Fica sempre bem dizer que não se deve julgar.
Há coisas que ficam bem dizer. Há um tipo de influencers especialista nessas coisas. Eu penso que poderíamos ser todos mais críticos e criteriosos em relação ao que partilhamos.
Exemplo: fica sempre bem dizer que não se deve julgar.
E quem o diz, não o estará também a fazer? É uma hipocrisia. No entanto, garante partilhas. Poderíamos perguntar se a pessoa pode ser mais específica quando fala em julgamento. Poderíamos ser mais críticos quando se chega a um ponto em que em nome da liberdade, umas liberdades pareçam ficar numa posição onde têm mais valor moral do que outras… É humano. Gostamos de ouvir e de ler verdades fofinhas ou meias verdades. Até uma mentirinha pode ser boa. Precisamos de conforto.
E nesse conforto, o que temos criado de útil? Que inovações surgiram desses lugares comuns?
Ah, mas nem todos temos que criar alguma coisa nova. Sim, concordo. Mas devemos ter atenção, porque uma vida desprovida de propósito (trazido, por exemplo, por um trabalho que nos realiza), desprovida de maturidade (trazida, por exemplo, pela responsabilidade de educar uma criança), desprovida de significado (trazido, por exemplo, pela compaixão e pelas ações sociais), desprovida de estrutura (trazida, por exemplo, por uma família), vai levar, quase de certeza, a que nos tornemos amargos. E uma pessoa amarga não faz mal só a si mesma. Mas, lá está, se vivemos uma era de egoísmo, talvez isto nem seja um bom argumento para esses que preferem seguir os influencers do que a sua própria cabeça.
Deixo 5 pontos para reflexão:
1. Crítica construtiva e pensamento crítico:
- Desenvolva habilidades de pensamento crítico, questionando as suas próprias suposições e examinando de forma mais criteriosa as informações que lhe são apresentadas.
- Pratique a escuta ativa e a empatia ao interagir com os outros, procurando compreender perspetivas diferentes e pontos de convergência em vez de se focar apenas nas diferenças.
- Promova o diálogo saudável, estimulando debates baseados em factos, evidências e argumentos bem fundamentados, em vez de ataques pessoais ou generalizações simplistas.
- Esteja disposto a rever as suas próprias ideias e crenças à luz de novas informações e perspetivas, demonstrando uma abertura para o crescimento intelectual e pessoal.
2. Conscientização das liberdades individuais e coletivas:
- Reconheça que a liberdade de expressão é um direito fundamental, mas também entenda a responsabilidade que vem com essa liberdade, evitando o uso irresponsável da palavra para espalhar ódio ou desinformação.
- Procure um equilíbrio entre a liberdade individual e o bem-estar coletivo, considerando as consequências das nossas ações em relação aos outros e à sociedade como um todo.
- Promova a diversidade de opiniões e o respeito pela pluralidade de perspetivas, criando espaços de diálogo inclusivos onde todas as vozes possam ser ouvidas e consideradas.
- Esteja disposto a desafiar suas próprias crenças e preconceitos, reconhecendo que a liberdade de expressão também implica em estar aberto ao confronto de ideias e à aprendizagem mútua.
3. Incentivo ao propósito na vida e procura de significado:
- Reflita sobre os seus valores e objetivos pessoais, identificando o que é realmente importante para você e o que lhe traz um sentido de propósito e realização.
- Procure oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal, seja através do trabalho, do envolvimento em atividades comunitárias ou do estabelecimento de relacionamentos significativos.
- Pratique atos de compaixão e empatia na sua vida diária, procurando maneiras de ajudar os outros e contribuir para o bem-estar coletivo.
- Esteja aberto a explorar diferentes tradições filosóficas, espirituais ou religiosas que possam fornecer um quadro de referência para encontrar significado e propósito na sua vida, mas saiba quando deve parar de explorar e focar-se em algo.
Não se deve julgar. Esta é a frase do momento
4. Equilíbrio entre influências externas e pensamento independente:
- Cultive o hábito de procurar informações de fontes diversas e confiáveis, evitando a polarização e a tendência de se envolver apenas em bolhas de opiniões sem questionamento crítico.
- Esteja consciente das influências que permite na sua vida, tanto nas redes sociais como nos media em geral. Faça uma curadoria cuidadosa das suas fontes de informação, procurando conteúdos confiáveis, diversificados e que apresentem diferentes perspectivas.
- Cultive um sentido de autonomia intelectual, questionando constantemente as ideias dominantes e desafiando o pensamento de manada. Procure aprimorar a sua capacidade de pensamento independente, questionando suposições e examinando criticamente os argumentos apresentados.
- Esteja disposto a ouvir e aprender com os outros, mesmo que suas opiniões sejam diferentes das suas. Abra-se para a possibilidade de expandir a sua compreensão e considerar novas perspectivas.
- Pratique a autorreflexão regularmente, avaliando as suas próprias crenças, valores e princípios à luz de uma análise cuidadosa e autoquestionamento constante.
Ao adotarmos estas abordagens, estaremos a caminhar em direção a uma sociedade mais crítica, consciente e equilibrada.
Reconhecer a importância da crítica construtiva, da conscientização das liberdades individuais e coletivas, do incentivo ao propósito na vida e da procura de um equilíbrio saudável entre influências externas e o pensamento independente é um passo importante para o nosso desenvolvimento pessoal e coletivo. Que possamos continuar a procurar o crescimento intelectual, a promoção do diálogo saudável e o florescimento humano em todos os aspetos das nossas vidas.
A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.