ingressar no 1º ano

Ingressar no 1º ano com 5 anos ou aguardar um ano no pré-escolar?

Alguns aspetos a considerar sobre a Maturidade Escolar

Decidir se um filho já está pronto para ingressar no 1º ano ou se deve aguardar mais um ano para desenvolver certas capacidades/competências não é uma tarefa fácil.

Partindo do panorama geral:  na maioria dos países, a criança entra na escola entre os 5 e os 7 anos. No entanto, uma criança com 5 anos tem características substancialmente diferentes de uma de 6, tal como uma de 6 tem de uma de 7.  Há crianças com 5 anos que aparentemente estão “aptas” para ingressar no 1º ano, mas muitos são os casos em que os pais acabam por perceber que seria benéfico ter esperado mais um ano. A pressão escolar é muito grande e o tempo para brincar e até para dormir é mais reduzido.

Panorama geral

Em alguns países, como por exemplo, na América ou nos países nórdicos como a Finlândia ou Suécia, há cada vez mais pais de crianças com 5 anos que optam por aguardar mais um ano. Ao ingressar na escola aos 5 anos,  criança das mais novas na turma, o que poderá trazer as suas consequências negativas. Entrando com 6 ou até 7 anos faz com que esteja em pé de igualdade com os restantes e seja respeitada pelas outras crianças e reconhecida pela professora como sendo mais velha e tendo outra responsabilidade.

Tipicamente, a maturidade escolar significa que durante a pré-escola a criança já atingiu um nível de desenvolvimento que permite a sua adaptação aos desafios da escolarização formal – que é capaz de aprender. E há aspetos sociais e emocionais do desenvolvimento da criança que constituem elementos importantes de sua maturidade  escolar, assim como da sua aprendizagem e do grau de sucesso no futuro.

Nas escolas convencionais, apesar de não existir concretamente uma lista de sinais de maturidade escolar, há vários aspetos que são considerados de maneira a avaliar a maturidade da criança para a entrada na etapa escolar.

Entre os quais:

  • conhece as figuras geométricas básicas?
  • conhece as letras do abecedário?
  • é capaz de escrever com lápis?
  • sabe escrever o nome?
  • até quanto consegue contar?
  • já sabe ler?

Assim, vale muito a pena observar com dedicação/atenção a criança que ponderamos se é a altura certa de a levar para a escola.

Existem mais aspetos que nos podem ajudar a perceber se chegou a hora da criança ingressar no 1º ano:

1. A mudança da silhueta

  • os braços e as pernas estão alongados, cada vez menos arredondados
  • a barriguinha, outrora redonda, retrai-se
  • a cintura fica mais definida (evidenciada entre tórax e abdómen)
  • o ângulo das costelas sobre o estômago é agudo
  • a silhueta começa a ganhar as proporções de um adulto

2. Troca dos dentes

  • Aparece o primeiro molar permanente ou ocorre a troca de um dos incisivos

3. Pensamento abstrato

  • ânsia de aprender
  • voluntariamente consegue dirigir as lembranças, sem que estas sejam fruto de imitação ou de hábito/ritmo (por exemplo, pode recontar uma história que dias antes foi narrada no jardim-de-infância)

4. Maturidade social

  • capacidade de integração numa turma/grupo (com a ajuda da educadora, é capaz de aprender a harmonizar os seus interesses com os dos demais)
  • consegue sossegar as pernas e os braços voluntariamente para ouvir, sem ser por mera imitação do adulto.

A maturidade social, porém, é gradualmente conquistada na transição para o 2º ano escolar.

5. Habilidade e capacidade de expressão verbal

  • consegue recontar histórias usando frases completas
  • domina os sons
  • canta
  • ao conversar, sabe expressar diversificadamente o que quer dizer

6. Habilidade corporal

  • atira uma bola ao ar e consegue apanhá-la.
  • consegue tocar a orelha direita com a mão esquerda e vice-versa
  • anda em pontas de pés – e consegue parar uns segundos assim
  • consegue saltar para os lados numa perna só («pé-coxinho»)
  • vestir-se e despir-se sozinho
  • pôr a mesa, lavar a loiça, secar a loiça, varrer e limpar o pó

7. Motricidade fina

  • consegue segurar bem na caneta (dedos fazem «bico de pato»)
  • dá o nó do atacador
  • consegue enfiar contas num colar
  • é capaz de fazer tricot de dedos

Todos estes indicadores deverão ser meramente observados pelo adulto,sem expôr a criança a exercícios/testes para ver se “é capaz”.
Porque cada criança é um indivíduo único. Dotado de um conjunto de características específicas e com um determinado ritmo. Os pais, enquanto responsáveis, devem observar diariamente e decidir se ela já está madura para o primeiro ano de escola.

