Existe um mito que diz que os pais não passam tempo de qualidade com os filhos.
E o que é isso do tempo de qualidade?
Mais uma merda que alguém inventou para encher os pais de culpa. Como se o tempo de qualidade fosse apenas feito de experiências épicas ou de pais sentados no chão a brincar com os filhos de cronómetro na mão.
Não é.
Tempo de qualidade é quando estamos a tomar o pequeno-almoço no sofá e temos os miúdos à nossa volta a comer do nosso pão. É quando o pai está a pentear a mais velha com a delicadeza que eu não tenho, enquanto o mais novo lava os dentes sozinho. É vê-los a descer as escadas ao colo do pai e eu a pedir para falarem mais baixo porque os vizinhos estão a dormir.
É quando chegamos a casa e os deixamos ver a Patrulha Pata e o Ruca e a Masha, enquanto o pai faz o jantar e eu lhes preparo o banho.
É dar banho aos dois ao mesmo tempo, lavar a cabeça dela, enquanto ela lava a cabeça do irmão, tirá-los do banho e vesti-los na nossa cama.
Tempo de qualidade são as conversas com a mais velha durante o jantar ou quando jogamos à bola na sala antes de eles irem para a cama.
É estarmos as duas no sofá a colar cromos na caderneta da Bela e o Monstro ou vermos o E. T. até ao fim ou quando ela nos diz que sabe cantar em inglês as músicas do Música no Coração.
Tempo de qualidade é vê-los correr na praceta a chamarem os gatos da rua ou irmos ao parque dar pão aos patos. É vê-lo destemido a descer o escorrega pela primeira vez. Ou vê-la de caracóis ao vento no baloiço que a leva até à lua.
O tempo de qualidade é feito de rotinas, de momentos simples, de gargalhadas, de conversas, de amor, todos os dias.
Era bom que percebessem isso e deixassem de lixar a cabeça aos pais.
Esta merda já é difícil o suficiente sem dedos apontados.
Tenho nos meus filhos e no mundo depois dos filhos uma enorme fonte de inspiração e o blogue nasceu da necessidade de escrever sobre o lado menos fofinho da maternidade.