
NEGOCIAR OU IMPOR
Negociar ou Impor?
Como pais, precisamos de estar conscientes da importância das negociações e dos acordos que fazemos nas relações familiares.
O desejável é que as partes envolvidas se sintam satisfeitas e realizadas para que a relação seja profícua.
Uma relação que só favoreça o nosso lado e ignore as necessidades quer do nosso parceiro quer dos nossos filhos pode parecer ideal naquele momento, mas nunca o será a longo prazo.
A definição de toda e qualquer relação faz-se em termos de reciprocidade e as decisões a que chegamos são o produto do processo de negociação que levamos a cabo uns com os outros. Conscientemente ou inconscientemente estabelecemos processos de negociação em cada uma das nossas relações. Isto acontece constantemente em todas as famílias. Negociamos regras, a distribuição de poder, os níveis e padrões de comportamento, os objetivos, as práticas e os ritmos da nossa família.
Já pensou que cada vez que tentamos influenciar, persuadir, manipular ou dirigir uma pessoa ou um grupo, envolvemo-nos em processos de negociação? Sempre que tentamos conciliar diferenças, gerir conflitos, resolver disputas e até mesmo quando estamos a criar alterações numa relação, acabamos por negociar tudo!
As capacidades de negociação desempenham uma função da maior importância no nosso sucesso e na nossa eficiência, como tal é preciso ensinar aos nossos filhos estas competências desde muito cedo.
Vejamos, negociar ou impor?
1. Conheça o seu interlocutor
O primeiro passo consiste em avaliar os tipos de personalidade com que estamos a lidar. Esta informação irá dizer-nos o tipo de abordagem a adotar.
Exemplo: Se tiver um filho rebelde, não será aconselhável abordar as negociações usando a força ou o excesso de autoridade. Desta maneira não fará mais do que criar resistência. O melhor é fazer com que o seu filho aceite uma ideia comum e passe a sentir que a ideia também é dele.
Também é importante que os seus filhos aprendam os fundamentos mínimos de um processo de negociação, porque é uma aptidão essencial para a vida.
Quando há qualquer tipo de disfunção no seio de uma família, é fácil tanto para pais, como para filhos, interagirem como se fossem inimigos. Batem com as portas e soltam palavras de raiva porque as emoções estão à flor da pele. Num ambiente explosivo perde-se a noção de que os pais e os filhos se amam e precisam uns dos outros. Quando negociamos com os nossos filhos não devemos amedrontá-los, assustá-los ou intimidá-los, porque o nosso acordo com eles é um acordo para a vida.
Nas negociações familiares o objetivo não é um dar e receber instantâneo, trata-se de um processo de grande fôlego. Quando conduzimos um processo de negociação com os nossos filhos devemos fazê-lo numa posição de compreensão para que eles conservem intacto o seu sentimento de respeito para consigo próprios.
2. Não hesite
Muitos pais e filhos recusam sentar-se à mesa das negociações por causa dos fantasmas de outras tentativas falhadas. Se esforços anteriores foram mal conduzidos, o regresso à mesa negocial pode ser acompanhado de muita relutância.
Exemplo: Se as suas negociações na infância com os seus pais tiverem sido experiências de confronto, não recue no tempo, decida-se a fazer melhor com os seus filhos.
O fator mais importante de um processo de negociação é o facto de ambas as partes envolvidas desejarem a respetiva resolução.
3. Não Imponha a sua vontade
Umas das queixas mais frequentes que tenho ouvido por parte dos filhos é que se sentem impotentes nas negociações com os pais. Muitos também consideram que os pais exercem a disciplina e tomam decisões arbitrariamente.
Todos queremos ser ouvidos e que os nossos sentimentos sejam tidos em consideração mesmo quando não somos os donos da casa ou quem dita as regras da família. As crianças desenvolvem-se melhor em situações ordenadas, com limites previsíveis. Porém ao mesmo tempo gostam de ter um sentimento de autodeterminação dentro desse enquadramento.
Gostam de saber que podem conquistar determinados direitos e privilégios se fizerem o que se espera delas. As crianças desejam ter a sensação de que possuem algum poder ou alguma capacidade de criar aquilo a que dão valor. Se sentirem que a posição dos pais é fechada e que não são capazes de os influenciar no que quer que seja por mais que digam ou façam nesse sentido, com toda a certeza se desligarão deles e descobrirão uma outra maneira, certa ou errada de conseguirem o que querem.
Por vezes, quando se sentem incapazes e impotentes no seio da família, as crianças percebem que é mais fácil pedir desculpas do que autorização.
Se estiverem convencidas de que a forma de pensar dos pais é irrevogável, de que nunca hão-de conseguir o que querem, terão toda a probabilidade de achar que não t~em nada a perder se ignorarem as regras e simplesmente fazerem aquilo que desejam.
É importante que os seus filhos percebam que os pais estão de mente aberta às negociações e dispostos a olhar para a frente e não para o passado. Quando os miúdos sentem que os pais os ouvem e têm em consideração as suas dúvidas, medos e preocupações, a sua autoconfiança e autoestima crescem.
E não se esqueça: “ O consenso é a negociação da Liderança”.
Ana Alvarinho, Psicóloga e Coach Familiar, Anny@Home
Para Up To Kids®
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