Obrigada às amigas que ficam quando os filhos chegam:
“Às que não cobram as vezes em que desmarcamos à última da hora porque os miúdos adoeceram.”
Às amigas que aceitam os nossos queixumes sobre os enjoos ou os pés que não param de inchar.
Às que acompanham o crescimento da nossa barriga com o mesmo entusiasmo que nós.
Que respeitam o facto de querermos visitas na maternidade ou de pedirmos inicialmente algum espaço.
Às amigas que trocam uma tarde de compras no centro comercial por um passeio no parque. Ou por uns momentos com o nosso bebé ao colo para podermos tomar um banho.
Às que conseguem ignorar a nossa barriga ainda em recuperação ou o cabelo mal apanhado, reparando apenas no brilho que os nossos olhos ganharam.
Obrigada às amigas que escutam sem julgar os nossos devaneios momentâneos sobre quão fartas estamos de sermos mães.
Às que não cobram as vezes em que desmarcamos à última da hora porque os miúdos adoeceram. Ou as inúmeras vezes em que um “ligo-te já” se torna num “até para a semana”
Que não opinam sobre o facto de alimentarmos o nosso bebé com leite materno ou leite adaptado. Para elas só importa o que nos faz sentido.
Às amigas que não exigem que finjamos que a vida não mudou ou que até que finjamos que somos as mesmas.
Às que estão disponíveis para nos acompanhar neste processo de redescoberta pessoal.
Às amigas que quando nos convidam para sair nos dizem por exemplo que o espaço tem fraldário e uma zona para as crianças brincarem.
Que trocam uma conversa agradável num café por uma tarde connosco. Mesmo sabendo que vamos conversar em regime walkie-talkie (um pedaço de cada vez enquanto corremos atrás da criança)
Obrigada às (poucas) amigas que ficam.
Muito obrigada por serem a estabilidade num momento em que sentimos tudo tão instável ao nosso redor, até dentro de nós, e por nos provarem que quando a amizade existe as mudanças de vida não a quebram, alteram apenas a sua forma dando lugar a algo maravilhosamente novo.
A entrada no mundo da maternidade rapidamente se revelou menos “purpurino-brilhante” do que havia imaginado. Poderei ser uma mãe que se sente completa, com disponibilidade para a sua prol, se não cuidar de mim enquanto mulher? Poderei ser uma mulher feliz se não me sentir uma mãe livre?