“Muitas vezes perco a paciência e…grito.”; “Leio os artigos todos e adoro, mas quando estou zangada não consigo aplicar nada.”; “Adorava ser uma mãe perfeita como tu!”; “Sinto-me culpada por não conseguir fazer as coisas de outra forma.”; “ Sinto-me uma mãe-amígdala. Sempre em modo reativo.”
Estes são alguns dos desabafos sinceros que me chegam todos os dias. Muitos pais sentem que não são o suficiente, que não fazem o suficiente e que há sempre uma mãe por aí, que para além de ser maravilhosamente consciente, ainda cozinha comida super-bio-saudável-sem-glúten enquanto faz agachamentos de uma forma mindful e que nunca na vida se zanga ou fica despenteada. Pois. É apenas um mito urbano. Queridas Mães e Pais que me seguem de uma forma muito catita, tenho uma coisa muito, MUITO importante para vos dizer. Preparados? Aqui vai: eu faço muitas, tremendas, idiotas, compridas, peludas e gritantes ASNEIRAS.
Eu não sou uma mãe perfeita, sou uma mãe perfeitamente real
Nos dias em que não as faço para fora, posso fazê-las para dentro, na forma de julgamentos não-foste-uma-mãe-maravilha-
Cada passo que dou no sentido de ser uma mãe mais consciente, só é dado porque uma asneira se transformou numa aprendizagem. Errar é o primeiro passo para aprender. E na parentalidade o mais importante é o que aprendemos com a relação, com o nosso filho e principalmente connosco próprios.
Se eu fosse uma mãe monstruosamente perfeita iria perder a maravilhosa oportunidade de ser uma mãe real. De mostrar todos os dias ao meu filho como aprendo com os erros, como peço desculpa, como não sei tudo, como preciso de ajuda, como perco a paciência, como resmungo quando tenho sono e… como sou humana.
Aqui não há notas, quadros de honra ou autocolantes por sermos “bons” pais. Há a Vida. Há o dia a dia, onde todos damos o nosso melhor com as ferramentas que temos ao nosso dispor. Se sentirmos que não são suficientes, podemos sempre fazer um upgrade das nossas ferramentas. Vai ser muito útil ao longo do caminho.
A parentalidade não é limpinha, é feita de muitos momentos enrolados num gigantesco novelo com nódoas de comida, lama do jardim e óleo da bicicleta.
É um grande caminho a ser percorrido para dentro e para fora. Passo a passo, asneira a asneira que nos leva, com consciência, aos pais que queremos ser.
Este caminho não é uma autoestrada. É um caminho de terra, com paisagens maravilhosas, zonas áridas e outras mais pantanosas. Em cada pedacinho temos a oportunidade única, se tivermos disponíveis para isso, para aprender. Para nos desmancharmos como uma torre de lego e começarmos tudo outra vez. Mas há peças… ai… que nos custam tanto a largar. Comportamentos e pensamentos que teimam em ficar agarrados. Ainda bem que temos um caminho comprido pela frente, assim temos tempo, de nos dar tempo, para ir largando o que já não faz sentido. E tempo para aprendermos a ser tolerantes e compassivos connosco.
Lembras-te quando o teu filho começou a tentar andar? Quantas vezes foi de rabo ao chão? Quantas vezes se levantou e tentou outra vez? Sabes o que o movia? Era o potencial que ele tinha dentro dele para andar. E, sabes o que vejo em ti? Potencial. Muito. Potencial para crescer. Potencial para caminhar.
Tens agora um caminho aberto à tua frente. Anda, eu ajudo no primeiro passo. Diz-me, que mãe/ pai queres ser?
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Carta às mães mais que perfeitas.
Querida mãe perfeita dos comentários no FB
Em 2011, nasceu o pequeno catita, o que a levou a investigar uma parentalidade com base no mindfulness, promotora de uma autoestima saudável, e que constrói uma relação única entre pais e filhos.