
Pais Atentos, Crianças Seguras
Livro | Pais Atentos, Crianças Seguras | Sinais de Fogo
Da leitura interessada e inesperada da publicação “Pais Atentos, Crianças Seguras” de Rebecca e Elisabeth Bailey, enquanto Pai de três crianças, todas menores, com 3, 5 e 7 anos de idade, fiquei convicto que afinal um antigo governante estaria a falar verdade quando afirmou que, e passo a citar:
“…O Mundo mudou…”
Cada capítulo do livro mexe com tudo aquilo, que são as convicções e ideias pré ou pós concebidas de qualquer Pai e Mãe.
No meu caso, constatei que aquilo que é dito pelos autores de forma escorreita, não é nada mais, nada menos do que a exteriorização dos meus piores e mais sórdidos pensamentos.
Sim, não vou negar, eu sou um Pai potencialmente securitário e sim, desde o nascimento dos meus filhos fico profundamente consternado com filmes ou livros que abordem qualquer sofrimento físico ou psicológico de crianças.
No entanto quando as autoras advogam de que se deve alertar e falar abertamente com as crianças 4, 5, 6, 7 ou 8 anos sobre os raptos de crianças, não posso deixar de reflectir e opinar que provavelmente estas têm razão.
Assim sendo, o “caminho certo” ao que tudo indica é dizer-lhes que a maior parte das pessoas são boas, mas existem e existirão sempre pessoas más que lhes querem fazer mal.
Partilhava anteriormente da opinião que isso era expor sem necessidade e prematuramente as crianças à dura realidade e que um “estarei sempre contigo” ou um “és a coisa mais importante para mim e nunca te deixarei que te façam mal” seriam suficientes.
No entanto tal ideia é errada conforme as autoras o dizem abertamente.
E é errada porque ainda que nada se diga às crianças, elas virão sempre a saber, seja por um amigo, seja por um livro ou um jornal ou por certo por um qualquer apresentador de TV a soldo das audiências.
Vivemos actualmente numa sociedade em que a notícia em que o bombeiro que tira o gato da árvore não dá audiências e, ao invés, o filho que metralha e mata toda a sua família abre uma semana de Telejornais.
Portanto, devo responder abertamente às questões do meu filho de 7 anos sobre a desparecida Maddie?
A resposta é sim, porque se eu lhe responder mais ou menos “à bruta” talvez ele, e os irmãos, claro está, possam encerrar esse dossier nos respectivos “discos rígidos”.
Assim sendo uma das maiores e mais úteis mensagens do livro é a seguinte:
Conforme o Mundo está, o melhor é com alguma parcimónia esquecermos a sua versão cor-de-rosa e dizer que a Maddie está por certo morta ou encontra-se a ser escravizada por alguém que é inconcebivelmente mau.
É demais para os putos?
É!
Tal conversa poderá vir a ser vital para o futuro das crianças?
Sim!
O meu filho de 7 anos vai dormir sozinho e sem medos?
Não sei!
Tendo como assente que as próprias crianças já sabem ou virão a saber que todos os dias morrem e desaparecem crianças, acho que o livro serve para preparar a penosa “recruta” das nossas crianças, para alguma situação de risco.
Todos nós sabemos infelizmente que já nenhuma criança vai brincar sozinha para as traseiras do prédio, como antigamente.
Assim sendo as dicas securitárias do livro, que devem ser transmitidas às crianças são bastante úteis, mas têm um óbice tremendo que é a própria maturidade da criança, que é na minha opinião um conceito indeterminado.
Por outro lado, existe uma afirmação no livro com a qual não concordo e que é mais ou menos a seguinte:
“…Serão os próprios pais que melhor saberão o grau de maturidade dos filhos, contando-lhe aquilo que acham que elas próprias estarão capacitadas para assimilar…”
Esta é uma equação do meu ponto de vista dramática e altamente falível.
No entanto entendo que não há uma melhor.
A lista de pessoas de confiança e os seus telefones é um bom estratagema, assim como o estabelecimento de um código de segurança para a criança sair da escola ou ir a algum lado, com uma terceira pessoa.
No entanto, como todos os pais sabem, a esmagadora maioria das crianças tem uma bondade e uma curiosidade quase inatas, e serão sempre presas fáceis para alguém que efectivamente lhes queira fazer mal.
Qualquer um dos meus filhos, em campo aberto e vulnerável iria ajudar uma senhora ou um senhor que perdeu o cão ou o gato ou que simplesmente lhe pede uma informação.
