Vem aí um irmão… E eu vou gostar
A chegada de um irmão pode constituir um momento desafiante na vida de uma criança pequena. Enquanto filha única, beneficiava da total atenção dos pais e, eventualmente, de outros membros da família, como avós e tios. De repente, a criança sente que o tempo e o espaço, que eram só seus, são “invadidos por um estranho”. Por norma, e mesmo quando a criança se adapta de forma resiliente, a verdade é que o tempo e os espaço que eram dela, o deixaram de ser. E qualquer transformação ou mudança, mesmo que muito desejada, acarreta alguns níveis de stress.
Se a chegada do novo membro da família não for preparada, podem surgir algumas reacções negativas, que embora compreensíveis serão fonte de angústia para si e para o seu filho – a criança poderá tornar-se mais irritável, agressiva e regredir nalguns comportamentos, por exemplo, voltar a chuchar no dedo, falar à bebé ou pedir para dormir no seu quarto… Mas atenção, que se estas alterações ocorrerem de forma transitória, limitada no tempo, podem ser consideradas como normativas, enquadradas no processo de ajustamento à nova realidade.
A família, nos seus complexos laços afectivos, é um sistema em evolução. A chegada de um irmão é, portanto, um momento importante que merece ser preparado com tempo e dedicação, de modo a que alguns dos seus laços não se transformem em nós.
Converse com o seu filho sobre a chegada do novo membro à família. Se o seu filho perceber que vai nascer um bebé e que os seus pais nada lhe estão a dizer sobre esse assunto, ele irá sentir-se traído, pouco importante na vida dos pais, confuso. Ajude o seu filho a fazer parte do processo. Explique-lhe o que se vai passar, oiça e valide as suas dúvidas, responda às suas questões. As questões poderão ser as mais diversas, umas mais simples de dar resposta do que outras. Dê sempre informação verdadeira, numa linguagem simples e adequada à idade da criança.
Permitir que o seu filho participe na preparação do nascimento do irmão, ajudará a que se sinta valorizado. Importa, contudo, lembrar que colocar a tónica na importância do irmão mais velho, não deverá exigir à criança que seja mais madura, que cresça de repente ou que tenha responsabilidades pouco ajustadas à sua idade. A participação do irmão mais velho continua a ser importante após o nascimento. Pode, por exemplo, incentivar a sua ajuda nos cuidados ao bebé, em tarefas simples como ajudar a escolher a roupa que o bebé vai vestir ou a preparar alguns objectos necessários ao banho.
Embora a família se possa sentir “absorvida” pela chegada do novo membro, é de extrema importância continuar a reservar tempo de exclusividade para o filho mais velho, em que dominarão os seus assuntos, os seus interesses, as suas aventuras!
Vem aí um irmão… E eu vou gostar.
imagem@jennmoakphotography
Cada flor, com as suas características próprias, constitui um desafio especial e único em terapia.