Moche aos pais

Já não tenho dessas comemorações escolares porque os miúdos são mais crescidos. Recebo imensos beijinhos e apertos nesse dia (mas nos outros também) e não preciso de mais nada para além de que sejam felizes, saudáveis e boas pessoas.

Já por duas vezes tive de fazer o papel de mãe dos meus sobrinhos nesta celebração. Senti-me péssima pelas crianças que por ali andavam sem uma tia ou alguém que fizesse o “papel de mãe” (não são assim tão poucas), se calhar nem mãe têm. Estas actividades são normalmente a horas completamente improváveis, tipo 4 da tarde ou 10 da manhã e, durante a semana. Para as mães que não conseguem estar nestes dias ou que têm mais do que 2 filhos (festas do dia da mãe amontoadas), só vos digo: RESPECT!

Estejam elas a trabalhar, longe, a correr de uma festa para outra ou no Céu!

RESPECT! Um grande bem-haja àquelas mães que se descabelam todas, correm o risco de ser despedidas, e ainda o risco de se espatifarem no meio de uma corrida desenfreada para conseguirem estar sentadas 15 minutos naquela cadeira miniatura que transborda o rabo por todos os lados, ver as actuações que são rápidas e, muitas vezes, pouco treinadas. Depois saem a correr para voltar ao local de trabalho. Até podem nem produzir nada, o resto do dia, mas ficam ali, a suar em bica, com ar de quem espera a ambulância depois de um atropelamento… por um autocarro!

O dia da Mãe escolar é, a meu ver, uma forma de bullying! Se querem festejar, festejem no fim-de-semana e para que quem se sinta “posto de parte” não seja obrigado a estar presente.

Quero ver como é que vai ser com os novos casais. Uns a levar mães a mais e outros a menos. Não tenho nada contra, haja AMOR, nada mais! Mas acho que isto do dia da Mãe escolar já está a ter contornos de “dia dos namorados” ou de “Ano Novo”. Aquela obrigação de termos mesmo de celebrar nesse dia e, nestes casos, ver os outros a celebrar colados a nós e ter de aturar o filme.

Quem não celebra nesse dia sente-se, no mínimo, “diferente”. Mães e pais arrasados que deixam os filhos nas escolas com a certeza que mais tarde, naquele dia, se sentirão tristes porque a sua mãe é uma das que não pode estar.

Tantos problemas em dar uma palmadinha na altura certa ou em castigar as crianças porque podem ficar traumatizadas, mas festejam o dia da Mãe junto de crianças que não podem ter os pais presentes.

Haja coerência!

Inês de Santar é a segunda de seis irmãos. Em 2009 começou a escrever o seu primeiro romance e, em 2012, revela publicamente o seu gosto pela escrita, com a abertura da página Inês de Santar.

Como pais e educadores, haverá alguma forma de andarmos um passo à frente dos nossos filhos? Será isso necessário? Como fazê-lo?

2 thoughts on “O dia da Mãe escolar
  1. Boa tarde,

    E quando não existe o pai ou a mãe em casa?
    Quando as professoras planeiam estas actividades, só pensam nas famílias ditas normais: pai e mãe.
    O meu filho, hoje com 13 anos, foi criado sem a presença do pai no seu dia a dia e toda a sua vida sofreu no Dia do Pai, precisamente porque todos os pais lá estavam com os seus filhos e ele não tinha lá ninguém. Não acho isto justo e muito menos pedagógico.
    O meu filho fazia sempre o presente para o pai, mas dava-mo a mim, e houve uma vez que fez um pião e deu-o ao meu pai.
    Acho que dão demasiada importância a estes dias, em particular com estas actividades nas escolas.
    Quem tem pai e mãe é todos os dias, não só nesses dias.

    Obrigada

  2. boa tarde,
    como docente, essa pratica é utilizada na minha escola.
    Não a considero tão lesiva como parece demarcar na sua descrição.
    Ao ser trabalhada na sala esse evento com as crianças, elas são devidamente informadas que há meninos e meninas que poderão não ter o Pai/Mãe presente, mas a professora está la com eles para minimizar essa “perca” momentânea. Eles começam a perceber que o trabalho da mãe ou do pai nem sempre propriícia a presença deles na escola mas à noite eles entregarão o miminho que fizeram. Costumo dar o meu exemplo enquanto mãe, que tambem não permitia a minha presença nas mesmas, mas os professores estavam la para colmatar de certa forma essa ausência.
    Como tudo na vida há sempre o lado positivo e o lado menos positivo das situações, temos é que contornar e fazer entender às crianças a realidade do dia a dia que terão que percecionar de forma positiva. Depois há o lado das mães que vão e que participam ativamente no dia a dia da escola sentindo-se mais confiantes mais gratificadas pelo pequeno momento que o seu filho preparou para ela, embora o stress do seu dia seja maior. Mas ainda assim valeu a pena.

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