Penso em ti
Este texto hoje é para ti.
Para ti que perdeste o bem maior e mais precioso que a vida te deu.
Para ti que enfrentas diariamente o maior medo e o pior pesadelo de todas as mães.
Deixa-me começar por te dizer que tenho perfeita noção que não conheço a tua dor. E é com todo o respeito que tenho por ela e por ti que não arrisco nenhuma palavra. Quero apenas escrever-te, hoje, aquilo que tantas vezes penso e nunca te disse.
Quero contar-te, hoje, que dou comigo, muitas vezes, a pensar em ti.
Penso em ti quando distribuo pelos meus, os beijos de boa noite.
Penso em ti nas noites em que estou mais cansada e deixo a reclamação ocupar o lugar do amor que ambas carregamos no coração.
E penso em ti quando me assusto.
Penso em ti quando, mesmo com sono, o medo não me deixa adormecer.
Penso tantas vezes em ti.
Gostava de te abraçar com a mesma força com que tu carregas o teu mundo de saudade. Com um abraço que, mesmo só por um momento, aliviasse a tua dor. Ou quem sabe até com um abraço que te fizesse ir lá acima, onde tantas vezes te imaginas a chegar, para logo a seguir te fazer regressar.
Gostava de te pedir, e desculpa-me tanta ousadia, que aceites com amor os teus dias por cá. Mesmo aqueles que parecem não ter mais nada para agradecer.
Quero-te contar que as tuas pessoas estão sempre dispostas a ouvir-te.
Mesmo as que nunca te fizeram nenhuma pergunta. Peço-te que não tenhas nunca receio que as tuas doces memórias possam incomodar alguém. E não te inibas de sorrir quando decides partilha-las. Nem de chorar.
Gostava também que as tuas pessoas partilhassem mais contigo as suas alegrias. Não sei o que as impede de o fazer quando eu sei que tu continuas a sentir-te feliz pelos outros.
Sei que em dias de festa, nesta série de dias em que se transformou a tua vida, te falta sempre o actor principal.
Quero-te dizer que já chorei por ti.
E que vou continuar a chorar.
Este texto hoje é para ti.
Quis apenas escrever-te, hoje, aquilo que tantas vezes pensei e nunca te disse.
A nós os 5 juntam-se dois cães e uma cabra anã, que afinal é um ele mas recuso-me a trata-lo por bode. Tenho material do bom em casa, histórias nossas que podiam resultar em gargalhadas, mas tenho três filhos que já sabem ler e não gostam que conte, nem um terço da acção que por aqui se passa. E eu respeito.