Embora perceba a mensagem do livro que propugna que a criança deve dizer não, afastar-se, chamar alguém, ou ainda ser mal-educado ou rude para terceiros, não posso deixar de pensar que na calma do lar ou em ambientes seguros, os pais incitam precisamente as crianças a fazerem o contrário, ou seja, transmitimos às crianças a ideia de que devem cumprimentar os velhinhos ou ajudar as pessoas, tal como os bombeiros e os polícias fazem.
Acerca destes últimos, muitas vezes, eu, como pai “faço uso” dos agentes de autoridade para que os meus filhos se portem bem em locais públicos e eles lá se encolhem perante os “Srs. Leis”!
Percebi, graças ao livro, que isso por vezes dá jeito mas pode revelar-se como um erro trágico.
Em conclusão, gostei e recomendo a leitura deste livro que é ideal para todos os pais e avós mas essencialmente, para aqueles que como eu são Pais securitários e que estão sempre desconfiados ou de “pé atrás” com tudo e com todos.
Este livro faz-nos sentir melhor, por que nos esbofeteia violentamente com realidade e desconfiança e legitima todas ou muitas das nossas acções para proteger aquilo que são os nossos tesouros mais preciosos.
P.S. Após a leitura desta obra instaurei com sucesso um procedimento lá em casa que é o seguinte:
Toco à porta de casa e o meu filho mais velho pergunta:
– Quem é?
Eu respondo:
-É o Pai, abre a porta.
O meu filho daqui em diante irá sempre perguntar:
-Como te chamas?
Se a resposta não for o meu nome, ele não abre a porta.
É estúpido, mas julgo que poderá fazer toda a diferença!
Por RMPC, para Up To Lisbon Kids
FICHA TÉCNICA
Título: Pais Atentos, Crianças Seguras – O que os Pais
Precisam de Saber para Manter os Filhos em Segurança
Autor: Rebecca Bailey e Elizabeth Bailey
Colecção: extra
Formato: 14 X 21 cm
Nº páginas: 220
Data de publicação: Janeiro 2014
Tema: educação/segurança
Preço: € 13,50
Rebecca Bailey, é uma conceituada psicóloga e terapeuta familiar.
Trabalhou como directora do programa de assistência à juventude e família
junto da Polícia e fundou o programa Innovative Transitioning Families. Tem sido
entrevistada por diversos órgãos de comunicação social.
Elizabeth Bailey, é enfermeira psiquiátrica credenciada e é licenciada pelas
Faculdades de Hampshire e Santa Monica.
Terry Probyn foi uma das fundadoras e é membro da direcção da Fundação JAYC
(Just Ask Yourself to Care), sendo presença regular na comunicação social sobre
temas de segurança infantil, rapto e direitos da vítima, após o rapto da sua própria
filha, em 1990.
«A todos os níveis, uma fonte extremamente útil.»
– Colleen Mondor, Booklist
«Um trabalho inestimável e essencial para pais e filhos.»
– Jaycee Dugard, autora bestseller do New York Times
«Maravilhosamente subtil, poderoso e directo. (…) Com amor e cuidado, ajuda habilmente os pais a lidarem de forma positiva e eficaz com as questões dos filhos, mantendo-os seguros. Uma leitura obrigatória.»
– John B. Rabun, fundador e antigo Vice-Presidente | Executivo do National Center for Missing & Exploited Children
«Um livro que todos os pais devem ler. Ensina-os a ajudar as crianças a lidarem com a realidade dos predadores enquanto ajuda a construir a sua autoconfiança e evita o medo desnecessário.»
– Dr. Richard A. Warshak, autor de Divorce Poison
«Pais Atentos, Crianças Seguras ajuda os pais a compreenderem a importância da informação e da comunicação, explicitando formas de dar às crianças a capacidade de se manterem seguras. Fornece excelentes exemplos de perigos actuais e ensina pais e filhos a trabalharem em conjunto para minimizar os riscos.»
– Philip Stahl, psicólogo, autor de Parenting After Divorce
«Um livro que não pode ser ignorado.»
– Kirkus Reviews
«Um trabalho que destaca a importância das crianças se sentirem amadas e que dá aos pais a confiança de que podem fazer escolhas seguras. A estratégia de comunicação das autoras baseia-se numa abordagem proactiva e ajudará os pais a construírem uma relação de confiança que encorajará os filhos a falarem abertamente.»
– Publishers Weekly
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