Não tenhas medo…
De olhar para a barriga a crescer e de sentir que ainda não te sentes preparada. Que talvez devesses ter esperado mais tempo e que ser mãe talvez tenha sido um passo precipitado.
Não tenhas medo desabafar que o parto te assusta, que tens receio da dor e/ou da recuperação.
Não tenhas medo de admitir que não foi amor à primeira vista. Que não sentiste o que supostamente toda a gente diz sentir durante as primeiras semanas de convívio com o bebé. Que precisaste de tempo para que a relação se fosse construindo e para que o amor fosse crescendo.
De dizer que estás cansada. Que tens saudades de dormir, que te doem as mamas e as costas.
Não tenhas medo de expressar como por vezes (ou muitas vezes) te sentes só.
De dar colo e de deixar o bebé dormir junto a ti. De o transportar encostado ao teu corpo, de criar recordações e permitir que ele saiba que o amas.
De nem sempre acertar à primeira, de enfrentar palpites alheios e seguir o teu instinto.
Não tenhas medo de chorar e expressar o teu receio em estar a falhar. De por vezes dares por ti a sentir que não foste talhada para ser mãe, de te sentires enganada por nunca ninguém te ter falado do lado menos cor-de-rosa da maternidade. A dada altura todas sentimos o mesmo, no entanto a maior parte tem medo de falar sobre isso.
De pedir conselhos, delegar tarefas e aceitar apoio. Não és nem serás menos mãe por isso, serás sim uma mãe sensata que poupa recursos e os despende naquilo que realmente importa.
Não tenhas medo de contrariar os modelos parentais com que foste criada se pelo caminho descobrires outros que te façam mais sentido.
Não tenhas medo de constatar que não és perfeita, és apenas uma mãe real.
Não tenhas medo de dar o teu melhor. De admitir que apesar de tudo nunca foste tão feliz. De abraçar os teus filhos e de lhes dizer que os amas eternamente.
Não tenhas medo de reconhecer que és a melhor mãe que os teus filhos podiam ter, pois só tu (e o pai) os conheces e os amas como ninguém.
Acima de tudo, não tenhas medo de ser mãe e de sentir e expressar tudo o que faz parte da maior aventura da tua vida.
A entrada no mundo da maternidade rapidamente se revelou menos “purpurino-brilhante” do que havia imaginado. Poderei ser uma mãe que se sente completa, com disponibilidade para a sua prol, se não cuidar de mim enquanto mulher? Poderei ser uma mulher feliz se não me sentir uma mãe livre?