“Sempre houve bullying, agora atribuiram-lhe um nome!”.
Sim, em parte, é verdade, mas agora também nos apercebemos o quanto afecta as crianças. Sabemos que a taxa de suicidio entre jovens e adolescentes aumentou no nosso país. Também sabemos que há cada vez mais crianças com depressões ou estados depressivos… e por fim, sabemos o mais importante: podemos evitá-lo!
O bullying é um termo que foi introduzido por Dan Olweus quando pesquisava sobre tendências suicidas em jovens adolescentes. As suas investigações levaram-no a concluir que a maioria dos jovens que cometiam estes actos, tinham sofrido algum tipo de ameaça.
É fácil encolher os ombros e fingir que não nos apercebemos que os nossos filhos estão a ser injustos para com outras crianças. Ouvi uma mãe dizer, em defesa da filha, depois de saber que havia um miúdo vitima de bullying na sala da mesma: “Mas atenção que o miúdo é mesmo irritante”… o bullying começa aqui!
Será que esta mãe acorda para a vida quando o prato se virar ao contrário?
Quando a sua rica filha, que sempre foi a gozona da turma, passar a ser alvo do encolher dos ombros dos outros pais?
Pasmem-se, acontece muito! E são esses miúdos que nunca foram “gozados” que não aguentam a pressão…
«O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.»
Albert Einstein
Lembro-me sempre de um grupo, mais popular, que eram conhecidos pelos bonzões ( nunca aceitei esta palavra e nunca a utilizei). Andar com eles era cool, muit’a nice, até se crescia em altura e perdia-se o medo! Grupo esse que fazia o tal bullying a todos os “tótós”. Não foi preciso chegar aos dias de hoje para realizar que:
Os rapazes e raparigas populares (aka bonzões/zonas) são quase todos uns loosers e não fizeram nada da vida porque já naquela altura não demonstravam inteligência. Os Tótós que sobreviveram a este bullying, não dão emprego aos loosers da vida e estão, com certeza, melhor na vida!
Não podemos comparar os tempos, até porque nós andavamos sozinhos na rua desde muito cedo, enquanto os nossos filhos, aos dez anos, para irem ali à mercearia comprar pão quase que vão embrulhados em arame farpado! E nós, ficamos à janela a ver cada passo, trememos quando atravessam a rua e ainda contamos o tempo que demoram lá dentro… já para não falar dos trezentos telefonemas que lhes fazemos para saber se “está tudo bem, querido?”.
São realmente crianças mais protegidas, temos que os libertar um pouco para que venham a ser adultos responsáveis, mas não é tarefa fácil quando todos os dias somos metralhados com tragédias Franciscanas!
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O bullying de hoje é como o cancro: não escolhe inteligência, raça, credo, tótós ou bonzões, nada!
Não é preciso ser psicóloga para saber que é tão mau ser vítima de bullying como ser agressor. Todos têm uma história por detrás.
Uma “razão”, fraqueza ou até uma tristeza…
A violência existe, vai existir sempre, faz parte da vida! Mas é nosso dever, enquanto educadores, ensinar os nossos filhos a geri-la, canalizá-la e controlá-la. Nunca fechar os olhos! Porque fechar os olhos é adiar o inadiável.Todos temos que aprender a gerir esta violência, ou isso ou também faremos parte dela. E se acham que a violência fisica é muito grave e, se é isso que vos leva a ir falar com a escola, desenganem-se! Porque a violência psicológica e o cyberbullying, que são muito mais faceís de se esconder, deixam outro tipo de nódoas negras, muitas delas mais perigosas e que não saram se não as “tratarmos” atempadamente.
Assusta-me a leveza com que se fala de um assunto destes, tantas vezes tentando compará-lo com os “tempos antigos”.
“No meu tempo tinha que me safar sozinha, não tinha lá os meus pais!”.
A leveza acaba quando o bullying lhe toca à porta … aí vai mesmo tratá-lo pelo nome.
NÃO DEIXE QUE O ASSUNTO PASSE, NÃO FECHE OS OLHOS. ACABE COM O BULLYING, UM DIA, PODERÁ TÊ-LO AO SEU COLO…
Links importantes: http://www.provedor-jus.pt/?idc=54, http://www.portalbullying.com.pt/
Musica escrita por Leondre, um miúdo de 13 anos, que foi vítima de Bullying na primária. Este rap espelha a agressão física e psicológica que ele sofria. Com o seu amigo de 15 anos foram ao Britain’s got talent e chegaram à final. Atenta à letra da musica.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=fSfsUw_6sko]
Como pais e educadores, haverá alguma forma de andarmos um passo à frente dos nossos filhos? Será isso necessário? Como fazê-lo?
1 comentário
É um assunto mto importante. Mas desconheço a expressao “tragédias franciscanas”. A que se refere? Seria tragédias gregas?