A minha filha tem um abraço que podia evitar guerras.
Um abraço puro, sem segundas intenções.
Ela abraça porque quer mimo – dar e receber.
Estende os braços, apoia a cabeça no nosso ombro e sorri.
Nos dias menos bons (desde que fui mãe não tenho dias maus, basta existir a Mariana para nada nem ninguém ter o poder de me estragar o dia), aquele abraço cura tudo.
Se pudesse reproduzir a receita do seu abraço mandava embalar e distribuía pelo mundo.
Já disse que a minha filha tem um abraço que podia evitar guerras?
É tão fofo que mesmo as pessoas que normalmente não exteriorizam carinho não conseguem resistir-lhe.
Os bonecos têm a sorte de ser abraçados põe ela. Alguns também levam umas trincas, mas é a lei da compensação.
Ela abraça a prima com tanta força que a põe a dizer “ai, assim não, Mariana!” – e depois a prima mostra-lhe como se faz com suavidade. Vai aprendendo aos poucos até ao abraço perfeito.
Felizmente, deixa-se abraçar.
Acha graça quando ponho os bonecos a abraçar-se uns aos outros.
Abraça-me quando está contente.
Abraça-me quando está com medo.
Quando está feliz por me ver.
Abraça-me quando a faço rir.
Abraça-me quando se assusta ou magoa.
E abraça-me quando lhe limpo as lágrimas.
Dá os melhores abraços do mundo ao pai.
A minha filha tem mesmo um abraço que podia evitar guerras.
Nós, os adultos, perdemos aos poucos o hábito de abraçar. Temos demasiado pudor, demasiada pressa.
Conversamos menos do que podíamos, ouvimo-nos menos do que devíamos.
Reparo que até aos filhos os pais deixam de abraçar. Quando é que deixámos de dar valor ao amor que sentimos? Quando é que passámos a acreditar que não faz falta?
Faz falta. Faz demasiada falta. Mesmo que os miúdos sejam quase homens e tenham vergonha. Um abraço cura tudo. Lembra que estamos lá. Às vezes só precisamos mesmo de um abraço.
Já deu um hoje? Não deixe para amanhã!
Autora orgulhosa dos livros Não Tenhas Medo e Conta Comigo, uma parceria Up To Kids com a editora Máquina de Voar, ilustrados por aRita, e de tantas outras palavras escritas carregadas de amor!