O que as crianças não sabem sobre o 1º de maio.
No 1º de maio celebra-se o Dia Internacional do Trabalhador no mundo inteiro.
O que significa o Dia internacional do trabalhador, e qual a história por trás deste dia?
Tudo começou no final do século XIX, quando as condições de trabalho eram extremamente difíceis. Trabalhava-se cerca de 12-18h por dia, 6 a 7 dias por semana. Os salários eram miseravelmente baixos, não dando na maioria das vezes para sustentar uma família. As condições de trabalho eram perigosas e insalubres, porque até então não havia direitos para os trabalhadores.
Na maior parte das famílias, especialmente nas mais pobres e do interior, as crianças substituíam as horas de escola por horas de trabalho para ajudar a família.
8h para trabalhar, 8h para dormir e 8h para tudo o resto.
Começaram a surgir pequenos movimentos de trabalhadores, que posteriormente se uniram para lutar pelos seus direitos e direitos das suas famílias, exigindo redução das horas de trabalho, salários dignos e condições de trabalho mais seguras.
Defendiam que o ideal seria dividir o dia em três períodos de 8 horas cada: 8h para trabalhar, 8h para dormir e 8h para tudo o resto.
No 1º de maio de 1886 | Os mártires de Chicago
No 1º de maio de 1886, em Chicago EUA, milhares de trabalhadores fizeram uma manifestação pacífica, para protestar contra estas más condições de trabalho.
No entanto, a manifestação acabou por se tornar violenta, com confrontos entre os manifestantes e a polícia. O resultado foi trágico, com mortes e feridos e este evento ficou conhecido como os Mártires de Chicago.
O legado dos Mártires de Chicago celebra-se hoje em dia em todo o mundo neste feriado, e relembra-nos da importância da existência de solidariedade entre trabalhadores e da continua luta pela justiça social e pelos direitos do trabalhador.
O dia do trabalhador em Portugal
Em Portugal o 1º de Maio foi assinalado pela primeira vez em 1890 mas só como homenagem aos trabalhadores. Em 1919 foi conquistada e reconhecida na lei portuguesa a jornada diária de oito horas diárias para os trabalhadores portugueses do comércio e da Indústria.
No 1º de Maio de 1962 a luta dos trabalhadores fica marcada para sempre na História do nosso país pela importância que tiveram as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo.
Mais de 200 mil trabalhadores da agricultura, que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e fizeram com que os donos das terras que trabalhavam e o governo de Salazar (governo anterior ao 25 de Abril) concordassem com jornada de oito horas de trabalho diário.
Portugal enfrentou um regime autoritário durante grande parte do séc. XIX, conhecido como Estado Novo liderado por António de Oliveira Salazar e, posteriormente, por Marcelo Caetano, onde não havia lugar sequer para exigir direitos nenhuns, incluindo os dos trabalhadores.
O 1º de maio foi um dia de resistência e protesto contra a falta de condições no trabalho.
Manifestações e greves ocorriam em várias cidades portuguesas, especialmente durante os anos 60 e início dos anos 70, desafiando o regime e exigindo melhores condições de trabalho e liberdades democráticas.
A Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974, marcou o fim do Estado Novo e trouxe consigo mudanças significativas nos direitos dos trabalhadores em Portugal. A democracia trouxe muitas coisas boas, entre elas os novos direitos no trabalho, como por exemplo, a negociação coletiva, a liberdade sindical e a proteção social.
Devido ao facto de termos estado sob um regime ditatorial durante muito tempo, só a partir de Maio de 1974, no pós-revolução, é que se passou a comemorar publicamente o 1º de Maio, e só a partir de Maio de 1996, é que os trabalhadores passaram a cumprir 8 horas de trabalho diárias.
O 1º de Maio é mais do que um feriado.
É um dia marcado pela história de lutas e conquistas dos trabalhadores por direitos básicos e condições dignas de trabalho. Desde as duras jornadas do século XIX até os confrontos trágicos como os Mártires de Chicago, passando pelas batalhas dos trabalhadores portugueses contra o regime autoritário do Estado Novo, cada capítulo desta história reflete a resiliência e a determinação da classe trabalhadora.
Assim, enquanto celebramos as conquistas alcançadas, devemos também reconhecer a necessidade de dar continuidade e de denunciar os maus tratos e defender os direitos de todos os trabalhadores de todo o mundo.
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