“Amanhã vamos ao Museu! Logo pelas nove horas, bem cedinho, estamos os três a caminho!” Disse eu num tom formal, pomposo, quase ostentoso.
“Yehhhhhh!” Responderam as duas crianças no seu tom habitual.
E acordámos mesmo cedinho. Eram quase onze da manhã!
Preparámos um cesto com petiscos saudáveis. Grelhei umas tiras de peito de frango e coloquei mozarela no tomate maduro…também não foi bem assim…saímos à pressa e comprámos batatas de pacote. Vingaremos este falhanço ao almoço!
Criámos uma planificação para explorar o Museu. Também não funcionou. Um teve vontade de ir à casa de banho, ainda nem tínhamos começado a visita. O outro quis beber água. Como o fizeram em momentos alternados, a partir daí, quando um queria beber água, o outro queria fazer xixi. E assim sucessivamente. Lá se foi a planificação.
Respirei fundo e olhei para os claustros do inspirador Museu. Agradeci a mim mesmo por ter desistido de juntar a este trio a minha filha mais nova. Ela iria deixar-nos com os nervos em franja, com correrias desenfreadas pelas salas do Museu. Com dois anos também não deve apreciar muito uma visita ao Museu. Ou será que sim?
Como os dois rapazes já têm dez e nove anos, é certo que vão aprender e usufruir da visita. Bem, usufruir talvez, aprender, já não digo nada…
Foram duas horas de correria entre “olha ali o maior aranhiço do mundo!” e “olha o maior dinossauro do mundo!”, salpicadas com “tenho fome” e “quero ir fazer xixi”. O Museu do futuro há-de estar organizado em “top o maior do mundo” e “top mais pequeno do mundo”. Pelo menos estas duas crianças que levei, só queriam saber disto.
“Esta senhora é bem chata!”, diz-me o miúdo, como se fizesse uma confissão. E era. Bem, não sei se a condeno. Se eu com dois, já estava atento e preocupado, ela, monitora de uns vinte, deve chegar ao fim do dia de rastos!
Aproveitei para me recordar do meu pai. Ele defendia-me sempre. Defendia os meus ritmos enquanto criança. Tive orgulho em mim, porque senti que herdei alguma dessa paciência. No fundo, há que gostar de crianças! Elas têm fome, acordam demasiado tarde, querem fazer xixi, acordam demasiado cedo, querem ver a maior aranha do mundo…e elas merecem todo o nosso empenho.
Na Sala Um queriam estar na Sala Dois. Na Sala Dois, perguntavam pela Sala Quatro…
O colaborador do Museu foi-nos perseguindo. Será que ele tinha medo que os miúdos estragassem alguma coisa? O Museu do futuro há-de ser à prova de “estraganços”. Ouvir é bom, ler também, mas as crianças precisam de tocar! Querem mexer!
“Vamos almoçar!” Digo eu. “Yehhhhhh!” Responderam as duas crianças no seu tom habitual.
“E à tarde vamos onde? E depois?” Diz um deles. “Quero fazer xixi”. Diz o outro.
Adoro.
imagem@guiadeviagens
A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.
1 comentário
Deve-se informar de quando e que este e outros Museus teem workshops e ateliers para os miudos, idades, horarios etc, porque quase todos hoje em dia teem workshops e ateliers para eles.
Continue a incentiva los a ir, e a cumprir horarios.
Eu frequento Museu quase todos os fins de semana, e ja consegui educar e disciplinar o marido, que e um autentico miudo, na parte da planificaçao, ate mesmo na hora de beber e ir a casa de banho, para depois ser mais facil, ir com o nosso filho, que necessita de regras, horarios, etc, visto sofrer do espectro de autismo, mas temos planeadas ja algumas saidas com ele em Agosto.
Além disso, com essas idades ja devem ir a alguns museus com a escola, pelo menos eu ia quando tinha a idade deles, nas celebres Visitas de Estudo.
Como sairam a pressa, estavam excitados, tente preparar mochilas, comidas na noite anterior, eu faço sempre isso, os fins de semana sempre, visto que ando sempre em caminhadas e actividades. O que se puder preparar antes prepara-se, congela-se e de manha tira-se e coloca se nas mochilas, sacos, etc.
E necessario e alguma preparaçao antes, vicio de preparar eventos.
Continue a ir, mesmo nao tendo sido desta vez como tinha sido a sua expectativa, que com a continuaçao, todos, voce e eles, começam a ganhar rotinas, e eles apreendem comportamentos a ter nestes locais, e aprendem sim.