Estás prestes a completar dois anos.
Corres, falas, compreendes o que te dizem, respondes com graça e adoras brincar.
Sei do privilégio que é ter-te comigo todos os segundos que temos disponíveis só para estarmos uma com a outra. Sei do privilégio que é seres saudável e fazeres todos os disparates que fazes – aprendi a estar agradecida por eles.
Não sabes, mas muitos anos antes de acreditar que um dia seria mãe, escolhi o teu nome. Sonhei-te em segredo, desejei-te quando conheci o teu pai, ainda era eu – mesmo que não o sentisse – quase uma criança.
Estás comigo há muito mais do que estes dois anos. Estarás, se Deus quiser, muitos mais.
Tenho-te tatuada no corpo numa tatuagem que só poucos conhecemos (e a que achas tanta graça!), mas a tua presença na minha vida está-me estampada no rosto: nas olheiras que não passam, nas linhas que ficam mais carregadas, nos cabelos brancos que cessaram de aparecer (um dos teus milagres). Também no corpo deixaste marcas: levaste-me os quilos que tinha a mais e que não faziam falta nenhuma, deixaste-me os braços mais “musculados” de tanto te pegar e brincar contigo, os pés meio número acima desde a gravidez.
Fizeste-me ter saudades infinitas dos meus avós que já não estão cá para te conhecerem, fizeste-me enternecer com as brincadeiras que tens com os que ainda andam por cá.
Fazes-me agradecer por ter o teu pai ao meu lado – sempre, para sempre.
Sorrio muito mais desde que te tenho. Sonho por mim, mas mais por nós. Desejo coisas boas, tento apagar as coisas más que, bem vistas as coisas, não servem para nada.
Vibro contigo a cada nova palavra (e adoro a forma como dizes “pêssego”, “queijo”, “avó Fernanda”, “queres!”, “posso?” e por aí fora).
Emociono-me ao ver-te com a tua tia materna, uma reprodução quase exacta do amor que senti por ela quando era bebé e brinquei, cuidei, ensinei: como ela faz contigo (tão pacientemente).
Deixo-te voar nas brincadeiras no parque, na praia, na piscina, ajudo-te a alcançar novos patamares, a venceres pequenos medos.
Vejo-te cair e sacudir as mãos e os joelhos como te ensinei: e pedires beijinho para passar se te tiveres magoado.
Delicio-me com a forma como cuidas das bonecas (e preocupo-me quando as deixas dentro do alguidar com água de barriga para baixo).
Admiro a tua memória afectiva e orgulho-me das pessoas que te rodeiam.
Foram dois anos para mim, para ti foi toda a tua vida. Espero que estejas a gostar dela – faço por isso.
Vou continuar aqui quando precisares e quando já não for tão precisa assim. Por enquanto ajudar-te-ei a deixar as fraldas, a limpar as lágrimas do teu rosto, a não esqueceres a tua história preferida, a cantar animadamente, a brincar da forma mais disparatada possível, a ser feliz só porque sim – como devia ser sempre.
Lembras-te do que te segredei na maternidade quando o sol brilhava forte lá fora mas estávamos fresquinhas no quarto?
Pois bem, nunca deixarei de o repetir, meu amor.
P.S. – Amo-te.
Autora orgulhosa dos livros Não Tenhas Medo e Conta Comigo, uma parceria Up To Kids com a editora Máquina de Voar, ilustrados por aRita, e de tantas outras palavras escritas carregadas de amor!
2 comentários
Olá Marta, grata por ler o meu coração 🙂 Revejo-me em cada palavra, a Luz vai fazer 4 anos em Outubro e eu cada momento estou grata e me apaixonei mais e mais por ela :))
Beijinhos e tudo de bom <3
Olá Marta, grata por ler o meu coração 🙂 Revejo-me em cada palavra, a Luz vai fazer 4 anos em Outubro e eu cada momento estou grata e me apaixonei mais e mais por ela :))
Beijinhos e tudo de bom <3