O amor não se explica. Se se conseguir explicar, é porque não é amor. Vou tentar não te encher de frases feitas, minha querida. Porque o amor está à tua volta, basta estares com atenção.
É amor o que sentes quando o pai chega a casa e queres muito que ele te pegue ao colo.
O que existe entre mim e o pai, em cada gesto, em cada sorriso, em cada piada que trocamos.
O que vês quando chegas perto dos avós e eles largam tudo o que estão a fazer só para te abraçar.
É amor quando não te deixo andar livremente pela cama, porque estás sempre quase, quase a cair para o chão.
Quando te limpo as lágrimas depois de teres mordido a língua por ainda não estares habituada a ter dentes.
Quando o pai e eu te olhamos a levantares-te sozinha na cama e a sorrires triunfante por não teres tido ajuda.
Quando te deito e não queres dormir e queres brincar e insisto, porque tens de descansar.
Quando te canto, nuns dias mais afinada que em outros.
É amor o que aquele menino do café faz à irmã, apertando-lhe o sapato.
O que as nossas vizinhas sentem quando vão passear os seus cães.
O que aqueles amigos mais velhos sentem quando correm, faça frio ou faça sol.
O que o casal de adolescentes sente quando discute, numa cena constante de ciúmes, porque ele não lhe dá a atenção que ela queria.
É amor o olhar melancólico daquela velhota que encontramos à tarde, de cigarro quase apagado pendurado nos lábios, quando nos olha e diz “os meus também já foram assim”.
É amor, e também medo, o que aquela mãe sente quando segura a mão do filho, mesmo por um triz, antes de ele atravessar a rua sem olhar para o lado a ver se vêm carros.
É amor o que aquele rapaz das sardas e sempre de headphones sente quando finge estar a ler um livro e observa a rapariga do 12º andar a passear o seu caniche.
O que sentem as pessoas quando gritam “golo” ou aplaudem no fim de um espectáculo.
É amor o que sentem os pais que se despedem dos filhos no aeroporto, sem saberem quando voltarão a vê-los.
O que sentem os pais, à porta da escola, a segredar ao ouvido dos filhos que eles são capazes, que é só um exame, que estão preparados.
O que sentem os pais que dizem aos filhos, na mesma porta da escola, que deviam ter estudado mais.
É amor quando um grupo de jovens se junta para defender um amigo, vítima de injustiça.
É amor (próprio, tão, tão importante) quando alguém decide dizer basta numa situação de violência.
É amor quando cuidamos dos outros, quando nos lembramos de cuidar de nós.
É amor quando fazemos o que gostamos e aquilo de que gostamos um bocadinho menos, porque é importante que o façamos.
É amor, mesmo quando parece que ele não existe.
Tudo é amor, mesmo na ausência dele.
Que tenhas uma vida cheia de amor, que o consigas encontrar à tua volta e, mais importante de tudo, dentro de ti.
Por Marta Coelho, para Up To Kids®
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Autora orgulhosa dos livros Não Tenhas Medo e Conta Comigo, uma parceria Up To Kids com a editora Máquina de Voar, ilustrados por aRita, e de tantas outras palavras escritas carregadas de amor!






