Os pais precisam de mostrar o amor pelas mães através de acções
Os pais precisam de mostrar o amor pelas mães através de acções
Há um meme que anda a circular pela net, com uma citação do Matthew McConaughey que diz: “A melhor coisa que provavelmente podes fazer como pai é garantires que os teus filhos vejam o quanto amas a mãe deles.”
Como pai de três crianças que cresceu numa família desmoronada, posso confirmar que esta é uma afirmação verdadeira.
Eu vi o meu pai a virar costas à minha mãe. Depois de discutirem sobre o caso que ele estava a ter, a minha mãe entrou na garagem, sentou-se no carro, a chorar, com as mãos no volante como se planeasse ir-se embora, mas sem saber para onde. Entretanto o meu pai enfiava uns pares de calças de ganga e camisas num saco de viagem. Os sons ficaram-me na memória: portas a bater, pés a arrastar-se, a mãe a soluçar, o correr para trás e para frente das portas deslizantes dos armários e as gavetas a bater. O motor do carro do pai. Depois disso acalmou. Ficou um silêncio assustador daqueles que são interrompidos por um estrondo, um vidro a partir, ou por uma pergunta sem resposta.
Às vezes recordo-me da minha mãe com a cabeça no volante a chorar, enquanto o pai fazia as malas, e eu sei que não quero que os meus filhos vejam isso. Nunca. Eu não quero que eles sintam o que eu senti naquele momento. Eu não quero que eles se questionem sobre se eu amo ou não a mãe, nem quero que pensem se estou a ter um caso sempre que ficar retido no emprego até mais tarde.
Mas a verdadeira questão e, acho que isto foi um dos problemas de muitas crianças criadas nos anos ´80, é que se tornou normal e aceitável que um pai saísse de casa, e virasse as costas à mulher e aos filhos. Agora, eu tenho medo de não ser um bom marido e um bom pai. E tenho a certeza que também há mães com o mesmo historial que eu, que se sentem assim.
O que eu sei é que a forma como trato a minha mulher se reflecte nos meus filhos. Eles estão com 9,7 e 2 anos. Os dois mais velhos já apanham as conversas todas. Não é que costumemos discutir muito, mas quando o fazemos, eu percebo como isso os perturba. Ás vezes estão no sofá e só vejo os olhos deles a andar de um lado para o outro a tentar perceber o que se passa. Mas o mais importante é que eles também percebem quando vamos os dois jantar fora para namorar. Quando voltamos, perguntam logo o que é que fizemos! Querem saber onde é que jantamos, o que é que comemos, que filme vimos, e se ambos gostamos do programa.
Eu tento oferecer flores à minha mulher uma vez por mês e este gesto tem um grande impacto nos nossos filhos. Eu quero que o meu filho me veja a comprar flores à mãe porque eu nunca vi o meu pai a fazê-lo. Eu quero que o meu filho aprenda a tratar a sua mulher e a mãe dos seus filhos. Eu quero que ele saiba o quanto é importante respeitar, amar e ser carinhoso com ela mesmo depois de muitos anos de casamento. E quero transmitir-lhe estes valores através do exemplo.
Para as minhas filhas, eu quero que elas esperem flores. Eu quero que se casem com alguém que esteja disposto a investir algum tempo e dinheiro no romance.
Eu não quero que os meus filhos se sintam perdidos, como eu senti. Eu quero que saibam como é que é um casamento feliz. Eu quero que saibam que eu amo a sua mãe mais do que qualquer outra coisa no mundo. E por isso tenho de lhes mostrar.
Aí reside a realidade de um casamento, o que é o amor, a importancia da família. Amar é um verbo. Amar é uma acção. Não é algo que te aconteça e depois “deixes andar”. Amar é um gesto contínuo. É um milhão de mensagens a mostrar que te preocupas, abraços calorosos, beijos ternos, cumplicidade infinita, datas, sorrisos e piscares de olhos. Amar é tomar conta das crianças quando o outro precisa de sair com amigos. É saber ceder e encontrar um compromisso onde ninguém ganha a 100%, mas é um equilíbrio saudável onde todos vivem felizes.
Mostrar aos teus filhos que amas a sua mãe é saber pedir desculpa. É saber admitir um erro. É dizer-lhe que a amas. É fazer tudo isto à frente deles.
Cada vez que eu digo ao meu filho que amo a mãe dele, ele revira os olhos e diz: “Eu sei, pai.” E brinca a dizer que a água é molhada. É uma realidade da vida dele. E eu adoro que assim seja. Eu sei que isto lhe dá segurança. Independentemente do que se passa na sua vida, quando chega a casa tem sempre os pais que se amam e o amam a ele. Eu que venho de uma família desmoronada, sei o importante que isso é.
Na verdade, se não mostrares à mãe dos teus filhos que a amas, então o que raio é que lhe mostras? No caso do meu pai era indiferença. Era evitar o confronto. Era o silêncio de duas pessoas que tinham estado apaixonadas mas que se tinham perdido pelo caminho.
Só após mais de uma década de casamento é que consegui perceber o que é que correu mal com os meus pais, e o que é que eu podia fazer para evitar para que isso acontecesse comigo. O que poderia fazer para ser um melhor pai e marido do que o que eu tive.
Pais, posso garantir-vos que se começarem a mostrar o vosso amor em acções, o vosso casamento, a vossa família, a vossa dinâmica, e tudo o resto vai ficar mais funcional, mais próximo e mais sólido.
Esta é a nata do casamento. É a tal manutenção conjugal que se ouve falar. É o que os teus filhos precisam para se sentirem mais seguros e confiantes.
Este é o melhor investimento que podes fazer. Confia em mim!
Por Clint Edwards publicado originalmente em ScaryMommy
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