
É urgente que paremos de julgar os pais e mães.
Assim, é urgente que todos paremos de julgar os pais e as mães.
Todos concordamos que cada criança tem o seu ritmo.
Não há formulas que funcionem na perfeição com todas as crianças mas também não há formulas que funcionem com todos os pais e mães.
É comum os pais procurarem-nos porque se sentem culpados. Como se junto a eles houvesse constantemente um grilo falante semelhante ao do Pinóquio, que lhes sussurra: “estão errados, a culpa é vossa”.
A culpa na parentalidade é capaz de assumir uma função absolutamente castradora fazendo com que um pai e uma mãe se movam como se os filhos fossem de vidro. Não tenham muito cuidado que a qualquer momento podem quebrar a criança.
E esta culpa para além de não ajudar os pais, parece apagar-lhes o seu sexto sentido. A sua sensibilidade e intuição. Nós conseguimos serenar o coração aos pais que nos consultam. Conseguimos unir os pontos e ajuda-los a calar este grilo da culpa, mas há muitos outros pais e mães que por diversos motivos guardam a culpa para si. Ficam fechados numa espécie de redoma não querendo partilhar o que sentem com ninguém.
Claro que há factores comuns essenciais ao desenvolvimento pleno e saudável de todas as crianças e que esses factores devem ser assegurados pelos pais e pelas mães.
No entanto, devemos ser capazes de aceitar as múltiplas formas de parentalidade e as múltiplas formas de se ser criança. Obviamente não querendo formatar todos os pais a agirem de forma igual. Os pais, independentemente da forma como exercem a parentalidade, são sempre um porto de abrigo para as crianças. Se conversarmos com as crianças, levando-as a sério, praticamente todas elas têm nos pais uma entidade superior que, façam o que fizerem, nunca são culpados de nada.
Assim, é urgente que todos paremos de julgar os pais e as mães.
É urgente que os aceitemos na sua pluralidade. Porque um pai e uma mãe constroem um filho e um filho constrói um pai e uma mãe. E juntos formam uma entidade absolutamente singular que não pode ser comparada com nenhuma outra sob pena de sermos injustos e de colocarmos um peso excessivo sobre todas eles, que sentem que não estão a conseguir corresponder aos padrões que a sociedade parece ter definido.
O essencial é que a paternidade seja exercida com bom senso. Tudo o resto parece fluir se atrás de cada pai ou mãe não houver o grilo da culpa, mas sim o grilo do amor.
Por Cátia Lopo & Sara Almeida
No mundo infantil, a Escola do Sentir prima e anseia por uma educação holística, focada na criança/adolescente, alicerçada numa intervenção com pais e numa forte vertente de intervenção social e comunitária.