A maternidade nasceu comigo. Correu-me nas veias desde o meu primeiro suspiro ao sair da barriga da minha mãe. Quando me imaginava adulta, imaginava-me sempre dentro de uma casa linda e com uma catrefada de filhos por ali ao meu redor. Todos morenos, todos vestidos de igual, todos lindos.
Sempre fui aquela miúda a quem os pais das crianças pediam para dar um olho aos pequeninos porque eu tinha imenso jeito e paciência, diziam eles. Os crescidos. Tirei o curso de educadora de infância, não apenas para poder trabalhar com crianças, mas porque me imaginava a cumprir o meu papel de mãe na perfeição e nada melhor que um curso de educadora para me por no topo dos conhecimentos de como ser mãe e educar. Sempre tive certezas em relação aos meus filhos. As certezas foram todas pelo ralo! E não foi preciso muito…
Bastou ver os dois riscos encarnados naquele baton branco. É impressionante como somos sempre tão certas em relação aos filhos dos outros e com os nossos isso nunca acontece.
A partir daquele instante, tinha uma vida a crescer dentro de mim. 25 anos a sonhar com aquele momento. E naquele preciso momento, tão esperado, encontro-me lavada em lágrimas.
Algumas de alegria, outras de incrudelidade. (Como se eu não tivesse feito de propósito para aquilo acontecer.) Mas a maior parte das lágrimas eram de medo, de ansiedade, de respeito. Segue-se a ida ao médico, a confirmação daquilo que já sabíamos e a ecografia com um feijão minúsculo e feio que ninguém consegue interpretar. E um coração a bater. O coração do nosso filho! Que raio! Este milagre da vida é tão grande!!! Como é que conseguimos ter um coração a bater nas nossas entranhas?! E como é que aquele compasso acelerado consegue mexer com todas as nossas ligações nervosas e com todos os músculos no nosso coração e deixar-nos extasiadas de amor, de felicidade!!!
O nascimento dos meus filhos trouxe-me o maior dos sentimentos. Com todas as expressões clichê que se pode encontrar alguma vez escritas. O maior dos maiores amores. O maior dos maiores terrores. Temos medo de perder um pai ou uma mãe, temos medo de perder um marido, até um cão. Mas só de pensar em perder um filho, até nos falta o ar.
E eu que me achava a super conhecedora mãe, formada em educação de infância e possuidora de todas as respostas para todas as dúvidas, percebi que afinal, os filhos são os nossos maiores professores.Que nos ensinam a amar, a respirar, a não ter pressa, a desvalorizarmos o que, até então, achávamos que era um problema.
De repente, passamos para segundo plano. Vivemos em função dos horários das maminhas, dos choros, dos sorrisos. Os dias passam a ser contados pelas horas de amamentação. Os anos passam a ser contados pelo aparecimento dos dentes, pela primeira sopa, pelos primeiros passos.
Percebemos que somos tão mais pequenos e tão maiores do que pensávamos. É contraditório. Mas ao mesmo tempo, os nossos filhos são tão mais e maiores do que nós. Mas nós somos tão maiores por conseguirmos gerar vida dentro de nós.
E de repente, transformamo-nos nas pessoas mais importantes da vida de alguém!!! E isso é mágico! A maternidade não é fácil!
Nada fácil e mente quem disser que sim.
Mas é tão boa!
Por Kiki, Família de 3 e 1/2
para Up To Lisbon Kids
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