
O Respeito assenta no Amor. A Obediência assenta no medo.
O Respeito assenta no Amor. A Obediência assenta no medo.
Uma das forças maiores na nossa mentalidade, que tem viajado ao longo dos tempos é de que os filhos devem obediência aos pais.
Mas queremos que eles nos obedeçam ou que nos respeitem?
É que existe uma linha que separa a obediência do respeito. E cada uma delas assenta em dois pilares diferentes. Pilares que não se complementam e que muitas vezes se confundem entre si.
O pilar da obediência assenta no medo. Se fizeres isto, acontece-te aquilo. Se não fizeres o que te digo, acaba-se logo a brincadeira. De generoso – e de ensinamento – isto tem muito pouco.
De que forma aprendemos? Como é que enraizamos conhecimento?
Pensemos um pouco sobre isto.
- O que é que nos leva a agir como agimos com os nossos filhos?
- Será que agimos de certa maneira por causa deles? Ou será por causa de nós?
- Aprendemos quando alguém nos repreende ou quando alguém nos apoia?
- Quando alguém nos grita ou quando nos faz pensar?
- Aprendemos mais com alguém de quem temos medo ou com quem nos inspira?
E isto aplica-se às mais pequenas coisas. E às maiores também.
Há várias formas de fazer a mesma coisa.
É importante lembrarmos que as palavras que usamos, a forma como falamos tem um impacto profundo em quem recebe a nossa mensagem. E nós não queremos que os nossos filhos tenham medo de nós. Se tiverem medo, ao contrário do que possamos pensar, não irão confiar em nós. O pilar do respeito assenta no amor.
A obediência diz: Não penses. Faz.
O respeito diz: As razões pelas quais é importante fazeres são…
Obediência
Obedecer é fazer o que o outro diz sem questionar. Ter de obedecer é ser coagido a aceitar as coisas sem ter a possibilidade de entendê-las, de questioná-las, de conhecer as suas causas, as suas razões. Obedecer é uma acção passiva. Obedecer implica subordinação da vontade, obriga ao cumprimento de um pedido ou de uma ordem de forma cega e imponderada. E nós queremos que os nossos filhos aprendam a pensar pela sua própria cabeça. Só assim conseguirão ser completamente autónomos.
Respeito
O respeito assenta no amor. No amor pelo outro, na empatia, na compreensão. O respeito assenta na liberdade. Na liberdade de questionar para entender e poder escolher. E liberdade, todos temos direito a ela. Liberdade de opção, de compreensão das causas, no entendimento das razões. O respeito assenta no diálogo. Os pais ensinam respeito. Educam pelo respeito. Não pela obediência.
Ensinam-no respeitando eles próprios os filhos.
Sabem que os filhos têm direito a comunicar os seus interesses, as suas emoções. As suas vontades. Que são tão nobres e válidas – ou mais – quanto as nossas. Pode ser desafiante. Claro que é desafiante. Mas é muito gratificante em termos de autonomia, de afeto, de formação das emoções quando sabemos transmitir aos nossos filhos – com amor e tranquilidade – a razão pela qual o respeito é fundamental.
Lidar com outro ser humano tão complexo e completo quanto nós próprios somos é sempre desafiante. Especialmente numa cultura que coage as crianças a obedecerem sem questionar. Uma cultura cujo foco primordial deveriam ser as crianças e o seu bem estar. Mas o foco primordial é facilitar a vida dos pais. E isso é como construir uma casa pelo telhado.
Temos de ouvir os nossos filhos não apenas com os ouvidos, mas com a alma.
Escutarmo-los profundamente. E saber que como seres humanos que são – não seres inferiores ou menos capazes – devem ter voz activa nas decisões que os implicam. Para que saibam ao longo da vida escolher em liberdade. Prevenindo para perigos, alertando para situações que possam surgir. Mas dando-lhes a escolher o caminho que querem traçar. Fazendo perguntas em vez de impor opiniões, oferecendo ferramentas emocionais para que possam voar. Desde muito pequeninos.
Enquanto pais, somos figuras de proa na vida dos nossos filhos.
Somos tantas vezes o seu leme e o seu farol. Quanto mais os nossos filhos se sentirem respeitados e livres, quanto mais voarem, mais colaborarão connosco, mais solidários serão, mais fortes crescerão. Crianças que não se sentem livres, vivem encarceradas nos seus próprios medos, muitos dos quais não conseguem discernir, têm receio de comunicar – e muito menos libertar-se. O mesmo se passa ainda com tantos de nós. Se calhar consigo, não é verdade? Em encarceramento, não há capacidade de expansão da mente, de concretizar, de produzir. O foco fica descentrado. Fica desfocado. Não há como realizar-se na escola, tirar boas notas. Não há como viver em paz. E temos escolas – e casas – repletas de crianças encarceradas, que aparentemente – e só aparentemente – manifestam alegria e serenidade.
Exigir obediência dá-nos a sensação de poder.
O prazer do poder. E por isso satisfaz-nos. Porque temos necessidade de controlo. De sentir poder. Para nos sentirmos grandes, importantes. Com força. E tudo isto sacrificando e abafando – tantas vezes – a luz que irradia dos nossos filhos e o que eles trazem consigo para nos ensinar. Pais e filhos são seres humanos, antes de tudo. E o ser humano é maioritariamente emoção. Emoção!
Achamos que os nossos filhos até uma determinada idade, não têm capacidade para tomar decisões. Não porque o vejamos pessoalmente, mas porque o que lemos e o que ouvimos nos leva a acreditar nisso como verdade absoluta. Passamos a agir por pré-conceito. Em piloto automático.
Os nossos filhos vão ser capazes de tomar decisões quando os deixarmos tomar decisões.
Sem questionar, sem ralhar, sem repreender ou interferir. Acreditando neles. Confiando. Dando-lhes crédito. Se o fizermos desde que são muito pequenos, muito cedo conseguirão fazê-lo de forma autónoma. Mas isso por vezes não nos dá jeito. E por isso não fomentamos. Devemos observar. Não apenas agir. Se formos promotores do respeito, se nos corações dos nossos filhos semearmos a semente da liberdade, eles vão saber ser livres. Livres dentro de si. Mesmo que não o vejamos imediatamente, que os resultados não apareçam visivelmente aos nossos olhos, a semente vai estar dentro das suas mentes e dentro dos seus corações, a crescer.
…. ou seja, criarmos filhos que se tornem em pessoas bem resolvidas.!