Imagine que podia começar tudo de novo. Tudo. Hoje. Agora.
Imagine que arrancava de cima de si, de dentro de si, toda a informação que tem sobre as crianças. Que apagava da sua mente tudo o que leu até hoje e por onde se guiou para educar os seus filhos. Imagine que se libertava da opinião da sua mãe, da sua sogra, das suas amigas, dos seus amigos. Que se libertava dos seus próprios conceitos. Das suas próprias ideias. Imagine que se libertava de todos os ” é suposto” na sua e da sua vida.
Imagine que se libertava da sua própria infância, dos seus traumas. Dos seus medos. Dos seus piores pesadelos. Imagine ainda que se libertava dos seus problemas, das suas dores, das suas frustrações.
Imagine que se libertava do tempo que precisa para lavar a loiça, para engomar a roupa, para tratar do almoço, para tratar do jantar, do lanche, do periquito, do cão, do gato. Imagine que se libertava da ideia que tem de vestir o seu filho assim ou a sua filha assado.
Imagine que voltava ao dia em que sonhou em ter filhos. Como iria criá-los? O que iria fazer? Como iria agir?
Imagine que se libertava de todos os conceitos, pré-conceitos e mitos e que começava tudo de novo. Imagine que se libertava de todos os rótulos, categorias, prateleiras, julgamentos, discriminações, ideias preconcebidas acerca das crianças.
Imagine que se libertava de tudo isto e que se limitava a observar como as crianças interagem. Que se limitava a escutar com todo o seu ser tudo o que as crianças dizem. A sentir com toda a sua alma as reacções físicas e emocionais dos seus filhos. Que se limitava a abraçar quando os seus filhos choram, acolhendo-os no seu colo, em silêncio. A apoiar em vez de criticar ou deteriorar, mesmo que não concorde com as suas visões, opiniões ou escolhas.
Imagine que era mais companheiro do que pai ou mãe.
Imagine.
Seria maravilhoso, verdade?
Imagine que se libertava de todos os gadgets. Que se libertava de todos os compromissos. Que se libertava de todos os seus interesses próprios. Que se libertava agora da revista que está a ler. Que largava já este artigo para se atirar para cima dos seus filhos e rebolar com eles no chão só para os fazer rir.
Imagine como seria. Consegue imaginar?
Se o pode imaginar, então pode fazê-lo. Hoje. Agora. Já.
Do que é que está à espera?
Que todos os seus sonhos se concretizem.
1 comentário
Adorei! Parabens!