
Não estás pronta para ser mãe
Não estás pronta para ser mãe.
Desculpa dizê-lo de forma tão dura, mas não encontro outra maneira de o fazer. Não interessa se tens 18 ou 50 anos, se sempre conviveste com crianças ou se nunca estiveste perto de uma. Se te sentes imensamente motivada para esta fase de vida ou não. Nem se é o teu primeiro ou o terceiro filho. Não importa se a maternidade estava nos teus planos, se tens muitos ou poucos recursos financeiros, se tens tudo a postos para a chegada do bebé ou se ainda nem sequer pensaste no assunto.
Nada disto importa, nem altera o facto de não estares pronta para ser mãe.
Simplesmente não estás pronta.
Para ver o teu corpo mudar, ganhar novos contornos, deixar de assentar tão bem nas tuas roupas favoritas.
Para sentir enjoos, dores de costas, dores nas mamas, sono, azia; todo um role de sintomas desagradáveis.
Não estás pronta para as dores do parto. Para passar noites em branco a dar de mamar ininterruptamente, a mudar fraldas, a lidar com cólicas ou dentes a nascer. Ou para lidar com o choro do bebé horas a fio.
Para lidar com a incerteza, com a frustração de não compreenderes o que se passa com o teu bebé, o que podes fazer para o ajudar.
Não estás pronta para constatar que jamais serás a mãe perfeita que sempre imaginaste. Para deixar de pensar apenas em ti, no que queres fazer, no que te apetece naquele momento. Não estás pronta para lidar com o peso de cuidar sem pausas, sem folgas, nem feriados. Não estás pronta para perder a tua identidade.
Existem ainda outras experiências para as quais não estás pronta e sobre as quais ninguém te falou:
Não estás pronta para ver o teu corpo alterar-se de modo a que o teu bebé se encaixe perfeitamente nele e retire daí tudo o que necessita – alimento, contacto, conforto e amor.
Para perceber que o teu corpo está preparado e saberá o que fazer no momento do parto.
Para sorrir cada vez que os vossos olhares se cruzam. Ficar sempre em segundo plano mas ainda assim sentires que tens um dos papéis principais, um foco de luz que provém dos olhos do teu bebé e te segue onde quer que vás.
Não estás pronta para descobrir uma nova forma de liberdade, em que não podes fazer o que queres, quando queres, mas em que aprendes a tirar o máximo de prazer de pequenos momentos.
Não estás pronta para esquecer o peso de cuidar sem pausas, sem folgas, nem feriados, com apenas um sorriso, um toque suave daquela mão pequenina no teu rosto, um “mamã” dito de olhos a brilhar.
Para te habituares a sair de casa cheia de mochilas, lanches e outros mimos, ao ponto de deixar de fazer sentido sair de casa só com a tua mala.
Não estás pronta para colocar tudo o que sempre acreditaste em causa e descobrir novas formas de agir e educar. Para perceberes que não queres ser a mãe perfeita que sempre imaginaste mas sim a melhor mãe que consegues ser, aquela que o teu bebé precisa, uma mãe real que tem a humildade de aprender diariamente.
Não estás pronta para descobrir que tens em ti uma bússola valiosa – o teu instinto – que te irá guiar nesta aventura e conduzir a novos destinos (competências).
Para passar madrugadas a contemplar cada detalhe do teu bebé apesar do imenso sono.
Não estás pronta para ganhar um propósito na vida, encontrar resposta para aquelas dúvidas existenciais que sempre te assolaram.
Para perder a tua identidade, vê-la a transformar-se e a partir daí surgir algo novo que reúne maravilhosamente os teus papéis antigos e mais recentes.
Não estás pronta para perceber que tens junto a ti tudo o que precisas.
Para constatar que parte de ti passou a viver fora do teu corpo, e onde quer que vá tu também irás.
Não estás pronta para sentir tanto amor ao ponto de te doer o peito.
Não estás pronta para um simples abraço transformar os dias mais negros em dias luminosos.
