Um episódio no parque
O que aprendi sobre as outras mães num pequeno episódio no parque
Há dias tive uma experiência no parque infantil que me ensinou uma importante lição de maternidade.
Fez-me pensar sobre a forma como eu reajo, respondo e trato outras mães e os respetivos filhos.
Eu estava nos baloiços a empurrar o meu filho de 1 ano, ao lado de outra mãe que empurrava a sua filha. Estávamos na conversa, quando uma menina que estava em cima de um brinquedo do parque começou a chorar, com medo, porque achava que não conseguia descer. Apesar dos seus gritos, aparentemente ninguém vinha socorre-la.
“Olhe para aquilo…” – Comentou a outra mãe. “Como é que alguém deixa uma criança desta idade sozinha no parque? E se a miúda cai?”
Eu olhei para esta mãe, e para a criança. Depois olhei em volta para perceber quem era a mãe da menina. Percebi que estava do outro lado do parque com outros dois filhos mais novos.
Neste momento, das duas uma: ou juntava-me a esta mãe a criticar a situação, ou fazia qualquer coisa para ajudar.
“Acha que vá lá ajuda-la?”, perguntei. Mas de repente a resposta pareceu-me obvia. “Eu vou lá ajuda-la!”, disse.
Deixei o meu filho no baloiço, afastei-me 15 metros, ajudei a miúda a descer e voltei. Depois, apareceu a mãe da menina com os outros filhos, e estavam a leste do que se passou.
Eu estou a partilhar isto agora, mas não para me vangloriar.
Aliás o que eu fiz nem sequer foi grande coisa. E gosto de pensar que se eu não tivesse ido lá, qualquer outra mãe teria ido, ou a mãe da criança teria aparecido antes que acontecesse alguma coisa má.
Eu estou a partilhar esta história porque eu apercebi-me de uma coisa: nós, enquanto mães, muitas vezes julgamos os comportamentos de outras mães de tal forma que perdemos a noção de senso comum. Uma criança precisava de ajuda, a mãe não estava suficientemente perto, e em vez de ajudarmos de imediato, ficávamos ali a dizer mal da mãe que deixou a criança sozinha no parque.
A mãe da criança, estava obviamente sem mãos a medir, sozinha com três filhos.
Conhece-os bem e sabe que a sua filha é perfeitamente capaz de brincar por sua conta no parque. E apesar da miúda não conseguir descer do brinquedo, na verdade não estava a correr nenhum perigo. Mesmo que tivesse caído, não estava assim tão alto. E havia outras mães à sua volta que a poderiam ajudar caso fosse preciso.
A mãe que estava ao meu lado e que fez juízo de valores, é uma mãe de primeira viagem com uma filha. Com base na conversa que tivemos, e na forma como agiu no parque, é uma mãe bastante protectora. Para ela é difícil de perceber como é que alguém pode deixar uma filha a brincar livremente no parque, nem que seja por um minuto apenas. O juízo de valores que fez foi baseado no conhecimento e na relação que tem com a sua própria filha.
Provavelmente nenhumas das mães que estavam lá nesse dia se lembram desse episódio, mas é algo que me tem vindo frequentemente à memória. Foi algo que me definiu enquanto mãe.
Junto-me à outra mãe e critico, ou ajudo a criança?
Aqui trata-se de fazer parte do problema ou da solução. Neste caso optei por ajudar. O meu plano é continuar a fazê-lo, até porque também eu por vezes preciso de uma mão extra.
Nós jogamos todas na mesma equipa. O que nós queremos é a felicidade e o bem-estar dos miúdos que nos rodeiam (e de todos os outros).
Vamos dar o beneficio da dúvida umas às outras, e sempre que uma criança estiver em apuros, tentemos ajudar em vez de criticar.
Por Mindy Raye Friedman para familyshare.com
Traduzido e adaptado por Up To Kids®
imagem@http://hdwyn.com/
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2 comentários
É assim que devemos proceder, bem haja, continue sempre com esse pensamento, se houvesse um pouco mais de gente a pensar nas soluções e não nos problemas, teríamos com certeza um mundo muito melhor, mas mesmo que as pessoas nos desiludem continuaremos a fazer o que é certo!
Obrigado pela sua atitude!
Concordo plenamente, devemos ajudar-nos uns aos outros, não só em relação às crianças, mas em tudo o resto.
É importante referir que este comportamento de critica e egocentrismo, no meu ponto de vista, é gerado pela sociedade moderna, pela imposição inconsciente de termos de ser melhores que os outros, para termos um melhor emprego, um melhor ordenado, etc.
Se olharmos sociologicamente para a história do Homem, a criação de povoamentos (grupos de famílias a viverem em conjunto num determinado local) servia para colmatar necessidades de protecção e desta forma criar uma rede de interajuda, onde haveria sempre alguém a olhar por algo (fosse a colheita, os animais, as crianças, etc). O crescimento desmesurado das cidades com a sua falta de identidade (onde a minha casa é igual às outras 200, em locais que são autênticos dormitórios e onde as pessoas se isolam cada vez mais nas tecnologias) criam uma sensação de impessoalidade, ou seja, existe a ilusão de que tudo o que acontece fora da vida de cada um não tem peso no rumo da vida.
As pessoas esquecem-se que, fazemos parte de um todo e dependemos todos uns dos outros…se eu estrago, alguém tem de reparar e se eu cuido, alguém fica agradecido.