7h00 de mais uma manhã atarefada mas com tempo para se fazer tudo com alguma tranquilidade – só não sabia que seria só por uns minutos…
Uma criança para vestir, lavar, pentear, mimar e um peixe esquecido numa água esverdeada por tantas outras prioridades.
Mas hoje dava tempo e impunha-se e muito bem a atenção ao Tomás Nemo.
Confesso que peixes nunca foi o meu forte (mas ofereceram-lhe!) e mudar a água deles sabendo que os tenho que tirar para um recipiente e que nos podem presentear com saltos acrobáticos do mais impressionante que há, é algo para mim aterrorizador.
Sempre tive a sorte de conseguir convencer de tempos a tempos amigos ou familiares para me ajudarem nessa tarefa. Mas hoje não podia adiar mais e eis que sem medos arrisco-me confiante!!!
Passo a primeira fase,mesmo que a muito medo e num sufoco, mas com distinção.
Lavo o aquário, e preparo-me para o devolver ao seu habitat quando me surge um Gabriel na cozinha com um doce e ternurento “bom dia“! – mas o Suficiente para eu olhar para trás e tentando esconder o meu nervosismo salta-me o Tomás para o meio
Do chão da cozinha.
P Â N I C O. I M P O T Ê N C I A.
Impotência é a palavra e profunda inércia.
Impotência é a palavra e profunda inércia.
“Gabriel.. filho… o Tomás Nemo tem que ir para o aquário, sabes? Tenho que o apanhar e com as mãos molhadas… consegues filho? agarrar nele porque ele escorrega-me? É fácil!!! “
E encorajei-o… mesmo… mas, infelizmente, sem sucesso.
“oh mãe é só agarrar nele não faz mal, e ele já esta molhado!”
E encorajei-o… mesmo… mas, infelizmente, sem sucesso.
“oh mãe é só agarrar nele não faz mal, e ele já esta molhado!”
Pois é.. Inércia. impotência.
Tentei. Não consegui. Que vergonha! Que parvoíce esta! E o tempo não pára, nem o peixe … e o olho dele … de lado… ai!ai!ai!
Nisto já estava mais que atrasada! Pronto, vamos vestir Gabriel rápido! E seguem-se as desculpas, a profunda culpabilizacao a mim própria etc… Demorei cerca de 10 minutos, seguida sempre de inúmeras questões pelo pequeno Gabriel, e saímos de casa com a promessa de um novo peixe. Ao saír cruzo-me com o porteiro, que cumprimento na rotina diária e eis que dou uma volta imediata de 180º:
“Sr. Adenilson, importa-se de subir comigo e me ajudar a apanhar um peixe que me saltou pro meio do chão e eu não consegui apanhar?”
E ele pergunta : “Foi há muito tempo?”
Na realidade já tinha sido há cerca de 15 minutos, mas com vergonha, assumo, menti: “Não!.. foi há cinco minutos!”
Subitamente agarra nas chaves, fecha a portinhola e diz:
“Vamos menina vamos já!” E eu sem hesitar : “Sim vamos!” E esquecemos elevador, fomos a correr pela escada seguido do Gabriel! E como um espia sôfrego e determinado entra-me pela casa em direcção aos quartos e eu grito “Não! nao é por aí! é por aqui na cozinha!” e ele inverte o sentido em passo de corrida.
“Vamos menina vamos já!” E eu sem hesitar : “Sim vamos!” E esquecemos elevador, fomos a correr pela escada seguido do Gabriel! E como um espia sôfrego e determinado entra-me pela casa em direcção aos quartos e eu grito “Não! nao é por aí! é por aqui na cozinha!” e ele inverte o sentido em passo de corrida.
Abranda quando se depara com o Tomás e aproxima-se cuidadosamente. O Gabriel também. Eu, medrosa e envergonhada assisto encostada à porta, ao Tomás a entrar na água limpinha e preparada mas eu, sem esperança nenhuma.
O porteiro deita o peixe na agua e no seu sotaque brasileiro começa a soprar para dentro de agua: “Vai Rapá! Réspira rapá! E soprava..soprava… soprava!!! E aí moleque?!”
E olha para mim com um sorriso em crescendo dizendo: ele
“Tá mareado dona…. Tá zanzando da cabeça! “…
Soprou mais duas vezes e o porteiro e o meu filho: “ehhhh já tá bom!!! Tá vivo!!!! Viva!!!! “
Não queria acreditar…. Só disse: cheguem-se para lá, vou pô-lo
no seu sitio para ele ver que a vida continua, e está tudo normal!!!
O meu sorriso, meio tímido mas a saltar de felicidade por dentro tal como o do Gabriel , e o porteiro também! Reconheço a minha limitação, mas não me deixei vencer e a solução tem que estar por perto sempre! Tratei desde então daquele peixe como ninguém e tornei-me uma expert no assunto.
E quanto ao Tomas Nemo , é um peixe do outro mundo, e eu devo ser uma alien para ele.
Já esta connosco ha 5 anos.
por Ana Catarina,
para Up To Lisbon Kids
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1 comentário
Muito bom!!!