles não vão já para a faculdade, nem me estão a pedir as chaves do carro para irem sair à noite, mas o tempo não tem piedade das mães e os filhos crescem sem darmos por isso.
Os meus filhos estão a crescer, juntos, ao ritmo das brincadeiras que me fazem chorar. Cresçam devagarinho meus amores.
Tenho nos meus filhos e no mundo depois dos filhos uma enorme fonte de inspiração e o blogue nasceu da necessidade de escrever sobre o lado menos fofinho da maternidade.