
O mau humor do pai afeta o desenvolvimento intelectual dos filhos
Um pai irritado, na maioria das vezes, reflete não só a falta de controle das suas emoções, como gera um efeito negativo no desenvolvimento cognitivo e emocional dos filhos.
Embora este comportamento seja mais comum nos homens, convém reforçar que é tão prejudicial como quando exercido pela mãe. E, pior ainda, quando é característico em ambos os progenitores.
Quando um dos Pais grita frequentemente
Os gritos, por exemplo, independentemente da causa, devido à violência intrínseca, têm um efeito extremamente forte nas crianças (pela negativa). A euforia manifestada por gritos quando uma equipe de futebol marca um golo pode ter o mesmo efeito negativo do que gritar durante uma discussão entre o casal. A criança olha mais para a forma do comportamento do que propriamente para a sua causa. Além disso, comportamentos carregados de ansiedade têm efeitos similares em crianças. Ansiedade gera ansiedade.
O estágio de maior vulnerabilidade das crianças frente a este tipo de comportamento ocupa a faixa etária desde o nascimento até aos três anos de idade. Mas isto não significa que se forem mais velhas as crianças não se sintam afetadas. O mau humor de um pai é geralmente traduzido por um sentimento de culpa nas crianças. Isto significa que as crianças podem sentir-se responsáveis pela falta de controle emocional dos pais.
Os efeitos do mau humor do pai, ou síndrome do pai stressado
Os filhos de um pai mal-humorado desenvolvem, com o passar do tempo, problemas de insegurança, angústia e stress . Estes sintomas irão afetar a sua evolução cognitiva, emocional e linguística, bem como as suas habilidades de sociabilização. Infelizmente, o mau humor age como uma epidemia e rapidamente se espalha a toda a família. Torna-se um “estilo de vida” que se repete como um ciclo vicioso.
A ansiedade é uma condição que não facilita o aprendizado. Há um “excesso” nas emoções e isso impede que se concentre a energia psicológica para outros aspetos. Além de que o stress também supõe um obstáculo para a continuidade da atividade. Habitualmente quem sofre de ansiedade acaba por se tornar instável perante as suas responsabilidades.
O mau humor do pai gera uma tensão adicional na criança. As obrigações académicas são por si só uma fonte de tensão para as crianças. Nestes casos, terão de lidar com duas fortes demandas simultaneamente. Por um lado, com o conflito de culpa e confusão que se origina no mau humor do pai. Por outro lado, com a necessidade (e obrigatoriedade imposta) de responder às suas obrigações.
“Não consigo pensar em nenhuma necessidade da infância tão intensa como a necessidade de proteção de um pai “- Sigmund Freud
Agressividade como um exemplo
Um pai rabugento e alterado transmite mensagens agressivas e assustadoras aos filhos. Por isso é que é, cada vez mais, se encontram adolescentes (e adultos) fracassados e, muitas vezes, vítimas de algum tipo de vício. São pessoas que se tornam tão atormentadas quanto os seus progenitores e vagueiam pela vida sem esperança.
As crianças aprendem essencialmente pelo exemplo. Inconscientemente, imitam o comportamento dos pais (os seus elementos referenciais), quer este seja positivo ou negativo. Assim, nestes casos, aprendem a ser emocionalmente descontroladas. Ao acatarem os ataques dos progenitores, acreditam que a sua resposta reflete o que eles sentem. Portanto, é muito provável que a criança acabe também por desencadear conflitos na escola. Torna-se tão descontrolada quanto o seu pai e reagindo de forma irracional à mais pequena adversidade.
As relações na escola
O ambiente escolar tem um papel fundamental no desempenho académico. Ora, se a criança transformar as relações na escola numa nova fonte de angústia, provavelmente prejudicará ainda mais a sua capacidade de tirar proveito disso. É uma corrente que se estende e que, na pior das hipóteses, levará ao fracasso escolar, o que levará ao aumento do sentimento de culpa, ao aumento das suas inseguranças e à frustração.
Por outro lado, o pai que está positivamente envolvido na educação dos filhos está a criar condições para que eles desenvolvam autoconfiança. Esta segurança é manifestada através de habilidades sociais superiores e melhores resultados académicos. Aprender passa a ser encarado como uma aventura interessante e os objetivos como desafios assumidos com entusiasmo.
Algumas recomendações
As alterações emocionais dos pais como raiva, tristeza e stress, inibem o bom desenvolvimento da criança. Os filhos de pais com essas características replicam esse comportamento com efeitos nocivos a longo prazo. Estes podem causar depressão e problemas de aprendizagem e de linguagem.
Assim, deixamos aqui algumas recomendações, para pais e mães:
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Fortaleçam o relacionamento com os vossos filhos:
Expressem os seus sentimentos. Falem sobre o que gostam e não gostam. Das vossas preocupações, anseios, medos e sonhos. Não só estarão a criar um clima de confiança, mas também promovem o diálogo e terá um efeito terapêutico para toda a família.
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Responsabilidades profissionais e filhos são fundamentais, mas não são tudo.
Devem saber manter um espaço e um tempo para para cada um de vocês, e para os dois em conjunto (se for o caso de estarem juntos). Vocês também merecem atenção. Façam atividades que possam desfrutar. Dividam-se e aprendam a libertar a mente das tensões. Relaxam ou pratiquem um desporto. Arranjem um hobbie!
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Fiquem atentos a qualquer sinal de desestabilização do vosso humor, como stress, depressão, angústia ou raiva.
É aconselhável estabelecer limites e manter o autocontrole. É melhor agir na altura certa e não permitir que os conflitos aumentem. Assim não haverá arrependimentos mais tarde. Se for preciso, procure um profissional para o ajudar..
Nós, pais, queremos que nossos filhos sejam felizes.
Tente oferecer-lhes tempo de qualidade, aproxime-se deles e não se esqueça de dizer (todos os dias) o quanto os ama. Não tenha medo de pedir desculpas se agiu de forma menos correta. É muito positivo que os miúdos saibam que esse é um comportamento positivo e que toda a gente deve desculpar-se quando erra e tentar não repetir “a graça”.
Artigo publicado em La mente es maravilhosa traduzido e adaptado por Up To Kids®
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Muito bom e aversivo.
Eu acho que é só aversivo.