O meu filho não pode ser contrariado

O meu filho não pode ser contrariado. O que fazer?

“Há crianças tranquilas mas que têm dificuldade em lidar com situações em que se sentem frustradas, quando que ouve um “não”.

O meu filho não pode ser contrariado

De facto, um “não” é sempre difícil de gerir, até para nós adultos. Contudo, a maioria de nós desenvolveu estratégias que lhe permitem lidar com a frustração de uma forma mais adaptativa e até construtiva.

É o que se chama de resiliência.

Quando somos frustrados sentimos e reconhecemos essa vivência como negativa, mas temos a capacidade de procurar e invocar os recursos internos necessários a lidar com as emoções que essa experiência desencadeia (a zanga, a tristeza…). Conseguimos até traçar planos para lutar por aquilo que nos recusaram ou procurar alternativas. Esta capacidade é adaptativa e adquirida através das nossas experiências de vida.

Aos sete anos de idade, por exemplo, muitas crianças ainda não adquiriram a mestria necessária para lidar com estas emoções e, para elas, o “não” é um absoluto. Por exemplo, quando dizemos a uma criança que não podemos ir a casa do amigo naquela tarde, ela pode senti-lo como um “nunca”.

Aprender a gerir estas emoções e aceitar a frustração de uma forma mais tranquila é muito importante e tem impacto nas mais diversas dimensões da vida.

Enquanto mãe terá um papel preponderante no apoio ao desenvolvimento desta capacidade. Algumas estratégias podem ajudar.

1 – Dizer “não”, sem dizer “não”.

Ou seja, em vez de dizer que não pode ver o filme aquela hora, explicar que naquele momento vai jantar, por exemplo, e que após o jantar poderá fazê-lo. Não sendo palavras milagrosas, dão alguma tranquilidade e previsibilidade, a par de uma solução de curto prazo. Outra alternativa, será usar o humor sem gozar, brincar, criar um cenário ainda mais divertido para a satisfação daquele desejo que terá de ser adiado e apresentar uma alternativa prazerosa.

2 – Explicar o “não”.

Ainda que seja verdade que as regras não devem ser negociadas, com o não é diferente e nunca é demais explicar (não se trata de justificar) porque motivo aquele pedido não pode ser satisfeito em dado momento. Uma explicação racional para um “não” alivia a carga ansiosa que lhe está associada. Ajuda a criança a perceber que para tudo há um motivo e gradualmente isso será interiorizado como uma norma.

3 – Lidar com a zanga.

É frequente que a reação à frustração seja “regada” com lágrimas, gritos… A birra… Isto acontece pela imaturidade emocional, ou seja, a criança não consegue interpretar e lidar com o turbilhão de emoções “negativas”, não consegue geri-las. Ora, cabe ao adulto ajudá-lo a verbalizar o que está a sentir sob a forma verbal. Dar um nome às emoções é meio caminho andado. Reconhecer e validar é importante: “compreendo que te sintas muito triste por não podermos ir a casa do primo hoje. Eu sei que tu querias muito”.

4 – Dar espaço

Por muito que vê-lo chorar seja doloroso e que a nossa tendência seja procurar tranquilizar a criança da forma mais eficaz possível, é importante dar tempo e espaço para que ele próprio consiga “reorganizar” as emoções. Permitir um tempo para chorar e ficar triste para que, por ele próprio, consiga progressivamente retornar à calma. Não se trata de ignorar, mas de estarmos por perto para apoiar e ajudar. Temos de dar espaço para que a criança viva a zanga ou a tristeza que possa estar a sentir.

5 – Conversar depois da Birra!

Durante as expressão da zanga a criança não está disponível para ouvir, será sempre preferível esperar. Quando esta termina, conversar sobre o que aconteceu é importante, mas cuidado! Não se trata tanto de falar sobre os motivos do não, agora o importante é falar sobre o que sentiu, o que pensou, o que sentiu no corpo quando estava zangado e ajudá-lo a encontrar comportamentos alternativos àquele que usou.

Finalmente, é muito importante que a criança seja reconhecida pelo seu esforço em lidar com o não, mesmo quando não corre tão bem quanto desejava, o ser capaz de voltar à calma é em si mesmo um motivo para um elogio.

E, porque não, criar o mealheiro do “Já consigo” onde podem colecionar cada pequena conquista que a criança faz de forma cada vez mais crescida!

 

Cansada de fechar a porta do consultório à professora e de na sala de aula “mandar a psicóloga para a rua”, resolvi fazer das duas aliadas num projecto dirigido a famílias e crianças e jovens em idade escolar.

O Bullying, a ansiedade de desempenho, as fobias escolares, as dificuldades de aprendizagem e alterações de comportamento e a orientação vocacional são as áreas de eleição da PsicoProf, assim como a avaliação e apoio pedagógico em dificuldades de aprendizagem.

Gostou deste artigo? Deixe a sua opinião!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Verified by MonsterInsights