
Promover a autonomia e competências de organização em função do ano de escolaridade
Promover a autonomia e competências de organização em função do ano de escolaridade
Eis que recomeçaram as aulas!
O início do ano lectivo é tipicamente turbulento, mais ainda para quem começa agora a caminhada de um novo ciclo, seja como aluno ou como encarregado de educação. Esta é também uma fase crítica para pôr em marcha um ano escolar pleno de sucessos.
Na preparação de mais um ano escolar, e vendo toda a azáfama de compras de material escolar, não pude deixar de me recordar de uma conversa com um aluno de 3.º ano.
Perguntava-lhe eu onde estava a ficha que tinha levado para casa para terminar. Respondeu com um descansado “não sei”. Estranhei. Se fosse “esqueci-me” eu percebia, mas não saber de todo pareceu-me estranho. Questionei. “A mãe deve ter-se esquecido de arrumar”, respondeu-me. Curiosa, procurei perceber. Para aquela criança, arrumar a mochila ou guardar os tpc’s era tarefa para os adultos. Olhámo-nos com igual expressão de incompreensão: eu pela surpresa de ser não ser óbvio para um aluno de quase 9 anos de idade que a responsabilidade era sua, e ele porque a minha surpresa lhe era estranha.
Imaginei o que será para os pais organizar o cenário familiar de banhos, jantares e tarefas várias filhos em casa.
Vejo um adulto naturalmente cansado a perguntar-se “ensino-o a fazer isto ou faço eu por ele? Hoje já é tarde, amanhã logo ensino!”. E assim se criam rotinas de organização do material que não favorecem o envolvimento da criança com a escola.
O espólio escolar é vasto e a sua gestão autónoma é difícil para alunos do 1.º e 2.º ciclos, mas pode ser também um instrumento para promover a autonomia, a responsabilidade e competências de organização.
Adaptando a tarefa à idade e competências da criança, esta pode desempenhá-la com relativa facilidade, cabendo ao adulto apenas a supervisão da mesma.
Assim, deixamos algumas sugestões para promover a autonomia em função do ano de escolaridade:
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1.º e 2.º anos
Nesta etapa da escolaridade as crianças ainda enfrentam alguns desafios com a escrita. Uma forma eficaz e divertida de agilizar a tarefa de “arrumar a mochila” será fazer uma tabela com ilustrações (legendadas) dos objetos a arrumar. A criança poderá ter de colocar um “visto” à frente de cada item que já arrumou. Caberá aos pais confirmar se tudo está ok. Podem criar um código de pontos convertíveis em algum prémio agradável. Existem à venda quadros magnéticos com pequenos ímans que poderão ser uma boa solução.
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3.º e 4.º anos
Nesta fase as crianças já dominam a linguagem escrita pelo que as ilustrações são opcionais (mas continuam a ser apelativas). Agora podem complexificar a tarefa e eventualmente acrescentar aspetos mais difíceis, como arrumar o saco da ginástica ou definir dias para limpar o estojo ou fazer uma limpeza às folhas soltas.
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5.º e 6.º anos
Novo ciclo, novas regras. O horário semanal passa a ser a bússola nesta tarefa. Gerir as várias disciplinas e materiais afetos a cada uma delas é ainda difícil. Uma boa estratégia será construir uma agenda onde, associados a cada disciplina, apareçam os materiais que esta exige (por exemplo: Matemática – manual+livro de fichas+caderno+régua…). Para muitas crianças conferir item a item continua a ser importante, bem como a supervisão parental.
O caminho para a autonomia faz-se caminhando.
Um passo por dia desde o primeiro dia. Com estes e outros pequenos grandes detalhes damos um importante contributo e reforçamos progressivamente o sentido de auto-eficácia e bem-estar. Crescer, mais do que adquirir conhecimentos, é formar-se, desenvolvendo competências duradouras que promovem o sucesso académico das crianças e jovens.
Por Dra. Helena Almeida para Up To Kids®
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