E o próximo filho?
Não é só preciso amor e dinheiro, assim como nos casamentos não basta amor e uma cabana.
É muito comum depois de casares dares por ti a responder a perguntais tais como “Então e filhos?”.
Tão comum como “e para quando o próximo?” depois do primeiro filho atingir um ou dois aninhos.
Não sei. Eu não sei se haverá um próximo. Não sei se quero voltar a ser mãe.
Os olhos esbugalham-se, cerram-se as sobrancelhas e as expressões emudecem.
– Como assim? Só um? Filho único? Não sabes tu que todos os filhos únicos são mimados? Que todos os filhos precisam de um irmão? É assim que se educa para a partilha, para a empatia.
– Como assim apenas um? És mesmo egoísta! Achas que não tens amor que chegue para dois? Ou dinheiro? É por causa do dinheiro? Aperta-se o cinto, faz-se umas horas, se for do mesmo sexo reutilizas a roupa. Tudo se há-de arranjar.
Mas não. Não sei se quero mais filhos.
Talvez um dia mude de ideias. “Sim. Vais ver que mudas.” – Dizem essas vozes esperando secretamente ter razão, e salvar o meu filho do destino cruel de ser filho único.
Ser pai é a tarefa mais exigente e gratificante do mundo. Mas deve ser também a mais consciente.
Não é só preciso amor e dinheiro, assim como nos casamentos não basta amor e uma cabana. Um bebé exige muito de nós. Mas um filho em idade pré-escolar ou escolar não exige menos.
É preciso tempo e espaço.
É preciso ter a certeza de que o tempo nos permitirá continuar a ter espaço na vida uns dos outros. E se um dia sentirmos que há espaço para mais um, então o próximo filho que venha. E será recebido, com todo o amor do Mundo.
Certificada em Parentalidade e Educação Positivas e em Inteligência Emocional e Social. Com formação avançada em aconselhamento parental. Apoia crianças e famílias no reconhecimento das suas emoções e na construção de relações mais positivas e saudáveis.