O meu filho fica demasiado nervoso nos testes
Ao longo do percurso escolar, uma criança ou adolescente pode passar por momentos de maior ansiedade e começar a encarar os testes com mais insegurança.
O “nervoso miudinho” ou as “borboletas na barriga” são comuns e tendem a passar. Porém, há casos em que a ansiedade pode pregar partidas e interferir no bem-estar e desempenho escolar do aluno. Pode manifestar-se de variadas formas, a nível físico, cognitivo e comportamental, antes e/ou durante o teste, podendo começar nos dias de véspera.
Vejamos alguns exemplos dos sinais de alerta que os estudantes nos podem dar:
- Queixa-se de dores de barriga, dores de cabeça, demonstra mais tensão muscular, anda mais agitado, tem dificuldade para dormir ou tem sono agitado;
- Verbaliza “não vou conseguir”, “vou ter má nota”, “sou burro”, “não sei nada”;
- Queixa-se de ter “brancas” durante os testes em matérias que estudou bem;
- Tem notas inferiores às suas expectativas e às suas capacidades cognitivas;
- Os momentos de estudo são mais stressantes, ou está mais perfecionista, tentando estudar mais (demasiado), ou procrastina o estudo.
Estas manifestações são-lhe familiares?
Saiba como poderá ajudar o seu filho nestas situações, prevenindo que a ansiedade exagerada se torne presença continua aí em casa e na escola e evitando que tome proporções maiores, ao ponto de interferir negativamente no desempenho e na autoconfiança.
O meu filho fica demasiado nervoso nos testes…
Como ajudar o seu filho a lidar com a ansiedade nos testes
– Ajude-o a dar nome ao que está a sentir e a focar-se na ideia de que consegue lidar com a ansiedade/medo.
Pode dizer algo do género:
“A ansiedade está a crescer e a deixar-te o corpo desconfortável, não é? Vamos lá fazer algo para ficares mais calmo.” Experimentem fazer exercícios de relaxamento (por exemplo, respiração profunda) ou uma atividade de distração.
– Quando estiver mais relaxado, ajude-o a lidar com os pensamentos negativos.
É importante que perceba que são apenas pensamentos (e não factos) e que pode duvidar deles:
“Nem sempre o que o medo nos diz faz sentido, às vezes é muito mentiroso. Lembras-te de quando o achavas que o teste ia correr mal e tiveste boa nota?”.
Perante algo como:
“Estou tramado, são muitos testes esta semana e não vou conseguir estudar tudo.”, pode auxiliá-lo a substituir esses pensamentos por outros mais saudáveis e realistas:
“Pode ser uma semana mais desafiante, mas com calma e organização, vais dar o teu melhor. Já fizeste outras coisas que pareciam difíceis no início e depois conseguiste.”.
– Passe a mensagem de que o esforço é mais importante que a nota específica em si.
Por exemplo:
“Eu sei que te dedicaste, por isso, estamos orgulhosos pelo teu esforço.”;
“Os últimos testes podem ter corrido mal, às vezes acontece. Os próximos hão-de correr melhor. Tu consegues!”
– Nas horas de estudo evitem momentos de pressão.
Compreenda que a ansiedade pode deixar a criança mais sensível a pequenas críticas e com mais dificuldades de concentração.
– Evite qualquer comentário de comparação com as notas dos colegas ou dos irmãos.
– Ajude-o a relembrar os sucessos e coisas que faz bem no seu dia a dia, para o ajudar a focar-se nos aspetos positivos.
– Incentive a prática de exercício físico e atividades ao ar livre, pois são excelentes para libertar o stress.
Caso o seu filho continue a manifestar pensamentos negativos e muita ansiedade relativamente aos momentos de avaliação, não hesite em procurar um psicólogo clínico, que avaliará se existe um quadro clínico de ansiedade de desempenho, compreenderá as causas e intervirá atempadamente. Será uma oportunidade do seu filho aprender estratégias práticas que irão ajudá-lo a lidar de forma calma e eficaz com todos os momentos de avaliação ao longo do seu percurso escolar.
Raquel Carvalho | Psicóloga clínica infanto-juvenil – Centro Catarina Lucas
Conta com uma equipa multidisciplinar de cerca de 30 profissionais especializados em diversas áreas da psicologia e do desenvolvimento humano, prestando serviços nas áreas da psicologia para adultos, infantil e juvenil, aconselhamento parental, terapia de casal, terapia familiar, sexologia clínica, neuropsicologia, hipnose clínica, orientação vocacional, psiquiatria, terapia ocupacional, terapia da fala, nutrição, naturopatia, osteopatia, entre outros.