Os melhores professores são aqueles que protegem os alunos da tempestade.
“Mas em frente ao aluno são capazes de o respeitar e de lhe dar força para mais uma tentativa.”
Há palavras que, pela sua importância, deviam ser ditas com o corpo todo. Professor é uma delas. Sim, sei que há exceções, mas não é delas que quero falar. Porque nos dias de hoje, precisamos de inspiração. De alguém capaz de acreditar em nós. E também de alguém capaz de nos fazer ir buscar ao fundo da alma toda a nossa garra, todo o nosso esforço. Precisamos disto, quer sejamos pais ou sejamos técnicos. E precisamos ainda mais se formos professores.
Nós, como pais, precisamos de professores no seu melhor. E os professores bons precisam de ser reconhecidos.
Imagine que vai num barco pequeno. Imagine que está em alto mar e começa uma tempestade. E imagine que tem dentro do barco algumas crianças e jovens a seu cargo. Esses jovens são seus filhos. Já entendeu. Vai fazer de tudo para que não sintam a dita tempestade. Também vai fazer daquele barco um microcosmos. E também vai protege-los com toda a força. E é assim em muitas das Escolas onde vou. Há um grupo de professores guerreiros que deixam o barco a navegar. Convenhamos que “cá fora” há muitas tempestades. E também há milhares de crianças e jovens a passar horas nas escolas, conseguindo evitar os raios, a chuva e o frio. Estes são os melhores professores. Aqueles que protegem os alunos da tempestade.
Os melhores professores encetam conversas com vista a limar arestas.
Por vezes há sessões com os alunos que passam longe de serem brilhantes. Ou não estávamos nos nossos dias, ou então o grupo de alunos não participou como devia. Custa-nos muito. E é aí que acontece algo extraordinário. Já depois da sessão ter acabado, sem ninguém a observar, sem ninguém a avaliar e, naturalmente, sem ninguém a valorizar, há professores que ficam na sala a debater as causas e as formas de melhorar. Uma conversa de quem verdadeiramente se importa com os alunos.
Os melhores professores vêem a floresta e não apenas a árvore.
Os alunos têm defeitos. Claro. Mas os melhores professores vêem para além disso e encontram também as áreas onde os alunos têm melhor desempenho.
Os melhores professores surgem do nada para saber apenas se está tudo bem.
Se nós adultos temos os nossos dias, também as crianças têm momentos complicados. Muitas vezes encontro um ou outro aluno mais triste, mais cabisbaixo. E do nada, como magia, é comum surgir um professor que pergunta se está tudo bem. Uma palavra simples, um gesto, e logo aquele miúdo vê o dia com outros olhos.
Os melhores professores levam os pais às escolas.
Organizam acções, conferências, mandam convites, comunicam, disponibilizam-se, improvisam, mudam horários, fazem exposições, ou seja, criam e levam os Pais à Escola.
Os melhores professores são um livro sobre atenção aos pormenores.
Os alunos são capazes de descobrir se a professora mudou de cor de cabelo, ou então se o professor veio com um casaco novo. E o professor entende quando algo está diferente. Há cortes. Muitos. E há superação. Há refeições que são servidas, feridas desinfectadas, corações colados, cartões perdidos e achados. E há o descobrir quando algo está diferente.
Os melhores professores ensinam a aprender.
Ainda hoje, um professor dizia-me no final de uma sessão com alunos: “Gostava de saber como fez. Tem que vir cá para nós professores!”. Vejo o brilho nos olhos deles perante a novidade. Ensinar é aprender a vida toda. É principalmente saber colocar as questões certas. É colocar os alunos a pensar. E é tão difícil pensar com as ofertas tecnológicas, com o ritmo apressado das famílias, com as redes (demasiadas vezes) anti-sociais.
Os melhores professores inspiram a nunca desistir.
Há alunos capazes das respostas mais incríveis. Há respostas inconvenientes e inacreditáveis. E os melhores professores mantêm-se impávidos para não beliscar a auto-estima dos alunos. Conseguem rir depois, noutro dia, noutro contexto. Mas em frente ao aluno são capazes de o respeitar e de lhe dar força para mais uma tentativa.
Estes professores não vão em conversa de café.
No mini-mercado da esquina há sempre alguém capaz de acreditar no filho quando este diz ser alvo de discriminação, ainda que sem ouvir o outro lado da história. As profissões não são todas iguais. Se há uns anos havia um reconhecimento social em relação ao professor, parece que a situação está a alterar-se. Acusa-se de discriminação, de ter férias, de não ser dinâmico e de outras irrealidades com demasiada imprudência. Ainda assim, todos os dias há centenas de professores capazes de ultrapassar as críticas injustas, concentrando-se no essencial: os alunos.
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A criação do Mundo Brilhante permite-me visitar escolas de todo o país e provocar os diferentes públicos para poderem melhorar. Agitamos. Queremos deixar marcas.