LER PRIMEIRO | A VERDADE SOBRE TER UM TERCEIRO FILHO
A derradeira verdade sobre ter um quarto filho
Quando engravidamos do quarto filho, os mais velhos já são completamente autónomos mas o terceiro é ainda um bebé apesar dos seus quase 4 anos. Não sabemos que estamos grávidas até percebermos que aqueles 3Kg a mais não são por estar a entrar nos 40. Curiosamente sentimo-nos com a energia de uma adolescente, e aguentamos tudo com poucas horas de sono. Parece que estamos grávidas de 6 meses, no dia antes de parir. Já ultrapassamos a fase do stress, e agora adotamos uma postura zen, menos quando estamos a dormir que temos sempre um olho aberto por causa dos outros filhos.
Nesta fase somos super heroínas
Nada nos afeta, e os enjoos nem tiveram coragem de se manifestar. Não há tempo para nada e mal descansamos, por isso, quando é hora de refeição é hora de refeição, e não nos privamos de comer sobremesa sempre que nos apetece. O álcool sabe-nos lindamente até descobrirmos que estamos grávidas. A partir daí voltamos a enfrascarmo-nos em baldes de leite com chocolate. Compramos vitaminas no dia em que descobrimos que estamos grávidas e tomamos religiosamente todos os dias. Tudo o que ajudar a aguentar este ritmo é bem vindo. Redefinimos o conceito de tempo. É a gravidez mais curta da história e é contada em períodos escolares e férias grandes.
Ninguém se dá ao trabalho de nos dar conselhos ou informações sobre bebés
Preocupam-se a dar conselhos sobre contracetivos. Todos assumem que somos loucas e que só pode ter sido um acidente. As pessoas acotovelam-se a apontar para nós no meio da rua, normalmente de sorriso na cara. Fazem questão de nos contar histórias sinistras sobre o terceiro filho que deixou de falar, comer ou fazer cocó quando nasceu o quarto. E sentiu-se incompreendido toda a vida por isso nunca conseguiu ter uma relação estável. O obstetra já nos conhece de ginjeira e falamos várias vezes por WhatsApp.
Como a gravidez se pega, três ou quatro amigas também estão grávidas. As restantes, batem na madeira e continuam com uma vida social agitada.
Perguntam-nos, onde quer que vamos “É o primeiro?” Quando dizemos que é o quarto, ficam com cara de Mona Lisa, e acabam por soltar uma bojarda qualquer tipo:
“- Eh lá, isso é que é! Grande coragem… tinha só rapazes, era?”
– “Não, já tínhamos dos dois sexos, por isso devemos ser mesmo estúpidos por fazer mais uma criança!”
Lemos artigos sobre maternidade nas redes sociais e nos blogues e tiramos dúvidas nos grupos de mães.
A Criança vai ficar com o nome do pai ou da mãe ou do periquito. Montamos o berço ao lado da nossa cama e esperamos que o bebe caiba lá até aos 2 anos porque não há quarto para ele.
Já não temos quase nada de enxoval, mas as coisas vão aparecendo através de amigas e familiares. Mesmo assim fazemos questão de comprar cueiros e outras peças que duram um mês, porque na verdade estamos cheias de saudades de roupa tamanho zero. Os miúdos passam a vida a ver televisão e já mal controlamos as gravações que fazem. Já não se fala sobre pierciengs e tatuagens: eles não falam sobre isso, nós temos tanto com que nos preocupar, que se algum aparecer com um mamilo furado é um mal menor. A Dora e o Ruca já desapareceram da nossa casa, e na verdade, até preferíamos que voltassem porque, pelo andar da carruagem, este bebé vai ser fã de youtubers aos 18 meses.
O bebé nasce. E sentimo-lo como se fosse o primeiro filho.
Este filho vai fazer-nos perceber a quantidade de amor de que um coração humano é capaz. Vamos olhar para os mais velhos com outros olhos, e perceber o doloroso que é estar longe deles. E vamos perceber que eles continuam a precisar de nós tanto como o bebé. Vamos ter de gerir o nosso tempo, porque a capacidade de amar multiplica-se, mas o tempo não!
Vamos confirmar que temos a capacidade de amar cada um deles. E que temos a capacidade de sofrer por cada desgosto deles. E fazemo-lo alegremente até ao último sopro. Ao nosso último sopro, esperemos.
Quando engravidamos do nosso quarto filho, as pessoas julgam-nos e criticam-nos.
Mas eu vejo sempre o copo meio cheio. E trazer uma vida a este mundo não é garantia de incertezas e tristezas ao longo de toda a existência. Para mim, é garantia de certezas (cada vez mais) e alegrias ao longo de toda a existência.
Eu fui mãe por amor. Amor ao meu marido, amor à nossa vida, amor ao nosso amor. Por querer estender e partilhar este amor. E sim, não planeei tudo, se querem saber… Mas isso nunca fez com que os meus filhos fossem menos desejados ou menos amados.
