Profissões “a sério” são as que cuidam ou as que permitem ensinar os outros.
Militantes da Empatia
“Trabalhar com pessoas”, fazer voluntariado ou ajudar pontualmente os outros, envolvendo-nos numa ou noutra causa, faz nascer em nós essa coisa meio egoísta e narcísica que é a felicidade de termos o poder de ajudar e fazer o bem pelo outro. Dar o que temos a quem precisa faz-nos sentir úteis e com um propósito maior na vida.
Um dia, uma querida médica, cuja missão é ajudar bebés a nascer, dizia que profissões “a sério” são as que cuidam ou as que permitem ensinar os outros. Para ela, professores, educadores, enfermeiros, médicos, psicólogos, técnicos de saúde e técnicos de educação são quem “segura a humanidade”, os imprescindíveis numa sociedade desenvolvida. Talvez ela tenha razão, sobretudo se juntarmos a esses todas as pessoas que, mesmo não desenvolvendo atividades profissionais ligadas à saúde ou à educação, ajudam a ajudar.
Mas qual o custo desta responsabilidade?
É consensual que para trabalhar ou ajudar pessoas é necessário gostar muito delas e ser generoso.
Deixemo-nos de rodeios quanto a isso. Um bom professor, um bom profissional de saúde ou quem faz um trabalho comunitário sério, independentemente da sua área, dá muito de si, tendo doses elevadas de empatia, generosidade, humildade, espírito de sacrifício e até um otimismo quase irracional que faz avançar mesmo quando a dificuldade parece intransponível.
Esta empatia por vezes paga-se cara. Quando vivemos muito tempo na pele do outro começamos a sentir as suas angústias, os seus medos e as suas dores. Quando se dá por isso há mais batalhas para travar do que as que nos propusemos inicialmente suportar. Sente-se uma espécie de exaustão emocional, como se a nossa energia se fosse gastando e ficássemos vazios.
Teremos que reconhecer quando o “sinal de bateria fraca” é recebido.
Devemos valorizar a nossa saúde mental (será que não é mesmo tão ou mais importante que a saúde física?), criando hábitos que nos permitam viver de forma mais saudável para que continuemos a fazer o que gostamos e a ajudar quem precisa de nós.
Podemos começar por impor os nossos limites. Rodear-nos de quem nos quer bem, ter a liberdade para usar o melhor de nós, estabelecer prioridades e ficar apenas onde somos felizes.
Vivemos tempos onde, mais do que nunca, precisamos de ser humanistas e militantes da empatia. Precisamos urgentemente de nos ajudar uns aos outros. Que cuidemos mais de nós próprios para cuidarmos dos outros.
Sara Loff
image@operaçãoNarizvermelho
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