Quando tiveres filhos, não sejas esse tipo de mãe. Não sejas a mãe que…
Eu ainda não tenho filhos, mas adoro crianças e faz parte do meu plano de vida um dia constituir família. Não preciso de me casar de véu, grinalda e flores de laranjeira. Basta que encontre o amor verdadeiro. Claro que, não significa que seja para toda a vida! Eu adoraria, mas sejamos realistas… vivemos, cada vez mais, numa época em que tudo é tão efémero, instantâneo, ao momento, à flor da pele, que já não ponho as mãos no fogo por relação nenhuma. Exepto as relações mãe/pai e filhos. Essas acredito que sejam eternas. Mesmo quando há zangas, mesmo quando vivem separados, mesmo quando estão à beira da exaustão.
Porque o amor pelos filhos é (dizem) incondicional.
Sou o tipo de tia que sempre que posso fico com os meus sobrinhos. Gosto de passar tempo com eles. Sei que a mãe muitas vezes não consegue dar-lhes a atenção que gostaria… na verdade é muito injusto: quando se tem tempo disponível, ainda não se tem filhos; depois dos filhos nascidos, as mães não têm tempo para nada. E vivem numa roda viva a fazer das tripas coração para conseguirem o que elas próprias consideram os mínimos diários para o bem estar dos miúdos e da família. São as mães “heróis”.
Eu ainda não tenho filhos, mas adoro observar as dinâmicas de uma família.
Sei que, um dia, quando também eu for mãe, terei uma perspectiva totalmente diferente sobre o assunto. Sei que agora não sei nada sobre maternidade e que, provavelmente, um dia hei-de engolir estas palavras. Eu espero que um dia eu leia estas linhas e aprenda com o meu “eu” antes de ser mãe. Por isso, aqui deixo, de uma mulher sem filhos para as mães experientes, polivalentes e exaustas, as minhas reflexões para reler dentro de uns anos, quando também eu for mãe.
Quando tiveres filhos, não sejas esse tipo de mãe
1. Não sejas a mãe que está sempre agarrada ao telemóvel.
Se há coisa que me inquinita é uma mãe numa fila de espera com crianças, e a jogar/falar no telemóvel. Sim, é uma seca esperar… por isso, para os miúdos também é. Aproveita para conversar com eles, fazer jogos de mãos, aprender aquela música que cantam no colégio, ou ensinar-lhes um jogo qualquer. Treinem rimas, digam o nome dos países ou das cores ou de animais. Para cada idade um comportamento diferente. Aproveita os tempo mortos para conectar com os teus filhos.
2. Não sejas a mãe que entrega o telemóvel de mão beijada, só para sossegares a cabeça.
Claro que é na sequência da situação anterior: é tão mau uma mãe pôr-se a jogar deixando os filhos a olhar para o tecto, como entregar-lhes o telemóvel, para poder ficar a olhar para as unhas, sossegada.
3. Não sejas a mãe que promete e não cumpre
As crianças acreditam piamente no que as mães dizem. Se não consegues fazer qualquer coisa não prometas. As expectativas criadas pelas crianças são bastantes elevadas, e a desilusão torna-se muito grande. Eu que o diga.
4. Não sejas a mãe que exige demais dos filhos
As crianças, em primeiro lugar, precisam de ser crianças. Precisam de brincar, de fazer disparates, de rir de patetices, de sonhar, de vestir as calças ao contrário, e de entornar o copo de água ao jantar mais vezes do que aquilo que querias. Dá-lhes tempo. Quando crescerem nunca voltarão a ser crianças. Aproveita o agora.
5. Não sejas a mãe”Eu avisei-te!”
Tenta ser a mãe que previne de forma positiva e que consegue de facto evitar o acidente. Gritar “Pára de correr que vais cair” , entra a 100 e sai a 200 nos sensores de uma criança com a adrenalina a fervilhar. Experimenta ir ter com o teu filho e pará-o. Acalmá-lo. Explicar-lhe que se continua a correr pode cair e magoar-se. Ou então não digas nada. Deixa-o estar. Deixa-o correr. As crianças precisam de aprender quais os seus limites e para isso, por vezes têm de cair. Mas em qualquer uma das situações, diz-lhe que se cair estarás lá para o apoiar.
6. Não sejas a mãe que grita com os filhos por dá cá aquela palha
Todos temos maus dias. Mas vejo, muitas vezes, as mães a descarregarem nos filhos por tudo e por nada. Se chegam atrasados à escola, é porque ele demorou muito a vestir-se. Se te enganas no caminho quando vais no carro, é porque ele ia a conversar. Se não trouxeste o troco do café, é porque ele não parava quieto. Esquece, assume as culpas. Tu é que tens de acordar mais cedo; tu é que tens de pensar antes de arrancar com o carro e definir o caminho; Tu é que tens de levantar o troco do café independentemente de tudo! Tu, Tu e Tu. Ok, eles desestabilizam? Deal with it! Mas sem gritos.
