O impacto do divórcio nas crianças e adolescentes
O número de casais portugueses que anualmente se separam tem vindo a aumentar sistematicamente.
No meio de conflitos que não terminam após a separação encontram-se crianças e adolescentes que passam por grandes alterações de rotinas. Paralelamente não podemos deixar de referir que emocionalmente existem variações que podem comprometer o seu bem-estar.
Os pais muitas vezes perdidos e desgastados pelos seus próprios conflitos, deixam ficar para segundo plano as necessidades afetivas dos filhos que, sem culpa ou envolvimento direto na situação, se veem como elementos extremamente frágeis e que precisam de se reorganizar para se adaptar à nova realidade.
Cada criança/adolescente sente o mundo à sua volta de forma diferente.
O impacto do divórcio nas crianças e adolescentes
O divórcio dos pais não tem necessariamente de ser vivido de uma forma traumática. Existem crianças/adolescentes que, apesar da separação dos pais, permanecem felizes. Os vínculos sociais sólidos possibilitam o diálogo sobre o que se está a passar. Isto permitirá à criança satisfazer as suas necessidades, encarar a situação de forma responsável e apoiá-la quaisquer que sejam as circunstâncias.
Por isso, perante uma separação há sempre comportamentos que os pais podem e devem fazer no sentido de diminuir o impacto da separação.
Neste sentido vamos destacar os seguintes aspetos:
- Não expor os filhos aos conflitos entre o casal, mas explicar de forma clara e de acordo com a faixa etária que a separação vai ocorrer;
- Não envolver os filhos nas disputas entre pai e mãe;
- Nunca culpabilizar os filhos por decisões que são inteiramente da responsabilidade dos adultos;
- Proteger os filhos do envolvimento jurídico e de questões ligadas a acordos de regulação paternal ou de regime de visitas;
- Não fazer dos filhos substitutos emocionais do pai ou da mãe ausente:
- Nunca denegrir a imagem do pai ou da mãe;
- Não excluir ativamente ou deliberadamente o outro progenitor do contacto regular com os filhos. (Exceto se devidamente provadas situações de risco daí resultantes);
- Não conflitualizar sobre a possibilidade de uma nova relação de qualquer um dos pais:
- Manter uma boa disponibilidade emocional para acompanhar os filhos numa fase de dificuldade emocional acrescida.
Infelizmente nem sempre é possível atuar de acordo com o desejável.
Por isso existe uma grande percentagem de casos em que a separação representa uma fonte de mal-estar e sofrimento para os filhos.
Os recursos psíquicos variam conforme:
- a idade;
- desenvolvimento emocional e cognitivo;
- predisposição genética;
- fatores ambientais.
Esses recursos por vezes revelam-se insuficientes para conter, elaborar e ultrapassar uma situação de especial fragilidade ou tensão como é o caso de uma separação.
É importante manter a atenção redobrada e saber valorizar sinais e sintomas na vida emocional das crianças e adolescentes. Assim, será possível intervir o mais precocemente possível evitando danos futuros.
Para finalizar deixamos alguns sinais de alerta para os quais pais, professores, educadores e outros adultos devem ficar atentos:
- Tristeza constante
- Alterações do sono
- Regressão no controlo dos esfíncteres
- Aparecimento ou agravamento de medos ou fobias
- Silêncio e isolamento
- Agressividade
- Baixo rendimento escolar
- Consumos exagerados de substâncias aditivas como álcool, drogas, etc.
Soraia Francisco, Psicóloga Clínica OPP nº 2024, para Up To Kids®
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