O uso das novas tecnologias para entreter as crianças.
As crianças não vêm com um manual de instruções.
No entanto os pais muitas vezes conhecem um botão para desligar a tomada dos seus próprios filhos.
Há dias fui jantar fora e deparei-me com uma situação um pouco caricata e cada vez mais usual: na mesa ao meu lado estava um casal com dois filhos, com cerca de três e cinco anos. Os pais jantavam sossegados. As crianças não se ouviam. Ora numa mesa onde existem crianças há sempre alguma gargalhada, alguma algazarra. Nesta não havia. Foi isso que me chamou a atenção. Cada uma das crianças estava hipnotizada pelo seu tablet. Completamente compenetrados.
Estiveram assim durante todo o jantar.
Quando lhes puseram o prato à frente, foi mecânico, pousaram as tablets e jantaram. Quando terminaram de comer, retomaram aos tablets. Esta, era uma atitude de rotina, mecanizada. Não foi a excepção. Aqui estávamos perante a regra.
Fiquei espantada. Não houve diálogo entre os pais e filhos.
Sabemos que é comum os pais emprestarem aparelhos tecnológicos aos filhos para os entreter e sossegar. O problema é que isto começa a acontecer cada vez mais cedo e os pais desconhecem ou ignoram os riscos.
Deveria existir um limitador de tempo para o uso das novas tecnologias: um tempo máximo para cada criança brincar com o gadget. Um tempo mínimo para que cada pai consiga ter momentos de sossego. O uso das novas tecnologias têm benefícios na criança mas não nos esqueçamos dos seus malefícios.
O uso excessivo das novas tecnologias é nocivo ao crescimento e desenvolvimento de uma criança. Limita o seu comportamento social e cognitivo.
Uma criança que usa excessivamente o recurso às novas tecnologias terá dificuldades em integrar-se socialmente, incentivando a solidão, introspecção, e o sedentarismo. O uso excessivo das novas tecnologias poderá ainda desenvolver nas crianças um vício infantil.
As novas tecnologias só trazem benefícios se forem utilizadas moderadamente e em períodos de tempo adaptados para cada idade, e não devem funcionar como primeiro recurso para sossegar uma criança.
Uma criança precisa de ter contacto real com o mundo real.
O contacto com a terra, natureza, com brinquedos reais e com animais é o maior presente que pode dar aos seus filhos.
As crianças têm de se aborrecer para se tornarem criativas. Um criança sem acesso às novas tecnologias nunca chega ao ponto do “Não tenho nada para fazer”, porque se habituou a brincar livremente. A inventar brincadeiras. A transformar uma vassoura num cavalo de corrida, e um monte de terra em papas para as bonecas. Assim se estimula a imaginação e a criatividade, e se desenvolvem um conjunto de competências chave para o desenvolvimento saudável da criança.
As crianças devem ser preparadas para um mundo real onde, cada vez mais, as tecnologias têm um papel preponderante, mas por enquanto ainda não nos dominam.
Os pais não devem ser tão permissivos no que diz respeito ao uso abusivo das novas tecnologias, e devem vigiar e moderar o seu uso para que não prejudiquem os próprios filhos.
Igualmente preocupante são os sites/apps que as crianças acedem. É necessário controlar os conteúdos que os nossos filhos visitam. Crianças de 5 anos já sabem fazer o download de apps, o que lhes dá acesso a jogos e vídeos desadequados para a idade. Neste caso, será necessário a utilização de medidas de controlo parental tais como o bloqueio da rede com códigos de acesso ou filtros de conteúdos.
As novas tecnologias devem ser usadas moderadamente, em curtos períodos de tempo, e sempre sob a vigilância de um adulto!
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2 comentários
Lembro-me de ser pequena e as mesas dos restaurantes serem estradas onde os meninos faziam corridas com os seus carrinhos do tamanho das suas maozinhas.
Lembro-me de ver as meninas terem palácios para as suas barbies. Lembro-me das crianças imaginarem, sonharem…E agora? Quem lhes roubou os sonhos? Foram os tablets; os telefones; os ipad’s…ou terão sido os pais que, tenho deixando de sonhar, “compram” os sonhos dos filhos?
… boa questão!