O segundo Filho

O segundo filho. Será uma boa ideia “ir ao segundo”?

O segundo filho

No outro dia estava a trocar mensagens com uma amiga que me confidenciou que estava a tentar engravidar do segundo filho e numa pergunta que foi já em si uma afirmação, disse-me: será boa ideia? Fica o dobro mais difícil?

Eu gostava que a minha amiga não me tivesse feito aquela pergunta.

Todo o cansaço que ela sente agora não é nada comparado com o cansaço que ela vai sentir, todas as birras que ela agora atura são poucas comparadas com as que ela vai aturar, todos os berros que ela agora dá são poucos comparados com os berros que vai dar e o pouco tempo que agora tem para ela vai-se transformar em ainda menos tempo para ela.

Não queria ter de lhe dizer estas coisas, quando ela está naquele lugar mental em que o segundo filho ainda só é uma ideia que não dá trabalho. E eu que não sou dada a floreados e a paninhos quentes, que prefiro mil vezes uma chapada da verdade à surpresa do desconhecimento, senti-me culpada por lhe dizer que sim que vai ficar difícil, muito mais difícil, incrivelmente difícil.

Penso nos meus filhos e lembro-me como foram duros os primeiros tempos.

As birras que a minha filha fazia quando eu estava a amamentar o irmão. Subia móveis, deitava tudo para o chão, pedia coisas que não lhe podia dar naquele momento e chorava, chorava muito. Queria que eu lhe desse colo ao mesmo tempo que amamentava, queria segurar-me na mama para ajudar, para fazer parte de tudo. Lembro-me como ainda é difícil quando estou sozinha com os dois. Despachar os miúdos de manhã, deixá-los na escola, o final do dia a correr, os banhos, a hora do jantar e o terror de ter de os adormecer, a minha maior inabilidade enquanto mãe. As birras e os choros vezes dois, as guerras pelos mesmos brinquedos ou porque um quer ver uma coisa na televisão e outro quer ver outra e a mais velha sempre a querer mandar no mais novo e ele a resistir. E os gritos deles.

A verdade é que fica mesmo tudo mais difícil e mais cansativo, chega a ser desesperante às vezes, mas pensando mais uma vez nos meus filhos, fica também tudo muito, mesmo muito melhor. Mais completo e mais feliz, apesar do caos.

A minha filha amou o irmão desde a primeira vez que o viu.

Os olhos brilham quando fala dele e trata-o muitas vezes pelo “nosso menino”. Sempre me quis ajudar, desde mudar a fralda, ao banho e a dar-lhe o biberão. É protetora e preocupada, está sempre atenta e faz o relatório de tudo o que aconteceu na escola. Já estão naquela fase em que brincam muito um com o outro. A outra, em que os irmãos mais novos são uns bebés desinteressantes que só comem e dormem, ficou lá atrás. São companheiros apesar dos gritos. Adoram-se e não se largam. Irritam-se e aprendem um com o outro. E nada me emociona mais que vê-los sentados lado a lado a lerem um livro.

À minha amiga, não lhe mentindo sobre a dificuldade e o cansaço, não posso deixar de lhe dizer o maravilhoso que vai ser, a felicidade e o amor a dobrar que vai sentir e a certeza inabalável de que os irmãos são o melhor presente da vida.

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Autora do blogue Ser Super Mãe é uma Treta

Tenho nos meus filhos e no mundo depois dos filhos uma enorme fonte de inspiração e o blogue nasceu da necessidade de escrever sobre o lado menos fofinho da maternidade.

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