Assim, há que respeitar o ritmo da criança que temos em mãos. Se até à idade de ir para a escola os ensinarmos a brincar, se os estimularmos, se lhes lermos histórias, se fizermos atividades plásticas e atividades ao ar livre, eles desenvolverão muito mais a maturidadedo que em qualquer ano extra na escola.

 

imagem@expertbeacon

13 thoughts on “Ingressar no 1º ano com 5 anos ou aguardar um ano no pré-escolar?
  1. Foi bom ler este artigo e tiro dúvidas com todas as educadoras que me passam pela frente, todas elas aconselharam-me “deixe-a brincar mais um ano”, tirando o pediatra que me disse que ela está bem desenvolvida para seguir. Este ano, mudámos de escola e a professora em poucos meses percebeu que em termos cognitivos e de aprendizagem faz tudo o que os colegas fazem, mesmo sendo mais nova e vindo de outro ambiente e portanto não conhecendo ninguém. Já estamos em Fevereiro e realmente faz tudo e está entre as mais desenvolvidas e educadas- segundo a professora- mas em termos sociais está a ter imensas dificuldades..todos os dias chega da escola a dizer que não brincam com ela, a escola é uma seca, não tem amigos..Não sei o que hei de fazer! (motivo-a diariamente) Diz que só quer estar comigo… Eu trabalho em casa e somos só as duas, sei que a atenção é super centrada nela mas é normal com a idade que tem, não a vou ignorar para ela não se sentir o centro das atenções mas não sei como a motivar mais na escola..será que fiz mal em mudá-la ?

    1. Há crianças que precisam de mais tempo, e por vezes os mais novos são mais inseguros no 1º ano. A adaptação é mais demorada mas com o tempo acabam por fazer amigos e adaptar-se! Boa sorte!

  2. É perigoso queimar etapas no desenvolvimento infantil !!!

    Consequentemente, a criança deve ter tempo para se desenvolver ao seu próprio ritmo, embora estimulada.

    E não creio que uma criança de cinco anos , seja ela qual for, esteja preparada para entrar no ensino formal!!

  3. Falta referir que deve falar bem, ou seja articular corretamente todos os fonemas, assim como, as componentes da linguagem (semântica, morfossintase e fonologia) devem encontrar-se dentro do esperado para a sua idade.

  4. Que imbecilidade… Já sabe ler???
    É de todo ridículo incluir esta premissa. Uma criança que já saiba ler antes de chegar à primária é contra natura e desaconselhado.
    Este argumento é absurdo

    1. Não parece que aqui se defenda que a criança deve saber ler antes de chegar à primária, pelo contrário. Diz que nas escolas convencionais esse aspecto é levado em consideração. E fala dos países do norte da Europa (na vanguarda da Educação) e que se deve observar com cuidado a criança para compreender se já é altura de entrar na escola. Uma coisa é certa: o que se vê no nosso país em boa parte dos casos, infelizmente, é miúdos com 4 anos, até antes, que já são capazes de escrever o nome…!!

  5. Adorei este artigo. Eu entrei na escola com 5 anos, correu lindamente, fui boa aluna logo desde o 1º ano, nunca chumbei, sempre tive bom relacionamento com professores e colegas, apesar de ser sempre a mais nova da turma, portanto no meu caso foi positivo. O único senão foi na entrada para a faculdade, tive de ir viver sozinha para outra cidade e ainda não tinha a maioridade, o que foi uma chatice dos diabos nas questões burocráticas, precisava da assinatura da mãe para tudo 😉

    RBSoares
    http://trintaporumalinhanoticias.blogspot.pt/

  6. Adorei este artigo. Eu entrei na escola com 5 anos, correu lindamente, fui boa aluna logo desde o 1º ano, nunca chumbei, sempre tive bom relacionamento com professores e colegas, apesar de ser sempre a mais nova da turma, portanto no meu caso foi positivo. O único senão foi na entrada para a faculdade, tive de ir viver sozinha para outra cidade e ainda não tinha a maioridade, o que foi uma chatice dos diabos nas questões burocráticas, precisava da assinatura da mãe para tudo 😉

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