7. Não sejas a mãe que avia 3 palmadas à criança para aliviar a tensão de cima dos ombros
Os filhos têm o condão de tirar as mães do sério. Mas tenta responder com atitudes positivas. Explica o bem e ensina-o a agir corretamente. As crianças aprendem através do exemplo, e mais facilmente com amor do que com palmadas. Dá uma chance aos abraços. Mesmo quando te apetece avançar para o disparate. Verás que a atitude deles será diferente e irá ao encontro da tua.
8. Não sejas a mãe que diz mal dos outros à frente dos filhos
Vais no elevador com a vizinha de cima, e a criança pergunta “Oh mãe, é esta a gorda que anda de saltos altos em casa?”
Cuscar e dizer mal à frente das crianças não só é um péssimo exemplo como é uma má jogada: os miúdos não têm filtros, e à primeira oportunidade vão falar onde não devem, criando situações, obviamente muito desagradáveis (Ver ponto 6. – A culpa é tua porque falaste demais)
9. Não sejas a mãe que ignora os filhos
Um coisa é criar crianças autónomas e dar-lhes espaço e ferramentas para tal. Outra coisa são as mães que no pretexto da sua atitude “prá frentex” de deixar que a criança faça tudo sozinha, se acomodam numa maternidade preguiçosa. Se a criança pede ajuda para colorir o desenho ou acabar de montar o Lego, dá-lhe atenção. Mesmo quando sabes que eles conseguem concluir a tarefa sozinhos. Muitas vezes estão cansados e precisam de atenção. Dá-lhes essa atenção.
10. Não sejas a mãe que não tem tempo para os filhos.
Os teus filhos precisam de ti. Não é dos avós, da professora, dos carros de bombeiro e das bicicletas. Não é das viagens, dos chocolates do aeroporto, nem dos passeios de barco ou mota de água. É dos pais. Eu sei que também precisas de ti e mereces esse tempo. Para sair com amigos, ir ao cinema, aos concertos e beber um copo.
Precisas disso para estar bem, e se estiveres bem terás mais disponibilidade emocional para os miúdos. Mas podes fazer tudo isso e conversar diariamente com os teus filhos, apoia-los incondicionalmente, beijá-los de manhã e à noite, confortá-los sempre que preciso, e dizer-lhes que os amas até ao fim dos teus dias.
Se não, corres o risco de amanhã acordar e teres um desconhecido de 14 anos dentro de casa.
Por isso, lembra-te:
de alguém que não tem filhos e ainda vive muito o papel de filha; de uma tia que ama os seus sobrinhos como se não fosse possível gostar de alguém mais que isto, não sejas a mãe que acaba de ler isto e desvaloriza cada palavra porque eu ainda não tenho filhos.
Faz um pequeno exercício: conta quantas das alíneas anteriores correspondem às tuas atitudes com os teus filhos, e faz o balanço.
E quando eu tiver os meus filhos, espero que haja alguém de fora que me de um abanão sempre que for preciso, e me digam: não sejas “A mãe que…nunca quiseste ser”
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3 comentários
Eu tenho 3. Antes de ter filhos, tinha demasiadas exigências e expetativas relativamente ao meu papel enquanto mãe. Sabia tudo o que ia e não ia fazer. Quando nasceram, tudo mudou. Porque tudo muda. E damos por nós a fazer coisas que jurámos a pés juntos que jamais iríamos fazer. Mas há um ponto, para mim fundamental neste texto – fantástico – que é a última frase. Se não dermos de nós e não estivermos com eles, quando chegarem aos 14, seremos uns estranhos um para o outro. A minha filha mais velha tem 16 anos. E somos as melhores amigas, nunca esquecendo que sou a mãe e ela a filha. Todo o tempo ” investido”, foi a melhor coisa que fiz. E com os mais novos, não é diferente. Precisamos ESTAR com eles. CONVERSAR com eles. OUVIR o que têm para dizer. Mas não é só. É preciso RETRIBUIR. Eles também gostam de ouvir como foi o nosso dia. OPINAR acerca dele e OFERECER os seus conselhos para nos ajudar a resolver os nossos temas. Não somos mães perfeitas. Eles sabem. Mas sabem também que os amamos incondicionalmente 🙂
Parabéns Sónia! Estão aí algumas palavras “chave” para conseguir essa relação mãe/filha(o)! 😀
Adorei! Sempre pensei assim e agora que sou mãe de um com 6 e outro com 3, faço realmente estas coisas. Mas fazemos mais: evitamos locais stressantes. Centros comerciais só quando estritamente necessário e um vai às compras enquanto o outro fica no espaço de brincadeira. E resulta? Sim, com orgulho digo que sim. Exemplo: o mais velho adora brincar no espaço da IKEA porque é raro lá ir. Chegámos e não havia vaga… “Não faz mal mamã, vou contigo e vai ser divertido na mesma!” Depois das compras em modo expresso, perguntei-lhe se queria ir brincar um bocadinho se houvesse lugar. E ficámos mais 45 minutos para ele poder concretizar as expectativas. Claro que há dias maus, que há dias em que nada do que se faça os realiza e estão mesmo para “embirrar”… É, acontece, aliás, com os adultos também! So… 😉