
PHDA: O meu filho tem hiperatividade ou é apenas irrequieto?
PHDA: O meu filho tem hiperatividade ou é apenas irrequieto?
“Sempre que crianças ou jovens revelem alguns dos sinais de alerta relacionados com a PHDA, pais e professores devem procurar quanto antes uma avaliação mais detalhada junto de técnicos especializados”
À medida que crescem, é expectável que as crianças vão ganhando cada vez mais controlo sobre o seu comportamento, tornando-se mais capazes de regular e controlar as suas reações ao que lhes acontece. Por exemplo: numa situação de frustração ou de zanga, a criança aprende a responder de forma menos impulsiva e/ou agressiva; num contexto em que seja necessário esperar, a criança aprende a ter mais paciência e a aguardar pela sua vez.
No entanto, esta aprendizagem não é automática.
Pelo contrário, e tal como em qualquer outro tipo de aprendizagem, a criança evolui através de tentativa e erro, isto é, cometendo erros e aprendendo com e através destes. Só assim poderá compreender profundamente aquilo que dela é esperado, e como deve comportar-se nas diversas situações. Tais erros correspondem, muitas vezes, àquilo a que tipicamente se designa por “maus comportamentos”. As crianças mais irrequietas e/ou curiosas tendem a “portar-se mal” com mais frequência, e a ter mais comportamentos desafiantes e de oposição.
Distinguir claramente estes maus comportamentos de comportamentos hiperativos nem sempre é fácil. Por um lado, uma criança impulsiva que age e fala sem pensar pode ser facilmente confundida como tendo falta de disciplina na sua educação. Por outro lado, uma criança mais lenta e passiva pode ser interpretada como meramente desmotivada. Da mesma forma, é mais fácil reparar no comportamento disruptivo de uma criança impulsiva e/ou com hiperatividade, em comparação a uma criança que seja mais discreta e que passe muito tempo alheada de tudo, a “sonhar de olhos abertos”.
Como distinguir uma coisa da outra?
O que é a Hiperatividade?
As principais características de uma criança com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) – falta de atenção, hiperatividade e impulsividade – aparecem cedo na sua vida. Dado que muitas crianças podem também, ocasionalmente, apresentar estes sintomas, cuja origem pode também estar noutras causas – como a depressão e a ansiedade – o diagnóstico da PHDA não é fácil de fazer.
Em suma, a criança tem de apresentar as seguintes características, simultaneamente, para ser diagnosticada com PHDA:
1) Irrequietude motora;
2) Reduzido controle sobre a sua impulsividade;
3) Comportamento de oposição;
4) Dificuldades de atenção e concentração.
Alguns dos sinais de alerta mais importantes são:
-
Dificuldade de concentração;
- Dificuldades em ficar sentado por períodos de tempo mais longos (Por exemplo, a assistir a um filme completo);
- Dificuldade em prestar atenção ao que lhe é dito;
- Tendência para não concluir as diferentes tarefas/atividades que inicia(por exemplo, começar uma tarefa e interromper para começar outra);
- Dificuldade em prestar atenção a detalhes (por exemplo, descuidar o pormenor);
- Tendência para desviar a sua atenção para outras atividades diferentes da que está a realizar;
- Tendência para distrair-se frequentemente com coisas alheias àquilo que está a fazer (por exemplo, estar a olhar para a janela enquanto faz os TPC);
- Para esquecer-se de compromissos e tarefas previamente estabelecidos (Por exemplo, não se lembrar das datas dos testes mesmo que as tenha escrito num caderno);
-
Sensação interna de inquietude;
- Dificuldade em cumprir regras e seguir instruções;
- Tendência para ser desorganizado (Neste caso desorganizado em tudo, por exemplo, quarto desarrumado, roupa espalhada, canetas sem tampas, estojo aberto, caderno sem sequência de sumários);
- Evita atividades que exijam da sua parte um esforço cognitivo continuado e persistente (por exemplo, prefere um jogo básico de lançar dados do que um de estratégia que o faça pensar muito);
- Tendência para esquecer-se e aborrecer-se facilmente com tarefas que considera demasiado complexas;
- Apresentar agitação motora (por exemplo, mexer os pés e/ou as mãos), mesmo quando se encontra sentado;
- Tendência para mexer-se demasiado em situações inapropriadas (por exemplo, na sala de aula, à mesa das refeições, entre outros);
- Tendência para ser demasiado barulhento em atividades de lazer;
- Ser excessivamente agitado;
- Para falar em excesso e para não pensar antes de falar;
- Tendência para responder a perguntas antes de as ter escutado até ao fim;
- Dificuldades em ser paciente e esperar pela sua vez;
- Tendência para interromper as pessoas, e intrometer-se em conversas alheias ou jogos nos quais não está a participar.
Para ser considerada PHDA, estes sintomas têm de verificar-se de forma consistente. Isto é, em todos os contextos da vida da criança por exemplo, em casa, na escola, a brincar com os amigos, em contextos familiares, etc. – e não apenas de forma esporádica, despoletada por fatores ou situações específicas.
O que fazer se o meu filho apresentar sinais de alerta de hiperatividade (PHDA)?
Fica a dúvida: O meu filho tem hiperatividade ou é apenas irrequieto?
Sempre que crianças ou jovens revelem alguns dos sinais de alerta relacionados com a PHDA, pais e professores devem procurar quanto antes uma avaliação mais detalhada junto de técnicos especializados. Note-se que o sucesso da intervenção será tanto maior quanto mais cedo forem detetadas e intervencionadas estas situações.
Especialistas que realizam diagnóstico e a intervenção na PHDA:
- psicólogos clínicos,
- psicopedagogos,
- psicólogos educacionais
- neuropediatras.
A avaliação consiste geralmente numa entrevista inicial aos pais, seguida de três sessões com a criança e de uma entrevista aos seus professores. Nesta fase de decisão é fundamental ter-se em conta os diferentes fatores que estão a provocar o comportamento inerente ao quadro de PHDA. Assim, posteriormente poderá eventualmente decidir-se pela intervenção terapêutica mais adequada às necessidades de cada criança.
Somos uma equipa multidisciplinar de especialistas em dificuldades de aprendizagem (dislexia, disortografia, disgrafia e discalculia), dificuldades de atenção, hiperatividade e outros desafios do desenvolvimento.
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