
Manual de sobrevivência para a mãe que está em casa
Faz dia 21 de Março um ano desde que tomo todos os dias conta da minha bebé e em casa. Sou uma privilegiada e, ao mesmo tempo, uma óptima candidata a um esgotamento nervoso.
Há amor, é verdade, há muito amor, mas… também há muito, muito enervamento.
É como dizem os concorrentes dos reality shows: “são 24h sobre 24h, voz, ai… Teresa!”
Ainda bem mas… MEU DEUS!
Fica aqui um resumo das coisas que me apercebi que nos fazem bem (às duas e, vá, aos três porque o meu marido também leva por tabela, obviamente). Manual de sobrevivência para a mãe que está em casa:
1- Tomar banho todos os dias
Tem um efeito especial em nós – já para não falar da higiene, claro. Tomar banho faz-nos sentir mais capazes, mais bonitas, com mais força e com menos cansaço. Parece que é uma espécie de reset. Mesmo quando a noite do dia anterior foi tão calminha quanto ver pessoal a dançar Afrobeat, ganhamos uma meia hora de energia e duas de paciência.
Mães de recém-nascidos: aproveitem uma altura em que eles estejam mais calminhos, deitem-nos na espreguiçadeira ou numa alcofa de maneira a que consigam vê-los da banheira com a cortina um pouco aberta e pronto. Se for preciso alguma coisa, não demoram a lá chegar. Podem desfrutar de um banho calmamente. E sim, nós ouvimo-los a chorar, mesmo que eles não estejam quando estamos longe deles.
3- Ter um plano diário.
Por muito insignificante que seja: ir aos correios, passear ao jardim, ter de ir à FNAC, etc. Ter um plano diário faz com que consigamos diferenciar os dias uns dos outros e também que nos dê algum objectivo além de lidar com o bebé.
Sentimo-nos “úteis” e levamos o bebé connosco a passear. Um óptimo dois em um. É muito apetitoso gastar dinheiro, principalmente no Inverno que saímos mais para centros comerciais mas façam como eu e não tenham dinheiro na conta. É isso.
Se os fãs da Sofia da Casa dos Segredos também que quiserem passar dinheiro, eu dou o meu NIB sem problemas. Também sou uma mãe coragem e leoa, o que quiserem que justifique.
Sei que é uma segunda referência ao programa, mas é o que se vê cá em casa à noite. Não digam ao meu marido que escrevi isto que ele gosta de dar aquele ar de que é muito machão e depois delira com estas bimbalhadas como eu.
4- Ter uma rotina de arrumação da casa.
De preferência de manhã quando o bebé ainda não está rabugento. Não digo dar uma volta à casa tipo Cinderela sobre o efeito de bebidas energéticas, mas dar aquela “voltinha”: fazer as camas, organizar a casa de banho, tirar e pôr a loiça na máquina, etc. Fingir que se limpou tudo. Vocês sabem como é, que eu sei. Até podem acender aquelas duas velas grandes do Ikea para cheirar a lavadinho e tudo.
5- Dormir sempre que o bebé dorme ou, pelo menos, uma das sestas.
É mesmo muito muito complicado irmos dormir quando estamos cansadas. Andamos a manhã inteira a sonhar que o bebé adormeça e, finalmente, quando adormece ficamos tipo estúpidas a olhar para a televisão a ver programas tão pouco produtivos como o FaceOff da Sic Radical. Temos de ser mais espertas e de nos obrigar a ir dormir. É como ir ao ginásio. Sabemos que nos vamos sentir bem, mas só no fim, claro.
6- Não querer ser muito produtiva.
Se fizermos muitos planos e quisermos acabar muitas coisas, além de ser muito complicado conseguirmos e de, no final, nos podermos sentir menos capazes, acaba por ser contraproducente quando o bebé estiver mais rabugento: “ainda tenho que ir fazer isto, ainda me falta acabar aquilo… assim não consigo fazer nada!!”
Logo se vê. Eu, por exemplo, há um mês que estou para escrever uma peça. Não é por preguiça, a sério. Estou louca para deitar as mãos à massa, mas isto de “não trabalhar”, dá muito, muito, muito mais trabalho do que pensava.
7- Se o bebé está birrento é só estar lá para ele.
Está muito ligada à sugestão anterior. O melhor é mesmo dedicarmo-nos ao bebé, com tempo e calma quando ele precisa. É desesperante (para os dois) se tentar fazer algo ao mesmo tempo porque começa a vê-lo como um empecilho às outras coisas que está a tentar fazer. Aquela dica de não se olhar para o relógio quando se amamenta em livre demanda acho que se aplica em todas as outras ocasiões (menos na hora de dormir). Faz birra? Vamos a isso. Temos tempo. “Temos”, mais ou menos. Espero que o Manoel de Oliveira tenha menos tempo que eu. Começa a ser assustador.
8 – As pilhas do bebé não duram para sempre.
“Não dorme agora, dorme depois” – disse-me o pai de três filhos pequeninos e ficou-me sempre na cabeça.
“As pilhas vão acabar” – para dizer como mantra nos momentos mais complicados.
O importante é manter uma atmosfera calma para os dois.
11 – Ter noção de que ver televisão – ainda para mais sozinha – é uma perda de tempo.
Estar em casa, apesar de as vezes poder ser muito difícil, é uma dádiva para se poder dar mais ao nosso bebé. Lá por estarmos “habituadas a isso”, vai ser como a gravidez: vamos ter muitas, muitas saudades, “apesar de tudo”.
13 – “Limpa-se amanhã”.
Não deu para limpar hoje a casa? Limpa-se amanhã. Ou depois. Ou depois. O importante é aspirar para o miúdo não andar alimentado a bolas de cotão.
Mais conselhos? Acho que só temos a ganhar se trocarmos dicas umas com as outras 🙂
Obrigada…
Obrigada por me fazer ver que veio mais gente na “nave” que me trouxe de um outro qualquer planeta…
Por ser mãe de uma recém-nascida a quem acresco um recém…”já não sou bebé ” de três anos …aculando ainda o estatuto de eis-futura desempregada…quando terminar a licença…reveijo-me integralmente na discrição que faz da minha rotina diária.
Se por um lado me sinto feliz pelo previlegio de poder ter tempo e de qualidade para e com os meus filhos…por outro sintonizar que o meu papel na sociedade…depois de todo o investimento académico e temporal…é NENHUM.
Chega…já disse muitas vezes…mas tem mesmo de chegar…
Vou…
Vou tomar banho todos os dias…(já o faço mas sem grandes requintes de prazer…mais tipo contra-relógio);
Vou vestir outra roupa sem ser pijama…
…e vou fazer um pouco de tudo o sugerido.
Obrigada pela partilha!