“O melhor presente é estar presente”.
Esta é uma expressão que se ouve cada vez mais, e faz sentido que assim seja.
Tempo para a família e (ar)ritmo do dia a dia parecem evoluir na proporção inversa: cada vez passamos menos tempo com a família porque temos dezenas de tarefas e centenas de distrações que afetam o tempo que dedicamos aos nossos filhos.
Poder passar mais tempo – leia-se: tempo de qualidade – com os nossos filhos tornou-se um dos nossos maiores desejos atualmente, enquanto pais e educadores. Poder observar, escutar o que eles têm para mostrar e dizer.
Quantas vezes não passamos tempo, no trabalho, a pensar em como gostávamos de estar mais com os nossos filhos mas depois, quando estamos com eles, ficamos preocupados a pensar no trabalho?
Como é que se gerem estes sentimentos no dia a dia, numa sociedade tão exigente, que ainda não reconhece a importância vital dos primeiros anos da infância?
Há uma parte, orgânica, que tem a ver com o reconhecermos o impacto que têm os primeiros anos de vida de uma criança na sua biografia, enquanto indivíduo. No fundo, sabemos que as crianças não são mais felizes por terem mais brinquedos e gadgets, por exemplo. Um piquenique em família, com tempo e disponibilidade para estar e brincar com os miúdos, e escutá-los, era tudo o que eles precisavam para terem uma tarde feliz. Quem diz um piquenique diz construir um pequeno cenário no quarto, cozinhar juntos, jogar um jogo de tabuleiro, ler um livro.
E não deixar para amanhã o que podemos fazer hoje com eles.
Outra parte, mais prática, tem a ver com esse enorme desafio chamado gestão de tempo. Parece que o tempo está sempre fora de controlo.
Ter uma noção realista das tarefas que temos para fazer e de quanto tempo ocupam irá ajudar. Podemos começar por perceber o que fazemos às 24 horas do nosso dia escrevendo (sim, escrever ajuda a clarificar as ideias!) uma lista concreta das tarefas que executamos diariamente e de quanto tempo dedicamos a cada uma – incluindo as horas dedicadas ao sono.
Vale a pena tentar responder a algumas questões a nós mesmos:
- Qual foi a decisão ou decisões que eu tomei que levou a determinado resultado?
- O que é que me impede de levar o meu filho a passear, de ir à praia, de lhe contar uma história antes de ir dormir?
- O que é que posso fazer de diferente a partir deste momento, o que é que vou mudar?
- Para onde quero ir? Que passos tenho de dar até chegar lá?
A verdade é esta: para haver mudanças temos que rever estratégias. Para que o resultado seja diferente, a estratégia tem de ser diferente. E tem de ser agora. Como diz Eckhart Tolle, “A vida é agora. Nunca houve um momento em que a sua vida não foi agora, nem nunca haverá”.
De fato, embora não seja fácil, é simples. Enquanto pais e educadores, apenas (!) precisamos de zelar pelo ambiente que rodeia a criança, para que ela possa desenvolver-se da forma mais saudável possível. Mais do que o tempo, a qualidade do tempo irá refletir-se não só no “estar” dos mais pequenos como no nosso!