
Os riscos que corre uma criança hiper-protegida
Os riscos que corre uma criança hiper-protegida
Quando nasce uma criança queremos sempre o melhor para ela.
Queremos sempre que cresça feliz, tranquila e principalmente protegida de todos os perigos. No entanto, com todo o amor do mundo, muitas vezes, esquecemo-nos que, na ânsia de proteger uma criança, um dos grandes perigos que a criança corre, é viver num contexto hiper-protegido que não só não a ajuda, como pode contaminar todo o seu desenvolvimento e bem-estar.
Assim, uma criança que está permanentemente a ser protegida, que todo o caminho que trilha é primeiro analisado escrupulosamente pelos pais, acaba por não ter experiências essenciais que promovem o seu desenvolvimento.
Uma criança hiper-protegida corre, assim, alguns riscos, dos quais destacamos:
Dificuldades de autonomia
Estas crianças têm pouca experiência a resolver os seus problemas ou imprevistos do dia a dia. Tornam-se assim pouco autónomas nas exigências diárias (sociais, pessoais e escolares) e têm tendência a bloquear quando algo inesperado acontece.
Dificuldade em gerir a frustração
Porque regra geral têm todas as suas necessidades satisfeitas num curto espaço de tempo e de forma simples, torna-se difícil para estas crianças aprender a gerir a frustração perante as contrariedades.
Insegurança
Como os adultos à sua volta têm por hábito auxiliar estas crianças em todas as tarefas é comum que estas crianças fiquem com a ideia subliminar de que não fazem nada bem feito e que sozinhos não são capazes. Esta dinâmica exponencia o medo de falhar e a insegurança interna destas crianças. Isto, inevitavelmente, acaba por contaminar todos os desafios do seu dia a dia.
Perante tudo isto, é essencial termos presente que todas as crianças – sem exceção – precisam que os pais cuidem delas. Precisam que os pais as protejam e que garantam o seu bem-estar e segurança. Apesar desta necessidade de todas as crianças, um dos maiores desafios dos pais à medida que uma criança cresce é:
- serem capazes de ir abrindo espaço à criança, reduzindo os níveis de proteção;
- permitirem que a criança experimente vários papéis;
- permitirem que a criança que erre e que frustre;
Assim, esta encontrará estratégias para lidar com esses erros e frustrações de forma autónoma. Isto irá permitir que a criança cresça e desenvolva de forma completa.
Por Cátia Lopo & Sara Almeida, Psicólogas Clínicas
No mundo infantil, a Escola do Sentir prima e anseia por uma educação holística, focada na criança/adolescente, alicerçada numa intervenção com pais e numa forte vertente de intervenção social e comunitária.