Os miúdos são uns bichos estranhos não são?
Sinto-me muitas vezes como naquele filme, o Divertidamente, presa dentro da cabeça dos meus filhos a tentar perceber o que se passa lá dentro.
Os miúdos crescem, de repente deixam de ser aqueles bebés bolachudos que comem, dormem e brincam o dia todo e passam a ser pessoas em miniatura que, mais que frio ou fome, sentem emoções. Alegria, ciúmes, tristeza, medo, euforia, raiva e em nós, pais em construção, cresce a preocupação de tentar perceber o que é que eles estão a sentir e o que isso diz sobre a personalidade que estão a desenvolver.
O meu filho não apanha os brinquedos do chão porquê, se ainda agora estava a arrumar as peças do puzzle? Esta birra que a minha filha está a fazer é de sono ou será que está triste com alguma coisa que se passou na escola?
Porque é que o meu filho tem tanto medo do cão da vizinha e ao mesmo tempo adora correr atrás dos pombos?
A minha filha está outra vez com ciúmes do irmão, porquê?
Será que estamos a dar-lhe menos atenção?
Porque é que o meu filho nos desafia e não sai de frente da televisão e depois chora assustado quando deixa cair sem querer um copo de água no chão?
A minha filha que ainda agora estava a dançar no meio da sala, está a chorar compulsivamente porque ainda faltam muitos dias para o aniversário dela, porquê?
Porque é que a minha filha tem tanta consciência dela própria e isso a impede de se divertir?
Não sei.
Fico perdida com tantos estados de alma diferentes num curto período de tempo. A mesma ação gera em momentos diferentes reações diferentes, não há um guião, nem um botão como no filme, para impedir que a vida não lhes sorria sempre. Deixa-me um sabor agridoce vê-los a gerir as emoções e as relações com os outros, porque se, por um lado, precisam de liberdade para desenvolver a sua personalidade, por outro, obriga-me a deixá-los lidar sozinhos com situações que como mãe-leoa gostaria de poder resolver a gritar com alguém.
A partir do dia em que tomei consciência que os meus filhos fazem parte do mundo e que se vão relacionar com os outros, o meu coração ficou mais exposto. O mundo às vezes é um lugar feio. E nasceram em mim novas perguntas. Será que alguém os magoa? Será que têm as ferramentas necessárias para lidar com os outros? Que emoções são aquelas que aparecem a cada birra? O que se passa naquelas cabeças?
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Tenho nos meus filhos e no mundo depois dos filhos uma enorme fonte de inspiração e o blogue nasceu da necessidade de escrever sobre o lado menos fofinho da maternidade.