Agora que se encontra relançado o tema da natalidade sabe-se lá porque razões, eleitoralistas ou não, considero pertinente exprimir de forma sucinta e humilde, as minhas ideias sobre o facto estatístico de as mulheres residentes em Portugal na actualidade terem em média 1,2 filhos, não tendo em conta os fenómenos migratórios que ocorreram no País nos últimos 20 anos.
Se a questão for analisada tal como no passado, com a introdução do triste e famigerado “cheque bebé” de € 200,00 não servirá de muito colocar todas as “fichas” na questão económica, dado eu entender ao contrário do que é apregoado pela horda de representantes de famílias numerosas que insistem em afirmar que as questões económicas não influíram na decisão de ter ou não ter filhos.
Ter ou não ter filhos é sem dúvida uma questão de dinheiro e só quem não sabe ou nunca viu o drama que é não ter dinheiro para os seus filhos é que pode proferir tal dislate.
Não embarco igualmente na questão pseudo – religiosa do “…havemos de ter os filhos que Deus entender…” pelo simples facto de que isso para mim e para os laicos é ser inconsciente ou irresponsável.
Estabelecido este ponto de ordem e seguindo para o título deste escrito, é inegável que vivemos numa sociedade egoísta, consumista e de puro prazer.
Por tal, a ideia de compromisso ou “prisão geracional” é pouco apelativa face à panóplia de distracções disponíveis para os homens e mulheres do século XXI.
Tendo como pano de fundo o cenário económico e financeiro europeu que nos esmaga, muitos casais optam por não ter filhos.
Seja pelo poder, pela ascensão e realização profissional, pelos concertos, pelos telemóveis e pelos modelos de carro superior ao do vizinho, a verdade é que face ao envelhecimento da população, algo tem que ser feito para que nasçam mais bebés.
É necessário reformar o sistema fiscal, instituir maiores deduções à colecta e majorações mas num contexto amplo e estrutural em simultâneo com mudanças massivas nas relações laborais que tornem corriqueiro a discriminação positiva dos trabalhadores com filhos.
Para mim é um dado adquirido que o dinheiro contará sempre e será sempre um bem escasso, mas, não valerá a pena ao Estado investir uns milhões de euros para combater esta bomba relógio que é a ausência de nascimentos?
A maior mudança será sempre a das mentalidades mas se forem criadas as condições mínimas para que aqueles casais já por si fiscalmente asfixiados possam ver os seus filhos crescer, a culpa da ausência de natalidade já não morrerá solteira.
É óbvio que é essencialmente uma questão de dinheiro que permitirá a cada vez mais Avós orgulhosos, poderem estar com os netos como nunca estiveram com os filhos e estarem igualmente certos que terão mais possibilidades de usufruir de modo estável das suas pensões de reforma!
O País e concomitantemente, o seu sistema de Segurança Social ficará sempre agradecido aos corajosos Pais pela criação de mais um cartão de cidadão… e contribuinte!
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