
O Impacto da pandemia no desenvolvimento das crianças é notório
O Impacto da pandemia no desenvolvimento das crianças é notório
Medidas de contenção da pandemia
As medidas aplicadas no final do ano para controlo da pandemia, com implicação direta na vida das crianças (adiamento do início do 2o período e vacinação), parecem ter causado alguma inquietação nos profissionais de saúde e de educação.
Regressámos à escola em setembro e, mantendo finalmente alguma rotina, começámos a sentir as consequências de dois anos com sucessivos períodos de interrupções letivas, medidas de distanciamento social e alteração abrupta dos hábitos sociais.
Os mais pequenos parecem apresentar lacunas na interação.
Impacto da pandemia no desenvolvimento das crianças.
É relatada “imaturidade social”, fraca capacidade de adaptação e alterações subtis na partilha, na adequação ao contexto e na própria iniciativa e disponibilidade para estar com o outro.
Grupos de 3 anos
Surgem queixas por seletividade alimentar, com crianças que só toleram purés e fruta passada, muitas delas tendo visto adiada a transição para a dieta sólida talvez por coincidir com o tempo de confinamento, com “outras guerras para travar” nessa altura.
Crianças em idade pré-escolar
Para além dos atrasos de desenvolvimento de linguagem que o uso da máscara parece potenciar, assiste-se à normalização do uso continuado de ecrãs. Abdicou-se da brincadeira criativa, do “faz de conta” e até da exploração livre dos espaços exteriores.
1o ciclo
Surgem crianças com alterações significativas na leitura e escrita e perturbações do desenvolvimento da linguagem, muitas delas com grande impacto académico e emocional, por diagnósticos tardios e consequente atraso na adoção de medidas de apoio.
Pais, professores, educadores e profissionais de saúde
Ativam e prestam os apoios possíveis entre agendas demasiado preenchidas para esta altura do ano e preocupações que se identificam a um ritmo quase diário. Simultaneamente abraçam a difícil missão de discernir o que é transitório, fruto da pandemia, sem necessidade de intervenção direta, e o que é “patológico”, não justificável pelos tempos de confinamento, exigindo medidas mais robustas.
Ainda não está claramente estudado o impacto relacional, social, linguístico e académico que as restrições impostas pela pandemia assumem. Ainda tão-pouco sabemos a extensão destas consequências em todas as áreas do desenvolvimento das nossas crianças. Contudo, pais, professores, educadores, terapeutas, psicólogos e técnicos de saúde já lidam diariamente com elas e, apesar das incertezas, há unanimidade naquilo que deve ser tido em conta.
Porque há oportunidades de crescimento que não se repetem, é tempo de:
- enriquecer os momentos de interação;
- estimular ainda mais a brincadeira criativa;
- oferecer variadas oportunidades de aprendizagem;
- explorar diferentes contextos que permitam maior autonomia
- valorizar sempre o afeto.
Vai ficar tudo bem, mas não será para já.
Para o conseguirmos parece que teremos de nos manter alerta e focar-nos no que está a condicionar este caminho. Vamos?
Por Sara Loff – Terapeuta da Fala
Diretora Clínica do Trampolim
Somos pelo brincar e pelo experimentar para aprender.
Somos pela imaginação e pelo sonho.