Somos muito mais do que aquilo que comemos, somos o que fazemos, mas também o que sentimos e são exatamente estes os três pilares de prevenção à obesidade: comer-fazer-sentir…
COMER / FAZER
É de pequenino que se semeiam bons hábitos alimentares capazes de garantir saúde a médio-longo-prazo. As diretrizes 5-2-1-0 recomendam que as crianças comam pelo menos 5 porções de fruta e vegetais ao longo de um dia, vejam menos de 2 horas de televisão, pratiquem 1 hora de atividade física e não consumam qualquer bebida açucarada (0).
Um estudo realizado nos Estados Unidos que analisou os hábitos alimentares e níveis de atividade física em quase 400 crianças pré-escolares revelou que uma em cada quatro crianças exibia um índice de massa corporal que a colocava na categoria de excesso de peso; 17% dos pré-escolares consumiam menos de cinco porções de fruta e vegetais ao longo de um dia; apenas 50% não consumia bebidas açucaradas e 81% via até duas horas de televisão, diariamente. Por fim, menos de 1% praticava atividade física.
As crianças em idade pré-escolar com excesso de peso (ou obesidade) têm quatro vezes mais probabilidade de se tornarem adultos obesos. Também sabemos que para uma criança se tornar obesa não precisa de ter tido excesso de peso desde sempre, pelo que é essencial combater uma vida sedentária e cultivar uma alimentação variada e equilibrada. Prevenir a obesidade é fundamental para evitar e prevenir doenças associadas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, cancro… mas igualmente problemas de auto-estima e marginalização social, que levam tantas crianças e jovens a isolar-se, ficando ainda mais inactivas e fazendo da comida o seu melhor amigo.
SENTIR
Qual a relação entre emoções e problemas de excesso de peso? Toda! Imagine que a forma como “protege” ou “desprotege” o seu filho pode mesmo ser um factor de risco. Conhecíamos já o impacto negativo das atitudes negligentes, dos comportamentos de ameaça, humilhação ou crítica do comportamento das crianças… nomeadamente na criação de vinculações inseguras, manifestadas através de ansiedade ou comportamento evitante. Posteriormente, um estudo português realizado na Faculdade de Medicina do Porto confirmou que (na ponta extrema oposta) pais superprotectores não têm necessariamente melhores resultados.
A verdade é que uma preocupação e cuidado excessivos com os mais pequenos lhes transmite uma imagem de mundo perigoso e ameaçador que, por sua vez, aumenta os níveis de ansiedade e da hormona do stress – “o-famoso-cortisol”. Nestes contextos, “comer” pode compensar vazios internos, “oferecendo” a sensação de conforto e segurança que as crianças precisam, ao invés de conseguirem fazer escolhas mais saudáveis ou mesmo procurarem conforto emocional junto de alguém. Esta “compensação” com o alimento é sobretudo observável nas raparigas (que internalizam mais as suas emoções), enquanto os rapazes tendem a exteriorizar mais as suas angústias, nomeadamente sob a forma de comportamento agressivo ou desafiante.
Em suma, a fórmula de prevenção à obesidade exige:
1) mudar os nossos padrões para uma alimentação rica e variada;
2) introduzir a prática de exercício físico regular
3) atender aos casos de “alimentação emocional”, ensinando os mais novos a saber identificar e gerir as suas emoções e lidar com o stress, mas sobretudo garantir que a relação pais/filho está saudável e equilibrada.
Encaminhar uma criança ou adolescente para um técnico de saúde mental deve fazer parte das boas práticas da consulta Pediátrica, Familiar e de Nutrição em casos de obesidade, ou excesso de peso.
imagem@kojeni
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