
Porque é que todas as Mães são loucas? A culpa é dos piolhos
Todas as Mães são loucas?
Porque é que todas as Mães são loucas?
21 h – A Mãe, cansada, manda-os lavar os dentes.
Já sonha com aquele momento em que vai pôr a botija de água quente no pescoço. Não devia ter andado tantos kms a pé com aquele vento gelado e cortante mas, sem carro, sente-se perneta e acaba por fazer toda a sua rotina como se o carro não tivesse ido à revisão. Reparou que o miúdo coçava a cabeça que nem um perdido. Mas sabia que, provavelmente, era a crosta de ter partido a cabeça há pouco tempo (raio dos putos sempre cheios de “mazelas”!!!).
Pelo sim, pelo não, resolveu dar uma olhadela para tentar perceber se a ferida estava sarada. Para constatar que sim, a ferida estava sarada, não havia qualquer sinal da crosta, ufa! … havia sim uma ENORME e NOJENTA comunidade de parasitas a habitar a cabeça do seu filho que nunca antes teve tal coisa. Chegou mesmo a pensar que o miúdo era imune!
Levantou-se num grito: “ TODOS PARA A MINHA CASA DE BANHO!!!”.
Está sempre preparada com toda a panóplia necessária para o massacre aos piolhos! O miúdo já chorava, os piolhos corriam em rio até ao ralo e o pente continuava a raspar o couro cabeludo até ao tutano. A mãe, desesperada, imaginava as cabeças dos outros residentes. Ia ter tanto trabalho…
O marido estava na mesma posição em que o “deixou” aquando da descoberta da infestação. Ela, desesperada, sabe que ele tem que ser “mandado” para que se mexa. Grita da casa de banho: “Tira os lençóis e fronhas de todas as camas, põe na lavandaria. Depois, tira todas as almofadas que estão em cima dos sofás e põe na varanda!” … Ele ouviu “Desmonta o sofá e põe na varanda“, tudo o resto passou ao lado.
Todos de touca, depois da primeira esfrega, cheios de um óleo nojento que escorre pelo pescoço abaixo. A mãe olha para a varanda e fica com a ideia de que se abrir a janela da varanda é atacada pelos almofadões que compõe os sofás. Sorte que têm redes na varanda, senão os vizinhos tinham um sofá no terraço. A mais nova, já a acusar a hora tardia, a um canto sem se encostar a nada porque a Mãe a avisou, parece dormir de pé.
A Mãe continua!
“- Vai buscar o aspirador e aspira todas as almofadas!
-A Mãe está a aspirar os piolhos das almofadas?
-Não sei querida, espero bem que sim!
-E eles não vão ficar todos ali no saco do aspirador?
-Vai tirar os lençóis da tua cama sff! ” -Não pode sequer pensar que está cercada de piolhos! – De luvas amarelas, limpa e esfrega tudo o que pode! Desta vez quer lá saber do gasto energético! Vai tudo para a máquina de secar! Faz uma data de máquinas de roupa entre penteadelas massacrantes e vinagres que ardem por todo o lado.
No fim, passadas umas 3 horas, a mais nova já dorme.
O miúdo fez uma alergia qualquer ao vinagre… ele bem avisou que aquilo estava a arder. Leva um claritine no bucho, “by the yes, by the no”.
-Ela vai dormir assim? – Pergunta o marido com um ar incrédulo de quem está bem por dentro do assunto, parece que se fartou de ajudar! Cara de quem acha que a mulher está a ter um acto de loucura…
–Assim como?
-Sem edredon!
-Como sem edredon?!
-Não vi ali nenhum edredon, por isso, só a tapei com uma capa de edredon, mas não tinha aquela parte do edredon, a quentinha… E já é inverno. – Ela tem uma vontade louca de o embrulhar num edredon e de o pôr a dormir na varanda com o sofá desmontado… em cima dele!
Em vez disso, vai buscar o edredon e faz aquele trabalho que exige alguma inteligência e destreza. Quando se deita pensa como é que é possível uma criança ter um enxame tão grande de piolhos na cabeça e não pegar ao resto da familia.
Ainda pensou se não seria outro animal qualquer, mas não, eram mesmo piolhos.
A vontade que teve de arrancar tudo à tesourada… Que sorte que calhou logo num dia em que tem as costas feitas num fanico.
Esta Mãe queria ser ainda mais louca, queria ser uma daquelas Mães que consegue dormir uma noite, sem ansiedades, sabendo que o filho está carregadinho destes bichos e espera calmamente para no dia seguinte tratar disso… com calma.
O AMOR É LOUCO, NÃO FAÇAM POUCO..
Como pais e educadores, haverá alguma forma de andarmos um passo à frente dos nossos filhos? Será isso necessário? Como fazê-lo?