Os benefícios da parentalidade preguiçosa. Adeus mães helicóptero
Ultimamente, parece que as outras pessoas estão mais interessadas na segurança dos meus filhos do que eu. Vêem um miúdo pendurado a balouçar nas escadas do parque ou a minha filha a fazer recortes com uma tesoura e saltam disparados em seu socorro. Já perdi a conta da quantidade vezes que um estranho me vem dizer que “deixar andar” não é seguro para as crianças. As pessoas tendem a apontar e julgar.
Gostava de poder dizer que isto só acontece on-line. Que é o resultado de ser uma blogger e expor a nossa vida para quem quiser ler e criticar. Mas não é o caso. Na verdade, acontece mais vezes no meu dia-a-dia do que on-line. Há tempos houve uma pessoa que chegou mesmo a acusar-me de abuso e negligência infantil, por deixar o meu filho de dois anos andar sozinho por cima de um murete que não tinha mais de 40 cm de altura.
Eu estou a prestar atenção.
Eu estou ali ao lado, a observa-los, a incentiva-los e a desafia-los, dando-lhes espaço e liberdade para se testarem.
Eu fico afastada em vez de mergulhar de braços abertos atrás deles. Porque quero que eles ganhem confiança nas suas habilidades e competências. Quero que desafiem as suas capacidades. Para que não tenham medo de explorar ou experimentar algo novo. Para que aprendam a entreter-se sozinhos e a usar a criatividade.
Eu mantenho-me à distancia porque quero que eles se tornem autónomos e independentes.
E apesar de muitos pais nos rotularem como preguiçosos, este método resulta muito bem para nós. Quando caem ou batem em qualquer coisa, eu estou lá para lhes pegar ao colo, dar um abraço e os beijinhos que forem precisos. Mas, na maioria das vezes, não é preciso. Na maioria das vezes eles levantam-se sozinhos, correm para o próximo obstáculo enquanto dançam o Gangnam Style sem uma lágrima na cara.
Como é obvio, não vou dar uma faca de mato à minha filha de 7 anos. Nem tão pouco objectos muito pequenos ao meu filho de 2 anos que adora meter tudo na boca.
Mas essa é a vantagem de ser pai… nós conhecemos os nossos filhos.
Sabemos como é que eles agem. Conhecemos os seus pontos fortes e fracos e as suas capacidades para realizar determinada brincadeira sozinhos. Nós sabemos quando é que podemos ficar a acompanhar à distância, e ser “preguiçosos”
Não deixes que um estranho qualquer te impeça de seres pai à tua maneira. A parentalidade deve ser vivida de uma forma que te seja natural e que permita que os teus filhos sejam livres para se descobrirem e se desenvolverem autonomamente, e serem felizes!
Por Stephanie Oswald, em Parentingchaos
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3 comentários
Adorei o artigo!! Identifico-me completamente com o mesmo e, com filhos de 4 e 6 anos, precisamente pela ânsia de existir demais na dinâmica dos filhos de hoje em dia, aos olhos de várias pessoas, já me detive comigo própria a pensar: “se calhar acreditas demais no Pai Natal e qualquer dia “sai-te a Páscoa à 2ª feira” com um deles” mas, até agora, as consequências desta minha “parentalidade preguiçosa” (adorei o conceito) têm sido muito adequadas.
Muitos parabéns pela pertinente reflexão!
Alexandra Gomes
Adorei o artigo!! Identifico-me completamente com o mesmo e, com filhos de 4 e 6 anos, precisamente pela ânsia de existir demais na dinâmica dos filhos de hoje em dia, aos olhos de várias pessoas, já me detive comigo própria a pensar: “se calhar acreditas demais no Pai Natal e qualquer dia “sai-te a Páscoa à 2ª feira” com um deles” mas, até agora, as consequências desta minha “parentalidade preguiçosa” (adorei o conceito) têm sido muito adequadas.
Muitos parabéns pela pertinente reflexão!
Alexandra Gomes