Para passar o dia a pensar no quanto amas aquela pessoa, para sentires saudades mesmo quando a tens ao lado.
Não estás pronta para perceber que todo o teu percurso faz sentido.
Os talvez, as saborosas conquistas, as dolorosas perdas. Tudo isto te conduziu a este ponto, a este lugar, a este grande amor.
Podes não estar pronta para ser mãe mas na verdade não precisas de estar. É impossível sentirmo-nos preparadas para algo que não conhecemos. Além disso, o amor flui, não se treina nem se “prepara”.
imagem@wattpad
A entrada no mundo da maternidade rapidamente se revelou menos “purpurino-brilhante” do que havia imaginado. Poderei ser uma mãe que se sente completa, com disponibilidade para a sua prol, se não cuidar de mim enquanto mulher? Poderei ser uma mulher feliz se não me sentir uma mãe livre?
Apagaram o meu comentário porquê???
Não apagamos, estava a aguardar aprovação. Já foi respondido 🙂
o vosso artigo é simplesmente misógino e alarmista. entre outros, devo destacar “Para sorrir cada vez que os vossos olhares se cruzam”,” Para ficar sempre em segundo plano, mas ainda assim sentires que tens um dos papéis principais, um foco de luz que provém dos olhos do teu bebé e te segue onde quer que vás.”, “Para perder a tua identidade, vê-la a transformar-se e a partir daí surgir algo novo que reúne maravilhosamente os teus papéis antigos e mais recentes. “?!?!?!?!…..nenhuma mulher deve algum dia preparar-se , ou sequer desejar. perder a sua identidade ou ficar em segundo plano na sua vida…. se o propósito do vosso trabalho era aconselhar ou, no mínimo enquanto pseudo-jornalistas, informar o publico em geral, especialmente mulheres que se questionam se será a altura certa para engravidar, pois digo-vos que fizeram um péssimo trabalho e merecem ser denunciados. escrevo estas palavras no papel de uma mulher que veio dar ao vosso website na procura de respostas em face da dúvida à pergunta relativamente à qual intitularam o vosso infeliz artigo. Certamente que será por manifestações boçais como esta que cada vez mais há mulheres que não querem ou temem ser mães nos dias de hoje.
Olá Margarida, este artigo foi escrito pela blogger Tânia Correia, do blog 3m´s, conforme identificado e linkado em roda-pé. Não há aqui pseudo-jornalistas. É um artigo escrito por uma mãe. Não é um artigo científico nem baseado em qualquer estudo. Aliás, não encontrará respostas para a sua pergunta. O que esta mãe quer transmitir é que, se estivermos à espera de estarmos preparadas para ser mães, nunca teremos filhos, porque é impossível prepararmo-nos para algo tão inexplicável como a maternidade. A autora conta algumas coisas da sua experiência, que são de facto comuns a quase todas as mães. A partir de metade do texto já existe algum sarcasmo quando diz que “não estás preparada para sorrir cada vez que os vossos olhares se cruzam”, porque esse cruzar de olhos é um momento que acontece quase 24h por dia, e nunca nos fartamos de tão bom que é. É passarmos horas a olhar para o nosso bebés como se estivéssemos enfeitiçadas. É querermos ser sempre melhores e ser tudo para eles (daí o perder a identidade: nunca perdemos, ganhamos. À nossa já existente junta-se uma mãe, uma loba que fará tudo pelo seu filho)
Entendo o seu comentário :(, até porque acho que este texto é melhor entendido por quem já é mãe. Porque nos revemos em tudo, e sabemos agora que de facto nunca estivemos preparadas, mas que na verdade não há preparação possível. A preparação que precisa é o seu instinto. A sua vontade de ser mãe! Espero que tenha ajudado. Eu tenho 4 filhos, e se quiser fazer mais alguma pergunta que eu possa ajudar, contacte-me pelo Fb da página ou pelo e-mail. Boa sorte e um beijinho