Se somos felizes assim?
Somos, felizes e completos.
Por Inês Pinto Correia, Todos os direitos reservados
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26 comentários
Sim, adorei
Tenho quatro filhos, tudo dito
<3
Pingback: Não gostas, então não faças!
Olá sou mãe de 3 rapazes. Adorava ter uma menina mas sinceramente já desisti. Só me saem rapazes e as noites têm sido mt ruins cá em casa com o bebé sempre constipado. Qnd fiquei grávida do 3 filho ouve quem dissesse mal mas eu respondi que ia comer na minha casa e não na casa dela. Amo mt meus filhos o mais velho tem 11 anos, o do meio 30 meses e o bebé 5 meses e meio sao os meus amores. Além da casa desarrumada constantemente embora esteja sempre a arrumar e a limpar, é uma alegria ver os seus sorrisos, ouvir o vi a cantar e a correr pla casa. Sempre quis ser mãe.
Ainda tem um de 5 meses. Pode ser que daqui a uns anos venha a menina! :D<3
Uma coisa posso dizer e mentira que não passa mau ,na gravidez estou na quarta gestação e nunca me senti tão mau .Cada gravidez e um jeito e me sinto tão cansada parece que não passa.Uma coisa digo e bem estressante .Mais sei que vai passar e logo vou esquecer e ficar feliz com a chegada do bebê ??
Não sou mãe mas gostava de ter 4 ou 5 🙂 espero não mudar de ideias ! Gostei de ler de como será ????
estou gravida do 4 filhote, e sim estou feliz, no inicio foi estranho pois tenho 40 anos e já não estava nos planos. o mais novo tem 21 meses e sei que não vai ser façil, mas com muito amor e cabelos em pé, vai correr tudo bem. sou uma mãe babada pelos meus meninos <3
Estou grávida do quarto, o meu mais novo tem 11 anos. amei o texto, precisava mesmo de ler algo assim, pois ainda estou assustada com essa novidade. Obrigada pelas palavras…
<3
Lindo texto
Me sinto exatamente assim como vc
Estou grávida do quarto filho e venho sofrendo esse tipo de preconceito ,olhares e comentários maldosos
Já me chamaram de coelha
Sou dentista e tenho condições de criar até mais de 4 ,
Tenho pena dessas pessoas pois devem ser vazias ,não sabem a alegria de nunca estar sozinha , de ter a casa cheia de risos (na maioria das vezes)e de ter a certeza de dever cumprido .
Na sociedade que vivemos mais vale uma pessoa que por vaidade ou puro egoísmo decide não ter filhos do que uma família grande e linda como as de antigamente
Um beijo
E que Deus abençoe todas como nos
<3
Parabéns Carolina! Eu tenho três e estou tentando o bb4 e já ouço críticas!
<3
Adorava! Foi ao terceiro e até cheguei a estar grávida do quarto. Quando soube, fiquei furiosa, desesperada, envergonhada e senti muito medo. Ainda não tinham passado os dois anos recomendados entre cesarianas e seria a quarta! Fiquei desesperada! Depois quando o perdi, senti uma enorme tristeza e ainda hoje sinto que se tivesse condições económicas e físicas, eu gostava muito de voltar a passar pela maternidade. E sei, que iria viver tudo de forma diferente.
<3
Nossa estou simplesmente emocionada com esse texto estou sem palavras minha vida
Obrigada Marla! 🙂
ola sou mae de tres crianças uma de 7anos um de 5anos e uma de 3anos e tenho desejo de mais um filho nao sei porq esse desejo to me controlando muito pra nao ter gostaria de uma resposta pra isso
Quando chegar ao sétimo ……depois me conta.
Embora já todos adultos ( 21 aos 38 anos ) nao consigo pensar o que teria sido a nossa
vida sem todos eles, cada um diferente do outro , tão individuais e tão “nossos” . Parabens pela partilha! Felicidades.
Também sou pai de 4, o mais novo faz hoje 3 meses.
Ainda não tinha encontrado um texto tão próximo da minha realidade diária e da minha mulher. É isso mesmo sem tirar nem pôr, só quem não os tem é que não fica emocionado ao ler estas palavras.
Um abraço.
Adorei revi-me em cada palavra….Parabéns!!!
Estou grávida do quarto, aos 37 anos. Os outros têm 9, 7 e 6 e estão tão felizes! Este bebé foi um grande desejo meu e com jeitinho fui convencendo o meu marido 🙂 Estamos entusiasmados com esta nova fase, à nossa volta toda a gente ficou feliz como no primeiro. É um carrocel de emoções sim, estou cansada mas cheia de amor!
<3
Quando se ama um filho, encontramos soluções para tudo, até nos confins do mundo!! Mesmo não planeado!
É mesmo isso. Adorei ler este texto tão analítico, pesando os prós e os contras e, ao mesmo tempo, emanando tanto Amor!